No princípio da povoação da Vila que deu origem a Sobral, a iluminação das casas se dava com velas feitas de cera de carnaúba ou de abelha. As lamparinas eram acesas com óleo de peixe, até o surgimento do querosene. Não havia iluminação em ruas, e isso tornava o espaço celeste o grande atrativo com suas galáxias brilhantes.
Anos depois, já com a Vila em expansão, por ocasião de
acontecimentos importantes, como a Aclamação do Imperador, casamento ou
nascimento de príncipes reais da Casa Reinante, a Câmara Municipal, que à época
tinha a mesma importância das prefeituras de hoje, costumava decretar três dias
de luminárias públicas, das seis às nove horas da noite, como sinal de regozijo
da população, que era educada no respeito, afeto e obediência ao Soberano, a
quem dava o tratamento de El-Rei Nosso
Senhor.
Em todas as casas à altura das vergas das portas e janelas,
entre umas e outras, colocavam-se lampiões com uma vela ou de cera de abelha ou
de carnaúba, e todas as famílias tinham tais pequenos lampiões, em número
suficiente para essas ocasiões.
Num tempo em que não havia iluminação pública, era um
espetáculo singular e agradável ver todas as casas ostentando as suas pobres
luminárias, e a população a percorrer as ruas cheia de entusiasmo e alegria.
A última vez que se fizeram em Sobral tais luminárias foi a
13 de maio de 1888, por motivo da abolição da escravidão no Brasil.
Nas primeiras décadas do século XX. Velas de sebo, cera de
carnaúba e parafina tinham larga penetração, especialmente entre os segmentos
modestos da população, que não dispunham dos recursos necessários à instalação
residencial de energia fosse a gás ou elétrica, primeiras fontes modernas de energia.
Além de mais baratos, esses objetos apresentavam uma fatura artesanal, de
manejo menos complexo se comparado àquele exigido para o uso adequado do gás e
da força elétrica.
A história retratada no Museu Dom
José
O primeiro bispo de Sobral, Dom José Tupinambá da Frota,
quando pensou o Museu, que hoje seu nome, queria contextualizar e materializar
a estória da Luz em Sobral. Assim, reuniu peças que vão desde as rústicas velas
de cera aos sofisticados lustres de cristal.
Fundado oficialmente por Dom José Tupinambá da Frota em 29 de março de 1951, o
Museu possui um valioso acervo adquirido entre os anos de 1916 e 1959. Dom José
recolheu peças em Sobral, e outras regiões do Ceará, do Maranhão, do Pará e do
Amazonas chegando, atualmente, a compor um acervo com mais de 30.000 peças,
além de uma coleção numismática com 20.394 moedas.
O Museu Dom José possui coleções de porcelana, cristal,
imaginária, mobiliário, paleontologia, etnologia, arqueologia, armaria,
numismática, indumentária, ourivesaria, iconografia, adereços e acessórios. É
uma instituição ligada à arte, nacional e europeia, dos séculos XVII, XVIII e
XIX. Hoje é considerado o maior Museu do Ceará e um dos maiores do Brasil em
Arte-Sacra e Arte Decorativa, tornando-se assim, um magnífico painel da
história social de Sobral e municípios norte-cearenses.
O papel de Ernesto Deocleciano na história da energia sobralense
Ernesto Deocleciano |
Ernesto Deocleciano de Albuquerque, como cotonicultor e exportador de algodão, em 1879, em resposta a uma solicitação do Presidente da Província, José Júlio de Albuquerque Barros, instalou o primeiro sistema de iluminação pública de Sobral, com base na utilização de lampiões contendo gás “globo” ou “nafta” (AMARAL, 1949).
Em 19/03/1879, em carta confidencial, o Presidente da
Província do Ceará, José Júlio de Albuquerque Barros, propõe à Câmara de Sobral
que se faça uso de gás “globo” ou “nafta”, que seria, segundo ele, mais moderno
que o querosene, para iluminar logradouros públicos naquela cidade (ARAÚJO,
1983).
