terça-feira, 14 de julho de 2015

As primeiras imagens da Matriz





A primeira imagem venerada na Matriz era apenas um coração circundado de espinhos, encimado por uma cruz (VER SE ESTÁ NO MUSEU), entre chamas, posando sobre uma haste de madeira dourada. Mais tarde a S. Congregação dos Ritos, por decreto de 12 de setembro de 1857 proibiu a exposição desse símbolo à veneração dos fieis. 

A segunda imagem de madeira, de 75 centímetros de altura, foi substituída em 1875 por outra esculpida por Firmino da Silva Amorim; ambas estão hoje conservadas no Museu Diocesano. Essa segunda mede 97 centímetros de altura.

A atual imagem, que se venera nesse altar, foi benta e exposta ao culto público no dia 23 de janeiro de 1910.

Eis como um jornal da época, “O Rebate”, cujo diretor era o hábil jornalista Vicente Loiola, em sua edição de 22 de janeiro de 1910, descreveu a chegada dessa imagem.

“Em carro especial ligado ao horário, chegou segunda-feira, 17 de janeiro, a belíssima imagem do Sagrado Coração de Jesus, mandada vir de Paris pelo nosso ilustre vigário Padre Dr. José Tupinambá da Frota.

Festiva foi a recepção à imagem de Jesus. A gare da estação da estrada de ferro se achava repleta de senhoras e de cavalheiros que foram assistir à chegada do trem que conduzia o vulto imponente do Sagrado Coração de Jesus.

As 11h45 chegou à estação o comboio que vinha embandeirado, e que foi recebido debaixo de aclamações e ao som do Hino Nacional. Desembarcada a imagem, formou-se um grande préstito, que seguiu para a nossa Matriz. Ali, conhecendo o padre Dr. Tupinambá a ansiedade do povo para ver a imagem, deu ordens para o desencaixotamento e exposição da mesma.

Foi um verdadeiro delírio, quando apareceu o vulto imponente do Sagrado Coração de Jesus! O povo entusiasmado ergueu inúmeros vivas ao Sagrado Coração de Jesus! No dia da bênção houve missa solene pela manhã e suntuosa procissão com a dita imagem à tarde.


Tela da Última Ceia




Em março de 1883 o capitão João de Matos Amaral, residente nesta cidade, ofereceu uma tela de óleo, da autoria de José Ferreira Lemos, sobralense, representando a Última Ceia, para ser colocado por detrás do altar. Não é obra original e sim cópia da gravura de um Velho Missal, que se conserva no Museu Diocesano.
Sobre essa tela assim se exprimiu Antonio Bezerra de Menezes, no seu livro “Notas de Viagem” (1889), pag. 256: “é digno de ver-se o quadro do pintor cearense. Apreciei devidamente a atitude dos personagens, e, sobretudo, o efeito da luz, que se derrama de uma lâmpada, presa no teto sobre o busto de cada um.
“Não tem tanta sombra da escola holandesa, e pelo contrário é sensível a impressão de doçura, de intimidade, de paz que reina naquele grupo de amigos. Em qualquer outra parte o Sr. Lemos seria apreciado à medida do seu talento, no entanto, entre nós passa despercebido, e não teve ainda quem lhe dissesse que dispõe de aptidão e gosto, e que, se pudesse frquentar a escola dos mestres honraria o nome da terra que o viu nascer.

Quem vê os seus trabalhos e sabe que não teve princípios, mas que aprendeu sem mestres a sublime arte de Rafael, não sabe o que admirar mais: se a vocação ou a força de vontade”.

Sobre o pintor José Ferreira Lemos nasceu em Sobral; filho de Francisco José de Lemos e Geracina Zefirina de Lemos. Casou-se na mesma cidade com Ana Carolina de Aguiar, viúva de Antonio  Pereira de Aguiar, a 8 de dezembro de 1876.
Desgostoso por motivos íntimos retirou-se para o Pará, de onde seguiu depois para o Amazonas. Vivera aí alguns anos, deixando vários trabalhos de pintura a óleo, representando paisagens daquela imensa e riquíssima região.

O Altar de São Miguel
Por ofício datado de 27 de abril de 1862, o tenente Antonio Januário Linhares requereu à Mesa Regedora da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição licença para erigir um altar em honra do arcanjo São Miguel, sendo-lhe concedida com a condição de ser em tudo igual ao do Sagrado Coração de Jesus.

Mais tarde o bispo Dom José Tupinambá, a requerimento da Pia União das Filhas de Maria, reorganizada a 3 de março de 1917, concedeu que fosse colocada nesse altar a imagem de Santa Inês, padroeira da dita Pia União, oferecida pelo mesmo prelado, o que se verificou a 26 de dezembro de 1924. A antiga imagem de São Miguel foi recolhida ao Museu Diocesano.

As torres
Começaram a ser levantadas em 1836, conformem a deliberação da Mesa Regedora da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição, na sessão de 1º de maio daquele ano; deliberou que com a possível brevidade desse princípio aprontar os materiais a fim de principiar com o andamento das torres da Matriz.

Foi muito lento o serviço. A do nascente ficou concluída em 1849 e a do poente em 1851.
Atingidas mais de uma vez por faíscas elétricas foram restauradas novamente.

O Patamar
Foi feito em 1838, por deliberação da Irmandade, na sessão de 19 de dezembro de 1837. O pavimento de tijolos de barro foi substituído por ladrilhos de mosaicos em 1941, por ocasião da remodelação geral da Catedral.

