Quem visita os
mercados públicos de Camocim, Granja e Acaraú, pode ter uma ideia de como era o
nosso antes de sua completa remodelação, efetivada na administração do prefeito
José Euclides Ferreira Gomes, realizada no período de 1977 - 1982.
Não se tem notícia da
existência de um outro mercado anterior ao que por algumas décadas funcionou no
espaço onde é hoje a coluna da hora. O espaço era bastante disputado por
feirantes e detinha imponentes lojas e armazéns de secos e molhados. Suas
características se parecem com as dos mercados que ainda hoje existem na
maioria dos municípios de pequeno e médio porte do Estado.
No mercado próximo
ao cemitério predominava em toda a sua estrutura as cores amarelo e marrom,
destacadas nas paredes e colunas de ferro, que sustentavam o teto. Essas
colunas eram cilíndricas e com hastes bordadas. Aparentavam traços imperiais e
proporcionavam um cenário bastante primitivo.
Um passeio pelo interior daquela praça rudimentar de negócios nos fazia lembrar as imagens dos velhos mercados das capitais e outras importantes cidades brasileiras, onde a predominância de múltiplas atividades era, e ainda o são, de grande relevância. O nosso tinha de tudo. No centro da estrutura, bem no coração do mercado, funcionava a feira de artesanatos. Lá se podia comprar peças trabalhadas de argila (potes, fogareiros, quartinhas, panelas, pratos, cofrinhos de diversas formas, arranjos de mesa, jarras, jarros...); de sisal, palha de carnaúba e vime (esteiras, cortinas, toalhas de mesa, abanos, peneiras, cestas variadas, cadeiras de balanço, bolsas, malas, baús...); de madeira e couro (cadeiras, tamboretes com coberturas em couro, bancos de pote, porta-copo, porta-prato, vasilhames para alimentação de animais e depósito de água, selas de animais, arreios, gibões, chapéus de vaqueiro, chicotes, malas de viagem, prateleiras...); e, de tecidos (panos de prato, guardanapos, toalhas de mesa e de banho, bordados em geral e roupas comuns). Existiam outras variedades de produtos, mas me fogem à memória.
Geralmente os visitantes
não resistiam ao gostoso caldo de cana (feito na cara do freguês) pelo Chico
Elias, nem tampouco à galinha caipira da Chica da Panelada.
Nas laterais da nave central ficavam as conhecidas “áreas”, como eram chamados os pontos de venda de merendas, frutas, gêneros alimentícios, fumo, remédios do mato, objetos caseiros, materiais de construção, materiais agrícolas e pecuários, material de pesca e mais uma infinidade de produtos. Numa outra ala ficavam as vendas de carnes e peixes (frescos e salgados), as caças (avoantes, jaçanãs, inhambus, juritis, tejo, preás, pebas, tatus e outras espécies). Do lado de fora ficavam os armazéns com maiores opcionais, sapatarias, lojas de roupa e materiais, barbearia, bares e vendas de produtos das safras: milho verde, murici, tamarindo, feijão, alho, cebola, verduras em geral.
Apesar da pouca
higiene o velho mercado era agradável e muito bonito em seu estilo
arquitetônico antigo. Sua transformação aconteceu, logicamente, como uma
consequência natural de um projeto, que desejava transfigurar a imagem do
passado, e a esta dar os traços da modernidade do concreto.
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