sexta-feira, 27 de novembro de 2020

 


Por Artemísio da Costa e Thiago Alves:

                                                   MESTRE JOÃO PAIVA




Atualmente ele é pouco conhecido e já quase esquecido na cidade, o que é uma lástima. Mas esse granjense foi merecedor do respeito e da confiança do maior benfeitor de Sobral. Com o aval de Dom José Tupinambá da Frota, Mestre João Paiva edificou obras que permanecerão ainda por anos e anos, desafiando o tempo e repassando lições de engenharia às novas gerações.
João Alves de Paiva nasceu a 6 de outubro de 1901, em Granja (CE). Passou a infância e a adolescência entre as cidades de Granja e Camocim, onde se iniciou na arte de construtor. Logo cedo procurou a cidade de Sobral, crendo que nela pudesse desenvolver seu talento.
Chegando aqui, passou a ser observado pelo bispo Dom José, que escolhia “a dedo” seus colaboradores. Dada a sua reconhecida competência, irrefutável honestidade e impressionante senso de justiça, no ano de 1932 João Paiva “caiu nas graças” do religioso, a exemplo do que ocorreu com o arquiteto Pedro Viana Madeira.
Começou, então, a trabalhar com Dom José na construção do Ginásio Diocesano (hoje UVA). Tornou-se seu homem de confiança em todos os empreendimentos, exercendo a função de mestre-de-obras com plenos poderes.
São inúmeras as obras em que ficou a marca do talento do Mestre João Paiva em diversas cidades da região, tais como: Granja, Bela Cruz e outras, nas quais ele edificou belas igrejas e residências. Mas as mais importantes concentram-se em Sobral, principalmente as idealizadas e concretizadas por Dom José Tupinambá da Frota. Dentre elas, destacam-se as diversas ampliações realizadas no Seminário da Betânia, na Santa Casa de Misericórdia, na residência episcopal (atualmente Museu Dom José), no Colégio Santana, no Patronato Maria Imaculada e também a remodelação da Catedral, em 1938. Vale ressaltar ainda que João Paiva participou ativamente da demolição da antiga igreja de São Francisco, bem como da construção da atual.
Deve-se, também, a seu talento a participação, em 1948, do lançamento da pedra fundamental para construção do Abrigo Sagrado Coração de Jesus, que inclui a capela lá existente. Esteve presente do início à inauguração, em 1953.
Ao lado do Mons. Aloísio Pinto, Mestre João Paiva construiu a Escola Profissional São José, no bairro Dom Expedito. Pode-se ainda encontrar em Sobral grande quantidade de residências construídas sob seu comando. Seus serviços eram constantemente solicitados pelos proprietários das construções a Dom José, de quem o mestre-de-obras era o construtor oficial.
Provavelmente, como maior tristeza do afamado Mestre, uma das realizações mais marcantes da sua vida foi a construção do túmulo do seu grande amigo e companheiro de luta, Dom José Tupinambá da Frota, na igreja da Sé. Mas, em sua religiosidade e resignação, Mestre João sempre dizia que aquilo fazia parte dos ossos do ofício.
A 21 de junho de 1931 João Alves de Paiva casou-se com Francisca Adélia Paiva. Dessa união nasceram sete filhos: Miriam, Armando (in memoriam), Walter, Maria de Lourdes, Maria Alice, jornalista Aluísio Paiva (in memoriam) e Maria de Jesus. Também soube ser pai com mestria. A todos ele deu exemplar formação religiosa, ética e cultural. Em 1961 morreu a esposa Adélia, passando a exercer a função de pai e mãe.
Depois da morte de Dom José, em 25 de setembro de 1959, o experiente mestre-de-obras ainda trabalhou muitos anos. Ele aplicou seus conhecimentos em outras grandes obras em Sobral e região. João Alves de Paiva faleceu a 10 de janeiro de 1993, aos 92 anos de idade.
É lamentável que homens como João Paiva e muitos outros que dedicaram suas vidas ao desenvolvimento deste município, que fizeram a história dessa terra, não recebam o devido reconhecimento da maioria dos sobralenses. E, em especial, da Câmara Municipal. Desse modo, seus nomes vão caindo no total esquecimento. Isto é, no mínimo, um certificado de ingratidão. E, parafraseando o jornalista Boris Casoy, repito: “Isso é uma vergonha”.
Daqui, da nossa sala de Redação, que fica no prédio do Abrigo Sagrado Coração de Jesus, cuja edificação foi acompanhada “pari passu” por Mestre João Paiva, externamos o nosso reconhecimento e a nossa gratidão ao seu incansável e valoroso trabalho. E aspiramos a que os demais sobralenses também façam o mesmo. Não como um simples gesto de imitação, mas pelo dever de gratidão e de justiça.

domingo, 1 de novembro de 2020

ÍCONES DE SOBRAL


Pálace Club


Antes da construção deste prédio, havia um outro clube bem mais modesto, fundado após a criação do Grêmio Recreativo Sobralense, em 1909.

Por iniciativa de grandes empresários e políticos da cidade, pessoas influentes de Sobral, entre eles, o jurista Dr. José Saboya de Albuquerque, também industrial e pecuarista, o Grêmio Recreativo Sobralense, através destes empreendedores, conseguiu e viu tornar-se realidade a construção de uma nova sede.

Com predominância no estilo neoclássico, por influência da arquitetura europeia, foi erguida nas imediações da praça da Meruoca, entre 1923 e 1926.

Por décadas foi frequentado pela aristocracia sobralense, quando começaram a surgir outras opções de clubes, entre estes a AABB. Mesmo assim, ainda continuou a promover por vários anos muitos encontros festivos, empresariais, intelectuai
s e culturais.

A partir de 1997 passou a ser a sede do Fórum de Sobral, e, desde o ano 2000, teve outra denominação, tornando-se o Palácio de Ciências e Línguas Estrangeiras.

Teatro São João

Este belo espaço cultural, também com predominância do estilo neoclássico, foi construído no período de 1875 a 1880, por influência da Sociedade Cultural União Sobralense, criada em 1875 e composta inicialmente por Antônio Joaquim Rodrigues Júnior, Domingos Olímpio, João Adolfo Ribeiro da Silva e José Júlio de Albuquerque Barros, que persuadiram e convenceram os empresários de Sobral a construir um grande teatro.

Este era um de seus primeiros planos: construir um teatro que também fizesse jus ao porte e ao nome da cidade. Vale lembrar que já existia o teatro Apolo, de proporções bem reduzidas e modestas.

Sobral já era uma cidade que se destacava no Ceará, produzindo e exportando muito couro, carne e algodão. E esta Sociedade tinha a cultura como prioridade no desenvolvimento.

Após a inauguração da estrada de ferro de Camocim a Sobral, em 1882, muitos atores que se apresentavam no teatro vinham de navio da Europa até o porto de Camocim e de lá viajavam de trem até Sobral.

Foi o segundo teatro de grande estilo construído no Ceará. O primeiro foi o de Icó, em 1860.