Para viabilizar sua proposta, José Júlio (o futuro Barão de
Sobral) fez o governo provincial adquirir 200 lampiões, providos de
receptáculos para o armazenamento de gás, e 100 latas de gás “globo” ou “nafta”
e pediu ele a cooperação do Cel. Ernesto Deocleciano para conseguir 200 postes
de aroeira ou de outra madeira de lei, nas matas de suas terras, nos quais
deveriam ser acoplados os lampiões (IBIDEM).
Seis dias depois de ter recebido a carta do Presidente da
Província, em 25/03/1879, a Câmara de Sobral firma contrato, no valor de 14
contos de réis, com Ernesto Deocleciano, para que ele realize a primeira
tentativa, na cidade, de iluminação pública com gás “globo” (IBIDEM).
Em 17/10/1879, a título de experiência, é iluminada, com gás
“globo”, à frente da residência do Cel. Ernesto Deocleciano, que se situava na
Rua do Campelo (atual Rua Ernesto Deocleciano), em frente à Praça do Mercado
(atual Praça Dr. José Saboya) (IBIDEM).
Segundo Amaral (1949), após essa experiência, começaram os
trabalhos de assentamento dos postes nos lugares em que se supôs mais úteis. O
critério adotado, no entanto, conforme esse autor, não deu bom resultado, pois
variando a distância de um poste a outro, a iluminação se mostrou ineficiente.
Além do que, o gás “globo” não se mostrou tão adequado como se esperava.
Apesar dessas deficiências, a cidade de Sobral somente, em
1895, teria um novo sistema de iluminação pública implantado. Esse sistema
seria inaugurado, naquele ano, pelo Intendente Alfredo Marinho de Andrade,
ainda fazendo uso de muitos dos antigos postes, assentados por Ernesto
Deocleciano, e de muitos dos antigos lampiões sustentados por eles, que
passaram a consumir querosene (IBIDEM).
Vale salientar que Sobral acompanhou com bom desempenho a
evolução da sistema de energia, uma vez que a cidade de Caxias do Sul (RS),
também passou a ter iluminação a querosene somente em 1895, tal qual Sobral.
O primeiro sistema de energia elétrica se deu com a
instalação de uma central termoelétrica, contudo, para uso exclusivo da
Companha de Fiação e Tecidos Ernesto Deocleciano, autorizada pelo Poder
Executivo Federal, Decreto nº 27753 de 31/01/1950. (D.O.U. 01/02/1950). À época
o presidente do Brasil era Eurico Gaspar Dutra.
Chegada da Energia Elétrica em Sobral
Sobral finalmente passa de dispor de uma estação própria de armazenamento de
energia, através do Decreto nº 53163 de 11/12/1963 / PE - Poder Executivo
Federal - (D.O.U. 12/12/1963), autorizando a Companhia de Eletrificação Centro
Norte do Ceará, - CENORTE - a construir linha de transmissão entre a usina
hidrelétrica do açude Araras, no município de Reriutaba e a sede do município
de Sobral, no Estado do Ceará. Era presidente do Brasil João Goulart.
Energia da Chesf/Coelce
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - CHESF,
subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A - ELETROBRÁS - foi criada
pelo Decreto Lei n.º 8.031, de 03 de outubro de 1945, e constituída na 1ª
Assembléia Geral de Acionistas, realizada em 15 de março de 1948. É uma
sociedade de economia mista, aberta, sendo seu maior acionista o Governo
Federal, através da Eletrobrás que detém 100 % do seu capital votante. É uma
empresa de serviços públicos com contas a prestar à sociedade brasileira.
Foi a partir da Chesf, trazendo energia de Paulo Afonso, que o interior do
Ceará passou a dispor de energia em abundância e a dar maior impulso ao seu
desenvolvimento, notadamente o industrial.
A Companhia de Eletricidade do Ceará (COELCE) foi criada em
30 de agosto de 1971 por meio da Lei Estadual nº. 9.477 de 5 de julho de 1971,
a partir da unificação de quatro empresas de distribuição de energia elétrica,
então existentes no Estado do Ceará: Companhia de Eletricidade do Cariri
(CELCA), Eletrificação Centro-Norte do Ceará (CENORT), Companhia Nordeste de
Eletrificação de Fortaleza (CONEFOR) e Companhia de Eletrificação do Nordeste
(CERNE).
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