segunda-feira, 28 de maio de 2018

ARCO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA






Informações de Joscel Vasconcelos

Situado no Boulevard Pedro I, hoje Av. Dr. Guarany, o Arco de Nossa Senhora de Fátima é um dos monumentos que mais caracterizam a Cidade.

No local, existia o Cruzeiro das Almas, erguido por iniciativa do missionário Frei Vidal da Penha, como símbolo de fé, na sua passagem por Sobral, no final do século XVIHaroldo Braga O Arco de Fátima representa o símbol principal de Sobral; O Cristo Redentor tbm, mas como se localiza em uma área rodeada por pobreza vive abandonado. Caro Jocel, por favor, faça um matéria sobre o nosso Cristo Redentor Sobralense!
II.

Frei Vidal de Fraccardo veio do Convento da Penha, de Recife, para Sobral em 1797, para pregar Missões, tendo incentivado os fiéis a construir a Igreja de Nossa Senhora das Dores.

A Cruz das Almas foi demolida em 1929 pelo Prefeito José Jácome de Oliveira.
Por iniciativa de Dom José, o Arco de Nossa Senhora de Fátima foi construído em 1953, na administração do Prefeito Antônio Frota como marco da visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Brasil, tendo Sobral como ponto de visitação.

Projetado por Falb Rangel, o Arco de Nossa Senhora de Fátima foi executado pelo engenheiro construtor Valdemar Washington, ficando para o sobralense Francisco Frutuoso do Vale a autoria da imagem de Nossa Senhora que o encima.Na construção foram utilizados 93 mil tijolos.

Não obstante o somatório de anos que marca a sua existência, o Arco sobralense ainda é chamado por alguns de “Arco do Triunfo”, por sua ligeira aparência com o monumento francês.




domingo, 29 de abril de 2018

PRAÇA DO TEATRO SÃO JOÃO




Antes da construção das duas alas da avenida que compõem hoje, o povo fazia footing no espaço compreendido do começo da rampa do Boulevard Dom Pedro II. (hoje Av. Dr. Guarany) até próximo a casa à esquina da casa da D. Nana Figueiredo. Não existia calçamento no local. Mesmo assim o movimento era acentuado, mormente às quintas, sábados e domingos e em noite de luar.

A construção da ala que fica ao lado da igreja Menino Deus antecedeu a da outra que fica em frente ao teatro. Aquela se tornou imediatamente o ponto de afluência da população, muito especialmente por ocasião do novenário natalino. 

A outra ala ficou por muito tempo desativada e protegida por uma cerca de arame farpado. O povo pedia ao prefeito que concluísse logo a construção dessa Segunda fase, não só por ser de interesse urbano, mas, sobretudo, por exigência dos frequentadores do cine-teatro São João. 

Felizmente a prefeitura atendeu aos anseios da população, e, tão logo foi inaugurada a ala, a elite elegeu-a como privativa, ficando a outra destinada a empregadas domesticas e outras classes modestas, numa discriminação social feita natural e pacificamente, sem controvérsia.

Em 1939, toda a movimentação daquelas noites agradáveis, era animada pelo serviço de som, então já em pleno funcionamento, da Coluna Rádio Imperator, do Sr. Falb Rangel. As 18 hs. a Imperator dava inicio a sua programação, tocando uma marcha característica, e em seguida eram anunciados os filmes do dia. Logo em seguida ouviam-se as mais belas musicas do cancioneiro nacional.

Quando havia novena nas igrejas circunvizinhas, logo que estas terminavam o pessoal jovem dirigia-se para a Praça São João e ia voltear na avenida que fica em frente ao teatro. 

O local era designado pela sociedade para a pratica de uma atividade lúcida tão antiga quanto a própria humanidade: a paquera. Flertava-se de duas maneiras: ou se ficava parado aguardando a passagem da preferida, ou então se ia também passear, mas no sentido contrário, porque a cada volta o paquerante se encontrava duas vezes. Quando o flerte já estava consolidado, o casal procurava a ponta do passeio que termina em triângulo, apontando para o palácio do Bispo (hoje o Museu Diocesano), onde havia menos gente e a luz era mais discreta. Depois que o namoro já estava oficializado, o par ia dar voltas na outra parte da avenida e sentava-se num dos bancos ali existentes.

