sexta-feira, 26 de março de 2021

Escola de Música de Sobral homenageia José Wilson Brasil

 


Discurso do Maestro José Wilson Brasil, por ocasião da comemoração dos dois 
anos da Escola de Música de Sobral, que passou a ter seu nome.

"A oficina intelectual está desprovida de fazer um discursos em uma solenidade tão grande e tão nobre como esta. Quero agradecer ao prefeito, ao povo de Sobral à imprensa e todos quanto tiveram esse gesto nobre para comigo. O que eu fiz foi muito pouco, mas foi de boa vontade, porque na Banda de Música de Sobral, em 1935, esboçou-se um movimento de esfriação, pela prefeitura, isso pelo ilustre sobralense, Vicente Antenor Ferreira Gomes, prefeito à época. O maestro José Pedro, mesmo cansado de sua luta, aceitou absorver a Euterpe Sobralense. No dia de São Pedro, 29 de junho de 1935, fez uma retreta na avenidinha chamada, naquele tempo, a Praça Monsenhor Linhares. Depois da retreta os músicos saíram tocando como que em serenata, sem a bateria, a valsa “Separação Cruel”.


"Eu tive a felicidade de acompanhar tudo isso. Não sabia eu que seria o último dia da Euterpe. Em chegando à casa do maestro, ele fez entrar os músicos, sentar, e disse a todos que daquele dia em diante estava destituída a Euterpe. Eu assisti a tudo isso. Depois veio a ideia do coronel Antenor Ferreira Gomes, da Banda de Música, que foi inaugurada no dia 26 de julho de 1936, às 9h, na Praça da Igreja da Sé, tendo como maestro Acrísio Ferreira da Silva, que na oportunidade regeu um dobrado de sua autoria. Assim ficou criada a Banda de Música da Prefeitura, da qual eu tenho a honra de ser um dos fundadores", historiou o maestro.

De acordo com a narrativa de Dom José, em seu livro A História de Sobral, a Euterpe Sobralense foi fundada pelos sobralenses: coronel Diogo Parente, José Inácio Alves Parente e Dr. Alfredo de Andrade, todos do Partido Conservador e inimigos políticos do diretor da Banda de Música da época, Zacarias Tomaz da Costa Gondim, A Euterpe, criada por volta de 1888, tendo  diretor Antonio Fortunato Mouta e dirigida por José d’Alcântara, passou ao comando do maestro José Pedro em janeiro de 1900, que de acordo com o maestro José Wilson, ficou no cargo até 1935, quando encerrou as atividades da Euterpe.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Entrevista: Daniel Kennefick: A importância de Sobral

 




Astrofísico e historiador da ciência diz que, sem a observação do fenômeno na cidade cearense, os resultados de 1919 provavelmente teriam sido inconclusivos

No início dos anos 2000, o astrofísico e historiador da ciência irlandês Daniel Kennefick, hoje na Universidade de Arkansas, juntou-se à equipe do Einstein Papers Project, uma enorme empreitada iniciada em 1986 e em andamento até hoje, coordenada por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) que envolve a publicação comentada de milhares de escritos, científicos ou não, como cartas e outros documentos, redigidos por Albert Einstein (1879-1955). Ele entrou no projeto quando estavam editando o volume referente a 1919, ano do eclipse solar total que forneceu a primeira prova experimental de que a teoria geral da relatividade estava correta. Ao conhecer os documentos da época, percebeu que, de vez em quando, algum autor fazia uma alegação que já ouvira antes, mas à qual não dera muita atenção. O astrônomo britânico Arthur Eddington (1882-1944), que coordenou uma das duas expedições britânicas que observou o fenômeno celeste (a da ilha do Príncipe, na África), seria um grande defensor das ideias de Einstein e, por isso, teria favorecido deliberadamente a interpretação de que a luz das estrelas se curva, de acordo com os cálculos da teoria da relatividade, e não como previra a teoria da gravidade de Newton.

Kennefick se interessou por essa questão e, ao lado de seu trabalho como físico teórico da área de ondas gravitacionais, resolveu pesquisá-la a fundo. Nos últimos anos, visitou arquivos britânicos, para consultar escritos e cartas da época. O resultado desse trabalho está no livro No shadow of a doubt: The 1919 eclipse that confirmed Einstein’s theory of relativity, que será lançado em inglês pela editora da Universidade de Princeton no final de abril. Nesta entrevista, o astrofísico conta detalhes das duas expedições, refuta a tese de que Eddington favoreceu Einstein e assinala que, sem os dados de Sobral, o eclipse de 1919 não teria sido útil para confirmar as previsões da relatividade geral.

Por que a atuação de Eddington na análise dos dados do eclipse de 1919 ainda gera alguma controvérsia, sobretudo em círculos acadêmicos?

