quarta-feira, 14 de abril de 2021

Hosaná de Siqueira, o padre que assassinou Dom Expedito Lopes




Por : Wilson Belchior

É dificil conceber no mundo ter acontecido, o que ocorreu em Garanhuns, quando o padre Hosaná de Siqueira e Silva, (foto-31) pároco da cidade de Quipapá, paróquia da Diocese de Garanhúns-PE, assassinou D. Expedito Lopes.

Difícil mais ainda se torna, por a vítima se tratar de um piedoso Bispo, humilde, devotado à seus fiéis e a sua Igreja, para muitos um santo, como foi Dom Francisco Expedito Lopes (1914-1957).

Em todo o mundo, somente mais dois casos similares ocorrerão, um na França, em Paris, em 1857, quando o padre Louis Verge, matou a punhaladas, na igreja de Santa Madalena, o arcebispo Dom August Sibour, e o outro em Madri, Espanha, em 1886, quando o abade Galleote Costela assassinou à tiros o Bispo de Madrid, Dom Martinez Izquierdo.

O assassino que trata esse escrito, após ato infame perpetrar, foi preso, transferido para a casa de detenção de Recife. (Foto-23), e não demorou prá receber a penalidade máxima da Igreja, ao ser excomungado pelo Vaticano...

Hosaná nunca confirmou suas ligações amorosas, afirmava ser perseguição por parte do Bispado. Entretanto a Igreja Católica, sabedora da verdade, usou sua força para que ele fosse condenado com rigidez, falavam até em condenação à pena máxima.

Qual não foi a surpresa, ao ser prolatada a sentença do Primeiro Julgamento, que contrariou à todos, pois o padre foi condenado a apenas dois anos e seis meses de prisão e mais dois anos numa clínica psiquiátrica, pois prevaleceu no julgamento a tese da Legítima Defesa, que originou essa sentença estapafúrdia.

Na Casa de Detenção (foto-21) Hosaná comemorando sua pena, deu uma bizarra entrevista, entre os detentos que curtiam sua vitória, da justiça dos homens, mostrando largo sorriso, assim disse:

- Esta batina não sairá do meu corpo, por ela lutarei com todas as minhas forças. Partirei agora para conseguir minha reintegração na igreja. Não guardo rancores, não olhei para ninguém com cinismo, como declarou a acusação. Procurava ver os meus acusadores. Se ri algumas vezes deles, meu riso foi do tamanho das mentiras e das calúnias que disseram contra mim.

- Terminando a entrevista, acrescentou padre Hosaná:

- Olhando o Cristo entronizado do Palácio da Justiça, coloquei a seus pés meu coração agradecido...

- Na verdade a maior derrotada nesse julgamento, foi a Igreja Católica, que se sentiu agredida por a pena ter sido tão branda, a ponto dos próprios advogados de acusação e da promotoria recorreram da sentença, fazendo com que o julgamento fosse anulado.

O Segundo Julgamento foi conflituoso e também anulado.

No Terceiro Julgamento, ocorrido em 05/09/1963, Hosaná foi condenado a uma pena justa, pela Igreja e sociedade, excessão a alguns, que reagiram e se expressam de forma silenciosa.

Condenado a 19 anos de cadeia, cumpriu até 05/09/1968, momento em que ganhou liberdade condicional.

O epílogo dessa história foi interessante. Estando Hosaná em sua fazenda(foto-22), situada a 9km da cidade de Correntes, onde nasceu, e vivendo agora da agricultura, no dia 07/11/1997, aos 84, foi assassinado a pauladas.


Esse assassinato se transformou em mistério para a polícia. Após as primeiras investigações, foram indiciados como autores do crime, um casal de velhos agricultores, que moravam perto da fazenda do ex-padre.

Porém, desde o início das investigações, a Promotora de Correntes, Ana Jaqueline Barbosa Lopes, desconfiou de que o casal não fosse os assassinos.

O certo é que, até hoje não se sabe, quem matou o padre Hosaná...


O motivo que gerou o assassinato do Bispo, foi a desavença entre ele e o padre, decorrente de um amoroso relacionamento, entre o padre e sua prima, Maria José Martins, que morava na casa paroquial.

Todos os habitantes de Quipapá sabiam desse caso, mas, só o comentavam reservadamente, temendo retaliação do violento sacerdote.

Como se isso não bastasse, o padre deixara de cumprir suas obrigações sacerdotais, inclusive as de rezar a Santa Missa, mais preocupado com sua fazenda. Quando essa moça engravidou, o Bispo o chamou para uma audiência, e o padre negou o romance, disse-lhe que era vítima da perseguição de inimigos que queriam o retirar da paróquia.

Inflexível, o Bispo exigiu o afastamento da cidade, da moça grávida, ameaçando o padre suspender suas funções religiosas. Sem opção, Hosaná recuou e transferiu a prima para outra localidade.

Não demorou para arranjar uma substituta, na casa paroquial, sendo escolhida uma menina de nome Quitéria, jovem e mais bela que a anterior.

Dessa vez a notícia chegou rapidamente ao Bispo, que convocou o padre para uma final audiência. O Bispo disse-lhe que seu comportamento estava escandalizando a cidade e comprometendo o nome da Igreja e deu-lhe quinze dias para ele afastar da casa paroquial a nova mulher, de nome Quitéria.

O padre não obedeceu, e em 01/07/1957, dia que seria publicado o Ato Episcopal, suas ordens sacerdotais suspendendo, Hosaná armou-se com um Taurus 32 (foto-12) e no seu JEEP foi à Rádio Difusora de Garanhuns, dizendo se defender do Bispo.

Os funcionários da emissora não o acolheram em suas pretensões, e o padre enlouquecido, saiu em direção ao Palácio Episcopal, bateu violentamente na porta, que foi aberta pelo próprio Bispo (foto 11), e quando o viu, disparou nele três tiros à queima roupa, pegou o Jeep e foi se entregar aos Frades do Mosteiro de São Bento.

Dom Expedito Lopes, só resistiu até às primeiras luzes da manhã do dia 02/07/1957(foto-13).

( Obs: Dados coletados com pesquisas em livros e no Google, e a mim fornecido pelo Pe. José Gerardo Ferreira Gomes).

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