Antonio Rodrigues Magalhães era oriundo do Rio Grande do Norte e foi o primeiro Magalhães a se instalar na região. Chegou à Ribeira do Acaraú em 1720, onde obteve a posse de várias porções de terra, tornando-se homem influente e rico. Suas fazendas eram situadas em “Macacos” e “Caiçara”. Residia na fazenda Macacos, cuja casa sede existiu até o ano de 1860, na cidade de Sobral. A casa situava-se à Rua do Oriente, fazendo esquina com a Rua Umariseira, do lado nascente, com seus alpendres na frente e ao lado, e o indispensável curral para reunir o gado.Em 04/03/1742, o Padre Lino Gomes Correia, em visita canônica e procedente de Pernambuco, numa parada para descanso na fazenda Caiçara, escolheu a Fazenda Caiçara, berço de Sobral, para sede do Curato de Nossa Senhora da Conceição do Acaraú.
Não foi difícil conseguir o terreno para a igreja, pois o Capitão Antonio Rodrigues Magalhães, proprietário da fazenda da Caiçara, prontificou-se a cedê-lo de boa vontade e com isso foi autorizada a construção da Matriz, o que motivou o desenvolvimento da povoação Caiçara, se tornando o centro religioso de todo o Vale. Ponto convergente e polo de atração, a Caiçara pôde concentrar em si todas as potencialidades nascentes da civilização e cultura que começava a ser implantada em todo o Vale do Acaraú. Daí surgiu a cidade de Sobral.
Descendência
Antonio Rodrigues Magalhães, nascido em 05/06/1702 (2ª feira), em Natal dos Reis Magos, Rio Grande do Norte, era filho de Luiz de Oliveira Magalhães, natural de Sergipe d’El Rei, e de Isabel Rodrigues, natural do Rio Grande do Norte.
O Capitão Antonio Rodrigues Magalhães era um homem abastado, temente a Deus e solidário, preocupado com bem estar dos outros. Foi um homem simples que cuidava pessoalmente de seus rebanhos e dos afazeres da fazenda.
Em 1738, Antonio Rodrigues Magalhães contraiu núpcias com Quitéria Marques de Jesus, natural de Siupé, litoral do Ceará, filha do Sargento-mor Francisco Marques da Costa e de Apolônia da Costa natural da Vila da Fortaleza.
Do enlace nasceram oito filhos:
1. Tereza Maria de Jesus, batizada no Siupé a 06/01/1739, casou-se duas vezes. A primeira com Francisco de Castro e Silva. A segunda, em 22/11/1756, com Antonio Ribeiro Lima, filho de Francisco de Lima e Justa Ribeiro Fonseca. Tereza faleceu a 08/06/1770;
2. Ana Maria de Jesus, batizada no Siupé a17/06/1741 e casada em 25/07/1757, com o português Vicente Lopes Freire, filho de Vicente Freire e Francisca Lopes, portugueses. Vicente Lopes Freire tornou-se fazendeiro na Ribeira do Acaraú. Era pai do primeiro sacerdote de Sobral Miguel Lopes Freire. Faleceu a 04/08/1776;
3. Antonio Matias Magalhães, nascido em 1742, casado a 07/01/1766 com sua prima legítima Teresa de Oliveira, nascida em 16/05/1746, filha do sargento-mor João Pinto de Mesquita e Teresa de Oliveira;
4. Francisca Xavier, batizada no Siupé a 11/09/1744, casada em 21/11/1755 com João Gonçalves Ferreira, português, filho de João Gonçalves e Joana Rodrigues, natural de Ferreira, freguesia de São Miguel, do Bispado de Coimbra. Francisca Xavier faleceu a 31/03/1797;
5. Manoel Rodrigues Magalhães, batizado no Siupé a 25/09/1746, casado a 13/07/1763 com Jacinta Tavares de Freitas, filha de Cipriano Rodrigues Tavares e Ana de Freitas;
6. Inácia Maria do Nascimento, nascida em 1748, casada em 17/11/1763 (5ª feira) com Antonio do Espírito Santo de Oliveira Barcelos, natural de Pernambuco, filho de João de Oliveira Barcelos e Rosa Maria Barcelos.
Este casal residiu em Sobral até 1780 quando se transferiu para Viçosa do Ceará. Deixou sete filhos.
Antonio do Espírito Santo de Oliveira Barcelos foi tabelião e escrivão da Câmara daquela cidade da Serra da Ibiapaba, onde faleceu em 1799.
Inácia era trisavó de João Porphírio Magalhães (principal foco deste trabalho), portanto o elo com Antonio Rodrigues Magalhães.
7. Isabel Maria José, nascida 1750, casada a 23/09/1789 com Antonio Domingos Inácio, filho de Francisco de Sousa Matos e Silvéria Gomes de Melo;
8. Bárbara Maria de Jesus, batizada na Matriz da Caiçara a 07/01/1755 e casada em 09/09/1776, com Antonio José Marinho, filho de João Machado do Rego e de Maria Francisca, de Porto Calvo. Bárbara faleceu a 28/07/1798 e Antonio José Marinho faleceu, de repente, em 14/03/1780.
Em 03/06/1757, o Capitão Antonio Rodrigues Magalhães, em viagem à sua fazenda Pindá, situada na ribeira do Canindé, no sertão, ele foi vítima de uma queda de cavalo, em lugar ermo e deserto, falecendo em seguida, aos 55 anos. Sua esposa, Dona Quitéria Marques de Jesus sobreviveu ainda dois anos, vindo a falecer em Sobral, a 31/08/1759 (6ªfeira), aos 50 anos, sepultando-se na Matriz.
O entrelaçamento com os Fontenele
O entrelaçamento de dois filhos de Antonio do Espírito Santo de Oliveira Barcelos, (trisavô de João Porphirio Magalhães) netos de Antonio Rodrigues Magalhães, fundador de Sobral, com dois filhos de Jean Fontenele, residentes na Ibiapaba, deu lugar a um rápido crescimento do ramo Magalhães Fontenele. Conforme a seguir:
O sargento-mor Felipe Benício Fontenele, primeiro filho do francês Jean Fontenele, casou-se com Tereza do Espírito Santo Magalhães (neta de Antonio Rodrigues Magalhães), casamento realizado em 1788. O casal teve 15 filhos. Tereza faleceu a 25/06/1814;
Inácio João de Barcelos, filho de Antonio do Espírito Santo Magalhães (neto de Antonio Rodrigues Magalhães), casou-se com Rosa Maria Fontenele, segunda filha do francês Jean Fontenele, de onde nasceram 9 filhos.
Vicente do Espírito Santo Magalhães (bisneto de Antonio Rodrigues Magalhães), comandante e Sargento-mor da Vila de Viçosa e casado com Maria Cassiana Fontenele, filha do Cel. João Damasceno Fontenele (sexto filho do francês Jean Fontenele), teve 15 filhos. Dentre estes, registramos: Vicente do Espírito Santo Magalhães Filho, que substituiu o pai no comando do Batalhão em Viçosa do Ceará.
Toda essa descendência fixou residência nas férteis terras da Serra da Ibiapaba e sertões adjacentes. Principalmente em Viçosa do Ceará.