Eddington era defensor da teoria da relatividade no Reino Unido e acabou se tornando o cientista mais famoso associado à observação do eclipse de 1919. Alguns astrofísicos e historiadores dão a entender que ele teria deliberadamente favorecido as ideias de Einstein ao analisar os dados do eclipse. Felizmente, esse tipo de alegação não ganhou muito espaço entre o público não especializado. Mas no site da loja virtual Amazon é possível ler comentários de leitores leigos sobre algumas obras que reiteram esse tipo de crítica a Eddington. Além disso, de forma injusta, o papel de Frank Dyson [1868-1939], que era o astrônomo real do Reino Unido e foi o principal organizador das expedições, tem sido negligenciado. Eddington não esteve envolvido de maneira alguma com os dados de Sobral. Além de não ter estado no Brasil, e, portanto, não ter participado da produção desses registros, ele não fez a análise dos dados dessa expedição. Isso esteve a cargo de pessoas do Observatório de Greenwich, basicamente Dyson, que era o diretor, e seus subordinados.

É correto dizer que as duas expedições britânicas, a de Sobral e a da ilha do Príncipe, atuaram de forma independente, ainda que coordenada?

Sim, Dyson e Eddington se davam bem, tinham uma relação amigável. Por um tempo, antes de 1919, Dyson foi chefe de Eddington quando este trabalhou no Observatório de Greenwich. Ambos sabiam da importância do eclipse de 1919. Eles organizaram os trabalhos, mas as expedições atuaram de forma separada. Em 1919, cada um deles era diretor de um observatório inglês: Dyson, de Greenwich, e Eddington, do observatório da Universidade de Cambridge. Estavam em posições que permitiam ter expedições próprias. Dyson não viajou com sua expedição a Sobral, mandou dois assistentes. Eddington participou da expedição à ilha do Príncipe. Como seus assistentes tinham morrido na Primeira Guerra Mundial, levou também um fabricante de relógios que trabalhava nos instrumentos do laboratório.

As expedições posteriores não conseguiram melhorar de forma significativa a precisão das medidas de 1919

Por que Dyson não participou de nenhuma das expedições?

Ele nunca disse por que não participou, mas há duas explicações prováveis. A razão mais provável é que houve uma reunião muito importante no verão de 1919 que fundou a União Astronômica Internacional, que até hoje é a principal organização internacional de astrônomos. Ele participou da reunião e se tornou um dos principais líderes da área. Dyson queria estar nesse encontro. Além disso, havia pouca gente no observatório de Greenwich, em razão da guerra de 1914-1918, e ele achava que não poderia se ausentar. Provavelmente foi uma combinação dos dois motivos.

As razões alegadas para descartar os dados do telescópio maior usado em Sobral são razoáveis?

Acho que sim. Não é verdade que eles só descartaram os dados desse telescópio depois de terem obtido um resultado para a deflexão da luz que não batia com a teoria de Einstein. Consultei as anotações de Davidson, assistente de Dyson que esteve em Sobral. Elas foram feitas um ou dois dias depois do eclipse. Davidson dizia que tinham revelado as placas do telescópio maior e que elas pareciam horríveis, que não conseguiriam extrair muita informação delas. Logo de cara, eles sabiam que algo tinha dado errado nas observações com esse instrumento. Ficaram desapontados e essa situação serviu de base para a tomada de decisão, mais tarde, de descartar essas medições.

Luiz Queiroz    Vista aérea do Museu do Eclipse, em Sobral, inaugurado em maio de 1999 e fechado desde 2014Luiz Queiroz  

E os dados obtidos na ilha do Príncipe? Qual o peso deles no veredicto final?

Esses dados foram usados, mas não eram considerados bons. Nesse caso, o problema não se deveu ao mau funcionamento do telescópio, mas à presença de nuvens no momento do eclipse. Eles não teriam conseguido fazer nenhuma afirmação de maior impacto se contassem apenas com os dados de Príncipe. Sem Sobral, não teriam conseguido chegar a uma conclusão.

O fato de Eddington ter ido para Príncipe, e não para Sobral, pode ser interpretado como um indício de que a expedição para a África era vista como mais importante do que a de Sobral?

Os britânicos tinham medo do mau tempo. Por isso, pensaram em ir a dois lugares para minimizar esse risco. Assim aumentariam a chance de sucesso da empreitada. Acho que basicamente foi isso que os levou a escolher dois lugares. Eles provavelmente viriam para o Brasil de qualquer jeito. Eles tiveram problemas em encontrar um lugar para observar o eclipse na África. A maior parte do continente em que o eclipse seria visível estava na floresta do Congo, inacessível para eles. Em 1912, Eddington tinha observado um eclipse no Brasil. Sobral era um dos poucos lugares na rota visível do eclipse que tinha clima relativamente seco – e isso aumentava a chance de experimentarem bom tempo lá.