Terminada a sessão de cinema das seis horas, a avenida tomava um novo alento. As pessoas mais idosas que se encontravam nos bancos da avenida dirigiam-se para o Cine São João, a fim de assistirem a sessão das 7h30min.. Um dos bancos constituía uma verdadeira cadeira cativa. Era o que ficava em frente ao teatro. Ocupavam-no, Euripedes Ferreira Gomes, Hércilio Lopes, Ataliba Barreto, Waldemar Lira, Antônio Lima, Raul Monte e outros.

As nove horas o serviço de alto-falante da Rádio Imperator encerrava a sua programação do dia irradiando “The stars and stripes forever”(as estrelas e faixas sempre, quer dizer, a bandeira dos Estados Unidos, conhecidíssima marcha militar de Jonh Phillip). Aos primeiros acordes da marcha, o povo começava a abandonar a avenida sem esperar o fim da característica musical. Nesta ocasião dizia-se que havia “soltado a onça”.

Quem descia a Rua Senador Paula (hoje Av. Dom José), chegando ao sobrado do sr. Radier Frota, tinha de descer a calçada, já que ela estava tomada por uma famosa rodinha de jovens comandado por Safira Frota, onde se comentavam a vida social da cidade, brigas de namorados e outros assuntos naturais da juventude da alta roda sobralense. Aquelas reuniões foram desfrutadas por muito tempo, adquirindo foros de tradição.

As pessoas adictas a leitura de jornais iam esperar o ônibus na Agência Vicente Bento, para adquiri-los. No lado direito da porta de entrada do cinema havia um modesto cafezinho. Era uma saleta cortada ao meio por um tosco balcão e semi-escurecida por uma fraca lâmpada elétrica presa a um fio engrossado por excrementos de moscas. A parte de fora, obviamente, era destinada a clientela; a outra era ocupada pela administração. A direita, um fogareiro sempre aceso, um conjunto de prateleiras onde estavam algumas carteiras de cigarros “Yolanda” e “Odalisca”, vendidas respectivamente a R$ $ 400 e R$ 1$000 (quatrocentos e mil Réis, receptivamente), o material necessário a feitura do café e uma caixa de fósforos. Do lado esquerdo havia um enorme pote de água cujas paredes externas já apresentavam sinais visíveis de lodo, guardados por dois rotundos e sonolentos cururus. Dali saia a água para o serviço e para os clientes. Era retirada por meio de uma caneca de folha de flandres, de bordos circundados por agressivos dentes, para evitar que algum freguês pouco afeito a higiene tentasse beber diretamente nela. Dotada de comprido cabo do mesmo material, para permitir que a água fosse retirada com mais facilidade, era cuidadosamente pendurada num prego ficando pouco acima do pote, avista do freguês, a certifica-lo do principio da higiene. Pregada na parede da direita, havia uma tabuleta contendo os nomes dos devedores relapsos, a quem a casa não mais servia, a não ser que resgatasse a divida.

Após o cinema, o pequeno espaço ficava superlotado por pessoas a espera de que lhe fosse servido o famoso cafezinho, uns deliciosos tijolinhos de leite, lingüiça com farofa, paçoca com arroz, avoante e um delicioso bate-bate de maracujá – as especialidades da casa.

Era seu proprietário Antônio Urias, conhecido como “Buchinho”, de estrutura baixa e excessivamente neurastênico. Alguns clientes gostavam de vê-lo irritado. No fim do expediente, “Buchinho”, já tendo ingerido várias doses de pinga, não tolerava que pedissem um tijolinho de leite acompanhado de um copo de água. Um certo cliente habitual fazia-o freqüentemente.

· “Pé-de-Grelha” (era o ajudante), baixa um tijolinho de leite e um copo d’água!
Satisfeito, o freguês começava a roê-lo demoradamente. E haja água, “Buchinho” continha-se a duras penas. Mas um dia explodiu de si para si: ”Ah, fi duma égua pra beber água!!!”.

Num belo dia chegou o freguês hidrófilo e fez o tradicional pedido. “Buchinho” não se conteve: mandou “Pé-de-Grelha” servir o tijolinho acompanhado logo de 10 copos d’água.