Por que os dados do eclipse de 1919 demoraram anos para ser totalmente aceitos pelos cientistas?

Não diria que outros cientistas, sobretudo os astrônomos, não acreditassem nos dados, penso que eles achavam que as medições tinham de ser confirmadas por outros registros. É um comportamento típico da ciência, que não deve simplesmente aceitar a palavra de alguém sobre algo. Em circunstâncias normais, os cientistas tentam reproduzir imediatamente um resultado que seja muito importante. Mas, no caso da teoria de Einstein, era preciso esperar pela ocorrência de outro eclipse para tentar fazer isso. Essa particularidade torna essa situação especial. Foi preciso esperar anos para tentar fazer novas medições. Isso acrescentou uma certa dramaticidade à situação. Apesar de terem confirmado os dados de Dyson e Eddington, as expedições posteriores não conseguiram melhorar de forma significativa a precisão das medidas.

Einstein realmente não interferiu nas conclusões finais de Dyson e Eddington?

Ele não se comunicou com nenhum dos astrônomos ingleses, nem mesmo com Eddington, que mais tarde veio a conhecer razoavelmente bem. Pelos meios de comunicação, Einstein sabia que os britânicos tinham saído em uma expedição para tentar provar sua teoria. Einstein não era astrônomo, nunca se envolveu nesse tipo de medida. Mas ele estimulava as pessoas a tocarem esse tipo de empreendimento e até ajudou a levantar dinheiro para uma expedição alemã antes de 1919.

Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos …e Dyson: os britânicos coordenadores das expedições para a ilha do Príncipe e SobralBiblioteca do Congresso dos Estados Unidos

O que você viu de interessante nos arquivos britânicos das expedições?

Vi cartas que Eddington mandou para a casa de sua mãe, anotações das reuniões do comitê que organizou as expedições. Mas o mais importante foi ter tido acesso à análise dos dados produzida pelo time de Dyson. Eles mantiveram registros dos dados e dos seus cálculos. Assim, pude ver como eles fizeram as análises e chegaram a sua importante conclusão de rejeitar os dados do telescópio maior usado em Sobral.

Esse tipo de dado não estava disponível para a expedição de Eddington à ilha do Príncipe?

Infelizmente, por alguma razão que desconheço, nenhum dado dessa expedição sobreviveu. As placas fotográficas foram perdidas. Falei com muitos arquivistas e ninguém sabe dizer o que aconteceu. A perda deve ter ocorrido há mais de 50 anos. As placas de Sobral sobreviveram e foram usadas em uma reanálise dos dados do eclipse feita por outros pesquisadores em 1979. Mas eu nunca as vi. Falei com alguns astrônomos sobre isso. Eles dizem que, depois de 1979, as placas de Sobral teriam sido mudadas de lugar e ninguém sabia dizer onde exatamente estão. Devem estar no meio de outras placas.


Quando a Luz se Curvou

 


Observação do eclipse solar de 1919 no Brasil e na África forneceu primeira prova experimental da validade da teoria da relatividade de Albert Einstein

Nenhum eclipse solar teve tanta repercussão na história da ciência como o de 29 de maio de 1919, fotografado e analisado ao mesmo tempo por duas equipes de astrônomos britânicos. Uma delas foi enviada à cidade de Sobral, no interior do Ceará; a outra, à ilha do Príncipe, então um território português na costa da África Ocidental. O objetivo era verificar se a trajetória da luz das estrelas seria desviada ao passar por uma região com forte campo gravitacional, no caso o entorno do Sol, e de quanto seria essa mudança caso o fenômeno fosse medido. Salvo alguma surpresa, as expedições trabalhavam com três resultados possíveis: a luz não mudaria de trajetória por causa da gravidade; sua deflexão seria conforme cálculos feitos por outros físicos a partir da teoria da gravitação universal do britânico Isaac Newton (1643-1727); seu desvio seria de acordo com as previsões do físico alemão Albert Einstein (1879-1955) na teoria geral da relatividade, um valor de aproximadamente o dobro obtido pelos seguidores de Newton. Seis meses mais tarde, fotos e cálculos divulgados pelos britânicos sobre o fenômeno deram razão a Einstein.

O empreendimento é considerado a primeira comprovação experimental da teoria da relatividade geral, publicada quatro anos antes por Einstein, segundo a qual matéria e energia distorceriam a malha do espaço-tempo e, consequentemente, a trajetória da luz que por ela viaja. Ao dar suporte às ideias de espaço-tempo curvo de Einstein, os resultados das observações do eclipse mudaram a concepção que se tinha sobre o Universo. Essa comprovação também ajudou a transformar o físico alemão em um dos mais respeitados e conhecidos cientistas do século XX.

Passados 100 anos do eclipse, é consenso na comunidade científica que a relatividade geral prevê de forma mais acurada a mudança de trajetória (deflexão) da luz das estrelas do que os cálculos feitos a partir da teoria da gravidade newtoniana. No entanto, durante décadas, astrofísicos, físicos e historiadores da ciência debateram se os dados obtidos nas observações de 1919 eram suficientemente robustos para endossar as ideias de Einstein, como, de fato, ocorreu. Alguns críticos argumentaram que as medições não teriam sido precisas o bastante para decidir qual das duas teorias estava certa; outros, que o astrônomo britânico Arthur Stanley Eddington (1882–1944), diretor do Observatório da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e chefe da expedição enviada para observar o eclipse na ilha do Príncipe, teria deliberadamente descartado dados favoráveis à teoria de Newton produzidos em Sobral. “Eddington era um entusiasta das ideias de Einstein e estava ansioso para fazer um gesto em direção à reconciliação entre o Reino Unido e a Alemanha após o fim da Primeira Guerra Mundial [1914-1918] por meio da verificação experimental de sua teoria”, destaca o físico Luiz Nunes de Oliveira, do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP). “Mas não há evidências de que houve manipulação dos dados.”

O astrofísico e historiador da ciência irlandês Daniel Kennefick, da Universidade de Arkansas, nos Estados Unidos, também refuta as alegações de que Eddington teria forçado a mão em favor de Einstein. “Além de não ter estado em Sobral e, portanto, não ter participado da produção dos registros, Eddington não se envolveu na análise dos dados dessa expedição. Isso foi feito por Frank Dyson [1868-1939] e seus subordinados no Observatório de Greenwich, em Londres”, argumenta Kennefick, que está lançando um livro sobre os 100 anos do eclipse (ver entrevista).

Uma região do céu com estrelas, que os astrônomos chamam de campo estelar, muda de posição continuamente. Mas a posição relativa entre suas estrelas é sempre igual em uma escala de tempo pequena, em geral de meses. “Se tirarmos uma foto hoje e outra daqui a três meses, as estrelas de um mesmo campo se superpõem perfeitamente”, explica o astrônomo Augusto Damineli, da USP. “Mas, no caso de um eclipse solar, a luz das estrelas aparece ligeiramente deslocada em relação à foto desse mesmo campo tirada à noite sem a presença do Sol. Quanto mais perto do Sol está uma estrela, maior é o entortamento da trajetória de sua luz durante o eclipse.” Era esse efeito, então previsto, mas ainda não observado experimentalmente, que as expedições britânicas conseguiram confirmar.

No livro Opticks, cuja primeira edição é de 1704, Newton afirma que a trajetória da luz deveria ser entortada pela gravidade, mas não calculou de quanto seria esse desvio. Para ele, a gravidade seria uma força que atuaria entre a matéria de forma proporcional à massa dos corpos e inversamente proporcional ao quadrado de sua distância. Nessa época, a natureza da luz era desconhecida. Duas hipóteses coexistiam: a de que ela seria constituída de corpúsculos (partículas) ou a de que seria um tipo de onda. Partindo da premissa de que a luz era corpuscular, mesmo sem conhecer a sua massa, o britânico John Michell (1724-1793) e o francês Pierre-Simon Laplace (1749-1827) calcularam, de forma independente, os efeitos da gravidade sobre a luz no final do século XVIII. Ao longo do século XIX ficou estabelecido que a luz era uma onda de natureza eletromagnética. “Depois de a luz ter sido considerada um tipo de onda, passou a ser completamente incerto se ela sofreria qualquer efeito da gravidade, pois, nesse caso, ela não seria matéria”, comenta Daniel Vanzella, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. “Essa questão ficou em aberto por mais de 100 anos.”

Einstein começou a se tornar conhecido dentro da comunidade científica ao introduzir em 1905 uma visão nova em relação à noção de espaço e tempo. “Com a publicação da chamada teoria da relatividade especial, espaço e tempo deixaram de ser entendidos como absolutos”, explica o astrônomo Reinaldo Ramos de Carvalho, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP). Segundo o físico alemão, o espaço poderia se deformar, encolher e colapsar, formando buracos negros, enquanto o tempo poderia se dilatar. No entanto, essa versão incompleta de sua teoria ainda dava o mesmo resultado que a gravitação newtoniana para a questão da deflexão da luz: 0,87 segundo de arco. Somente depois de publicar a teoria da relatividade geral em 1915, Einstein deu um passo além.

Ele introduziu a ideia de que a gravidade não era uma força trocada entre a matéria, como dizia Newton, mas uma espécie de efeito colateral de uma propriedade da energia: a de deformar o espaço-tempo e tudo o que se propaga sobre ele, inclusive ondas, como a luz. “Para Newton, o espaço era plano. Para Einstein, com a relatividade geral, ele é curvo perto de corpos com grande energia ou massa”, comenta o físico George Matsas, do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp). Com o espaço-tempo curvo, o valor da deflexão da luz calculada por Einstein praticamente dobrou, atingindo 1,75 segundo de arco.

Sobral no mapa do mundo

Depois da publicação da relatividade geral, astrônomos de diferentes países engajaram-se para tentar detectar esse fenômeno por meio da observação de eclipses solares totais. Nesses casos, seria possível fotografar estrelas próximas à coroa solar e, assim, verificar se sua luz mudava de posição em razão da proximidade do grande astro. No entanto, seja por causa do mau tempo ou das dificuldades impostas pela Primeira Guerra Mundial, ninguém conseguiu obter resultados que comprovassem as ideias de Einstein até o eclipse de 1919 (ver linha do tempo).

Em meados de 1918, pesquisadores brasileiros do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, cientes da ocorrência de um eclipse no ano seguinte, verificaram que a pacata cidade de Sobral, a 200 quilômetros de Fortaleza, reunia condições geográficas bastante favoráveis para a observação do fenômeno. Com isso em mente, o astrônomo Henrique Charles Morize (1860-1930), diretor da instituição, elaborou um relatório detalhado sobre a região e o enviou a várias instituições científicas do mundo, incluindo a Real Sociedade Astronômica, de Londres.

Frank Dyson, presidente da Real Sociedade Astronômica, havia entrado em contato com as teorias de Einstein por meio de Arthur Eddington, que era secretário-geral da instituição. Eddington vinha se destacando dentro da comunidade astronômica europeia, segundo o historiador da ciência Matthew Stanley, do Departamento de História da Ciência da Universidade Harvard, nos Estados Unidos. “Seu trabalho em cosmologia estatística havia ajudado a estabelecer uma reputação de cientista criativo e talentoso, e seu trabalho com estruturas estelares ainda hoje é considerado fundamental para o desenvolvimento da astrofísica teórica”, escreveu Stanley em artigo publicado na revista Isis em 2003. “Tanto Eddington como Dyson sabiam que o eclipse de maio de 1919 seria especial”, comenta Oliveira. “O Sol passaria diante de um grande aglomerado de estrelas na constelação de Touro, de modo que haveria muitas luzes brilhantes para se observar.” O eclipse permitiria fotografar por alguns minutos as estrelas no fundo do céu próximas da borda do Sol, a uma distância de 150 anos-luz da Terra — cada ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros.

Acervo do Observatório Nacional  Telescópio de 13 polegadas usado pelos britânicos no Ceará para registrar o eclipse - Acervo do Observatório Nacional De Olho no Céu

 

Sobral é referência para a história do Ceará

 


Fortaleza. “A vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho se relaciona mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós”. A frase da escritora inglesa Jane Austen talvez seja a melhor definição para o município de Sobral, localizado a 230 quilômetros da cidade de Fortaleza e considerada a mais importante da região da Zona Norte do Estado do Ceará.


Sobral é uma cidade que, por suas características aristocráticas e monumentos um tanto inusitados (como o Arco de Nossa Senhora de Fátima, erigido em 1953, quando da passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima por Sobral) gera uma série de mitos sobre si e seus habitantes.

A história de Sobral, que detém o singelo título de “Princesa do Norte”, é bem mais antiga e complexa. De acordo com o historiador e padre Francisco Sadoc de Araújo, a ocupação das terras compreendidas entre o Rio Acaraú e a Serra da Meruoca acompanha o típico processo de colonização do interior do Nordeste.

 Conforme ele explica, “O Vale do Acaraú é a segunda maior bacia do Ceará, e naquele período era impossível ocupar o sertão sem ter a garantia de uma fonte de água próxima. A proximidade da serra era um atrativo a mais, já que de lá se podia obter frutos, o que já era feito pelos indígenas que ali viviam, predominantemente os Jês”.

Sesmarias

 


Segundo ele, a região foi dividida em sesmarias, concedidas a portugueses que deveriam ocupar as terras do Novo Mundo. “Teve o Manoel Goes, que perdeu parte das sesmarias por não tê-las ocupado. Ele trabalhava com a criação de gado e trouxe os parentes para cá. Mas foi Félix da Cunha Linhares, no fim do século XVII, que construiu a capela de São José da Mutuca, a primeira da região”. Sadoc de Araújo explica que capelas e igrejas eram outro importante fator de ocupação, já que era na porta dos templos que os juízes afixavam avisos importantes e, ainda, ao redor delas que os moradores formavam as primeiras aldeias.

Igreja Matriz

 


Por volta de 1720, o sesmeiro Antônio Rodrigues Magalhães formou, na região onde hoje fica Sobral, a Fazenda Caiçara. Fixado inicialmente em Suipé (município de São Gonçalo do Amarante), ele se instala posteriormente na fazenda e doa terreno para a construção de uma igreja em honra à Nossa Senhora da Conceição, que daria origem à Igreja Matriz de Sobral e cuja santa será, também, a padroeira da cidade.

Com o aumento do número de comunidades na Colônia, o rei português, Dom José I, no ano de 1760, lança um edital para que qualquer povoação que alcançasse 50 fogos pudesse se tornar uma vila. “Fogos eram as casas que possuíam cozinha e, portanto, chaminé, sinal de que a família estava ali fixada”, esclarece o historiador. Assim, no dia 5 de julho de 1773, a comunidade formada em torno da Fazenda Caiçara é elevada à vila, chamada de Vila Distinta e Real de Sobral.

“Sobral foi uma das poucas vilas que tinham esse título de Distinta, dado a locais onde só havia brancos”, recorda. Já o nome de Sobral significa abundância de sobreiros, uma árvore de Portugal de cujo tronco se extrai a cortiça, utilizada para engarrafar vinhos e outras bebidas. “Para mim o nome vem da região portuguesa de Sobral da Lagoa, em Portugal, como uma homenagem à terra de muitos dos colonizadores”.

Fidelíssima



Em 1841, Sobral recebe o título de Fidelíssima Cidade Januária do Acaraú, por ter dado apoio político ao então presidente da província do Ceará, José Martiniano de Alencar (pai do escritor José de Alencar), contra uma tentativa de deposição. Porém, três anos depois, a cidade volta a se chamar Sobral.



É a partir do século XIX que Sobral ganha destaque econômico e cultural. Além do proeminente comércio, a cidade fez parte da chamada “civilização do couro”, exportando o produto por meio do Porto de Camocim. É por conta desse comércio que é instalada a primeira estrada de ferro do Ceará. Na segunda metade do século XIX, o desenvolvimento de Sobral chegava a superar o de Fortaleza. “Era pelo Porto de Camocim que chegavam as novidades da Europa, e Sobral experimentava tudo isso primeiro”, comenta o historiador e padre Francisco Sadoc de Araújo.

As famílias mais abastadas tinham acesso à “última moda”: porcelanas, lustres, vestidos, livros, pianos, máquinas de costura, entre outros. Os sobrados eram construídos seguindo a arquitetura de Recife e São Luís, com janelões e azulejos. Em 1877, as corridas de cavalos à moda londrina têm lugar no Jockey Club de Sobral, depois chamada de Derby Club. “Apesar de não ser aceito, este foi o primeiro jockey club do Brasil”.

Atualmente, Sobral se destaca pelo comércio e pela indústria, que fornece produtos como cimento e calçados. O período áureo de abastança já se foi, mas a cidade mantém a aura de imponência e orgulho de sua trajetória e realizações. “Não é uma questão de bairrismo, e sim de orgulho. O sobralense tem essa coisa de sempre tentar ser melhor em tudo. Pode até não ser o melhor, mas se esforça para ser. Mas o fato é que a cidade sempre teve um papel hegemônico, não é problema de vaidade”, defende o historiador Sadoc de Araújo.

 

Karoline Viana

Repórter

A Memorável Passagem do Zeppelin por Sobral

 

Zeppelin máquina voadora em Sobral nos anos 40

Era menino quando um majestoso balão dirigível despontou nos céus de Sobral, mais ou menos de 45 a 46. A cidade ficou oficialmente parada para olhar essa passagem rara já que uma multidão se aglomerava nas calçadas. Ele voava baixo e lento. O Graf Zepepelin é de origem alemã e a primeira vez que esteve no Brasil foi em 1930. Somente duas cidades brasileiras Recife e Rio tinham uma torre apropriada para receber o pouso do Zeppelin. Ainda hoje Recife preserva a torre de amarração e o hangar do Rio de Janeiro que serviram às operações dos balões dirigíveis alemães na década de 1930...

Comentário de Aldemir Arruda.

Como era o Zeppelin



A principal característica do projeto Zeppelin era uma estrutura de metal rígido coberta com tecido. Essa estrutura consistia, na maioria das vezes, de duralumínio e era composta por anéis transversais e barras longitudinais contendo uma série de cavidades de ar individuais.

Como era o Zeppelin por dentro






Os dirigíveis eram equipados com camas para que os passageiros pudessem descansar, além de sala de estar, bar, restaurante e um salão de fumo. A mobília era produzida com os materiais mais leves possíveis, para que as aeronaves não ultrapassassem o peso máximo para poder voar.





Os dirigíveis surgiram no início do século 20 como opção às longas viagens de navio e eram capazes de atingir velocidades máximas de 135 quilômetros por hora. Pode parecer incrivelmente lento comparado ao que aviões comerciais de hoje em dia são capazes de alcançar, mas as imensas aeronaves permitiam que as viagens da Europa à América do Norte fossem reduzidas de semanas para 53 a 78 horas e para 43 a 61 horas do continente americano ao europeu.

As operações transatlânticas do Hindenburg tiveram início em outubro de 1928, com viagens entre Frankfurt (Alemanha) e Lakehurst (New Jersey, nos EUA). Em 1931 começaram os trajetos entre a Alemanha e Recife e Rio de Janeiro, com um total de 136 voos à América do Sul até 1937, quando aconteceu o devastador incêndio que destruiu a aeronave e pôs um fim à era dos dirigíveis.

Na ocasião, havia 97 pessoas a bordo, entre tripulação e passageiros, e 36 morreram no desastre. O que aconteceu? O dirigível havia sido projetado para voar com o uso de gás hélio, mas, com as restrições impostas à Alemanha nazista para exportar o material, a aeronave vinha sendo preenchida com hidrogênio, que é altamente inflamável.

O salão do restaurante tinha por volta de 15 metros de comprimento por 4 de largura e era decorado com papel de parede retratando as viagens do Hindenburg à América do Sul.

A história da Luz em Sobral

 


No princípio da povoação da Vila que deu origem a Sobral, a iluminação das casas se dava com velas feitas de cera de carnaúba ou de abelha. As lamparinas eram acesas com óleo de peixe, até o surgimento do querosene. Não havia iluminação em ruas, e isso tornava o espaço celeste o grande atrativo com suas galáxias brilhantes.

Anos depois, já com a Vila em expansão, por ocasião de acontecimentos importantes, como a Aclamação do Imperador, casamento ou nascimento de príncipes reais da Casa Reinante, a Câmara Municipal, que à época tinha a mesma importância das prefeituras de hoje, costumava decretar três dias de luminárias públicas, das seis às nove horas da noite, como sinal de regozijo da população, que era educada no respeito, afeto e obediência ao Soberano, a quem dava o tratamento de  El-Rei Nosso Senhor.

Em todas as casas à altura das vergas das portas e janelas, entre umas e outras, colocavam-se lampiões com uma vela ou de cera de abelha ou de carnaúba, e todas as famílias tinham tais pequenos lampiões, em número suficiente para essas ocasiões.

Num tempo em que não havia iluminação pública, era um espetáculo singular e agradável ver todas as casas ostentando as suas pobres luminárias, e a população a percorrer as ruas cheia de entusiasmo e alegria.

A última vez que se fizeram em Sobral tais luminárias foi a 13 de maio de 1888, por motivo da abolição da escravidão no Brasil.

Nas primeiras décadas do século XX. Velas de sebo, cera de carnaúba e parafina tinham larga penetração, especialmente entre os segmentos modestos da população, que não dispunham dos recursos necessários à instalação residencial de energia fosse a gás ou elétrica, primeiras fontes modernas de energia. Além de mais baratos, esses objetos apresentavam uma fatura artesanal, de manejo menos complexo se comparado àquele exigido para o uso adequado do gás e da força elétrica.



A história retratada no Museu Dom José

O primeiro bispo de Sobral, Dom José Tupinambá da Frota, quando pensou o Museu, que hoje seu nome, queria contextualizar e materializar a estória da Luz em Sobral. Assim, reuniu peças que vão desde as rústicas velas de cera aos sofisticados lustres de cristal.

Fundado oficialmente por Dom José Tupinambá da Frota em 29 de março de 1951, o Museu possui um valioso acervo adquirido entre os anos de 1916 e 1959. Dom José recolheu peças em Sobral, e outras regiões do Ceará, do Maranhão, do Pará e do Amazonas chegando, atualmente, a compor um acervo com mais de 30.000 peças, além de uma coleção numismática com 20.394 moedas.

O Museu Dom José possui coleções de porcelana, cristal, imaginária, mobiliário, paleontologia, etnologia, arqueologia, armaria, numismática, indumentária, ourivesaria, iconografia, adereços e acessórios. É uma instituição ligada à arte, nacional e europeia, dos séculos XVII, XVIII e XIX. Hoje é considerado o maior Museu do Ceará e um dos maiores do Brasil em Arte-Sacra e Arte Decorativa, tornando-se assim, um magnífico painel da história social de Sobral e municípios norte-cearenses.



O papel de Ernesto Deocleciano na história da energia sobralense

Ernesto Deocleciano

Ernesto Deocleciano de Albuquerque, como cotonicultor e exportador de algodão, em 1879, em resposta a uma solicitação do Presidente da Província, José Júlio de Albuquerque Barros, instalou o primeiro sistema de iluminação pública de Sobral, com base na utilização de lampiões contendo gás “globo” ou “nafta” (AMARAL, 1949).

Em 19/03/1879, em carta confidencial, o Presidente da Província do Ceará, José Júlio de Albuquerque Barros, propõe à Câmara de Sobral que se faça uso de gás “globo” ou “nafta”, que seria, segundo ele, mais moderno que o querosene, para iluminar logradouros públicos naquela cidade (ARAÚJO, 1983).

Para viabilizar sua proposta, José Júlio (o futuro Barão de Sobral) fez o governo provincial adquirir 200 lampiões, providos de receptáculos para o armazenamento de gás, e 100 latas de gás “globo” ou “nafta” e pediu ele a cooperação do Cel. Ernesto Deocleciano para conseguir 200 postes de aroeira ou de outra madeira de lei, nas matas de suas terras, nos quais deveriam ser acoplados os lampiões (IBIDEM).

Seis dias depois de ter recebido a carta do Presidente da Província, em 25/03/1879, a Câmara de Sobral firma contrato, no valor de 14 contos de réis, com Ernesto Deocleciano, para que ele realize a primeira tentativa, na cidade, de iluminação pública com gás “globo” (IBIDEM).

Em 17/10/1879, a título de experiência, é iluminada, com gás “globo”, à frente da residência do Cel. Ernesto Deocleciano, que se situava na Rua do Campelo (atual Rua Ernesto Deocleciano), em frente à Praça do Mercado (atual Praça Dr. José Saboya) (IBIDEM).

Segundo Amaral (1949), após essa experiência, começaram os trabalhos de assentamento dos postes nos lugares em que se supôs mais úteis. O critério adotado, no entanto, conforme esse autor, não deu bom resultado, pois variando a distância de um poste a outro, a iluminação se mostrou ineficiente. Além do que, o gás “globo” não se mostrou tão adequado como se esperava.

Apesar dessas deficiências, a cidade de Sobral somente, em 1895, teria um novo sistema de iluminação pública implantado. Esse sistema seria inaugurado, naquele ano, pelo Intendente Alfredo Marinho de Andrade, ainda fazendo uso de muitos dos antigos postes, assentados por Ernesto Deocleciano, e de muitos dos antigos lampiões sustentados por eles, que passaram a consumir querosene (IBIDEM).

Vale salientar que Sobral acompanhou com bom desempenho a evolução da sistema de energia, uma vez que a cidade de Caxias do Sul (RS), também passou a ter iluminação a querosene somente em 1895, tal qual Sobral.

O primeiro sistema de energia elétrica se deu com a instalação de uma central termoelétrica, contudo, para uso exclusivo da Companha de Fiação e Tecidos Ernesto Deocleciano, autorizada pelo Poder Executivo Federal, Decreto nº 27753 de 31/01/1950. (D.O.U. 01/02/1950). À época o presidente do Brasil era Eurico Gaspar Dutra.

Chegada da Energia Elétrica em Sobral


Em 16 de setembro de 1960 era criada a CENORTE - Companhia Centro-Norte de Eletrificação do Ceará, pelo então governador do Estado do Ceará José Parsifal Barroso, empresa também de economia mista, cujo volume acionário era em sua quase totalidade do Governo Estadual. Esta, pelo fato de não dispor de energia abundante, muito pouco fez nos seus primeiros anos de existência. Em muitos dos municípios do interior cearense, onde existia o serviço de energia elétrica as próprias prefeituras o realizava por administração direta, a partir de pequenos e precários grupos geradores, dentro de horários restritos, geralmente das 18 às 22h00min.


Sobral finalmente passa de dispor de uma estação própria de armazenamento de energia, através do Decreto nº 53163 de 11/12/1963 / PE - Poder Executivo Federal - (D.O.U. 12/12/1963), autorizando a Companhia de Eletrificação Centro Norte do Ceará, - CENORTE - a construir linha de transmissão entre a usina hidrelétrica do açude Araras, no município de Reriutaba e a sede do município de Sobral, no Estado do Ceará. Era presidente do Brasil João Goulart.

Energia da Chesf/Coelce

A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF, subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A - ELETROBRÁS - foi criada pelo Decreto Lei n.º 8.031, de 03 de outubro de 1945, e constituída na 1ª Assembléia Geral de Acionistas, realizada em 15 de março de 1948. É uma sociedade de economia mista, aberta, sendo seu maior acionista o Governo Federal, através da Eletrobrás que detém 100 % do seu capital votante. É uma empresa de serviços públicos com contas a prestar à sociedade brasileira.

Foi a partir da Chesf, trazendo energia de Paulo Afonso, que o interior do Ceará passou a dispor de energia em abundância e a dar maior impulso ao seu desenvolvimento, notadamente o industrial.

A Companhia de Eletricidade do Ceará (COELCE) foi criada em 30 de agosto de 1971 por meio da Lei Estadual nº. 9.477 de 5 de julho de 1971, a partir da unificação de quatro empresas de distribuição de energia elétrica, então existentes no Estado do Ceará: Companhia de Eletricidade do Cariri (CELCA), Eletrificação Centro-Norte do Ceará (CENORT), Companhia Nordeste de Eletrificação de Fortaleza (CONEFOR) e Companhia de Eletrificação do Nordeste (CERNE).