O Relógio
Foi comprado em Paris em 1870 e colocado na torre do poente no ano seguinte. A lembrança da aquisição desse relógio partiu do Dr. Vicente Alves de Paula Pessoa, quando juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Lê-se na ata da sessão de 5 de junho de 1865, que o ilustre sobralense lembrou a idéia de se promover uma subscrição para compra de um relógio para ser colocado em uma das torres da Matriz.

Deliberou a Mesa que fosse nomeada a comissão para haver esmola para a compra do relógio, a qual foi composta dos senhores  padre mestre Antonio da Silva Fialho, Domingos Bessa Guimarães e o capitão Jeronymo José Figueira de Melo. (Livro das Actas, fl 13v).

Parece que a comissão não tomou a peito a incumbência e a ideia ficou sem execução, tanto assim, que a Mesa Regedora da Confraria de Nossa Senhora da Conceição enviou, em fevereiro de 1867, um ofício à Irmandade do Santíssimo Sacramento pedindo o concurso dessa a fim de obter a aquisição de um relógio oficial, que tivesse de ser colocado em uma das torres da Igreja.

Tomando na devida consideração esse apelo, o presidente da Mesa Regedora da Irmandade do Santíssimo Sacramento nomeou para tal fim uma comissão composta dos irmãos José Cesário Ferreira da Costa, Raimundo Lopes Cavalcante e Antonio Francisco de Paula para de comum acordo com a comissão nomeada pela Mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição promover os meios de fazer efetiva aquisição do referido relógio.

Havia certa ciumeira entre as duas irmandades. Várias questiúnculas indispunham os ânimos dos irmãos do Santíssimo Sacramento contra os seus colegas da Confraria de Nossa Senhora da Conceição, porque diziam aqueles, estes se arrogavam excepcionais regalias e privilégios.

Muito se esforçou pela aquisição do relógio o Sr. Tito Francisco Aleluia da Silva, natural de Paraíba, nascido em 1823 e falecido em Fortaleza a 30 de julho de 1883.
A Municipalidade de Sobral concorreu com Trezentos Mil Réis. 
Nota – Antes desse relógio havia no frontispício da igreja um relógio do sol, pelo qual se regia a população.

As Portas da Fachada
Datam de 1856 e foram feitas em Sobral.

O Cruzeiro de Ferro
Foi fabricado pelo ferreiro sobralense Alexandre Luis da Costa e foi oferecido pelo tenente coronel João Evangelista da Frota. Foi bento pelo vigário Vicente Jorge de Sousa a 24 de dezembro de 1884.



A Pia Batismal
A atual Pia foi preparada em Fortaleza, na Marmoraria Maia por 500 réis, e comprada pelo vigário em 1908, para substituir a primeira e tosca pia de pedra, de forma octogonal, adquirida pelo vigário José Gonçalves de Medeiros, em 1808, na Paraíba, donde ele era natural, pelo preço de 20.000 réis. A pia se encontra conservada no Museu Diocesano.

O Painel da Capela-Mor
A tela de óleo que representa a cena do lago de Tiberíades, quando Jesus, tendo exigido de Pedro a declaração de que o amava mais do que os outros, confiou-lhe o múnus de apresentar as suas ovelhas e os seus cordeiros. (Jo. XI. 15). É obra do afamado pintor romano Orestes Monacelli.

Encomendada pelo vigário, pedido do coronel José Figueira de Sabóia e Silva, que ofereceu à Matriz, foi esta tela benta a 29 de junho de 1912, pelo bispo auxiliar do Ceará, Dom Manoel da Silva Gomes, então bispo titular de Mopsuéstia (Turquia), por ocasião de sua visita pastoral em Sobral.  Custou dois contos de réis (dois mil cruzeiros). Antes da Missa Pontifical celebrada naquele dia o dito prelado procedeu a cerimônia de benção.

A Sacristia do Poente
Só em 1883 levantaram-se as paredes da sacristia do lado do poente. Nesse sítio havia um terreno murado, chamado de “curral dos ossos”, onde se lançavam as ossadas extraídas das sepulturas da igreja. Era o objeto da curiosidade, e não raro, das irreverências da meninada daquele tempo.

O Púlpito
O elegante púlpito da Catedral é obra do hábil entalhador José Joaquim de Araújo, segundo o modelo desenhado por José Lemos.
 

Sino Grande
Foi refundido em Pernambuco nas oficinas de Mesquita & Dutra, em 1853, e logo remetido para Sobral, um dos mais sonoros que se conhecem. Encarregou-se do negócio o tenente coronel João Tomé da Silva, mais tarde comendador, com o que despendeu inclusive o frete até Sobral (167 cruzeiros). A porca foi feita em Sobral e custou  Cr$ 94,65. Data desse mesmo ano a escada para a torre do nascente.

A Tela da Última Ceia
Em março de 1883 o capitão João de Matos Amaral, residente nesta cidade, ofereceu uma tela de óleo, da autoria de José Ferreira Lemos, sobralense, representando a Última Ceia, para ser colocado por detrás do altar. Não é obra original e sim cópia da gravura de um Velho Missal, que se conserva no Museu Diocesano.

Sobre essa tela assim se exprimiu Antonio Bezerra de Menezes, no seu livro “Notas de Viagem” (1889), pag. 256: “é digno de ver-se o quadro do pintor cearense. Apreciei devidamente a atitude dos personagens, e, sobretudo, o efeito da luz, que se derrama de uma lâmpada, presa no teto sobre o busto de cada um.

“Não tem tanta sombra da escola holandesa, e pelo contrário é sensível a impressão de doçura, de intimidade, de paz que reina naquele grupo de amigos. Em qualquer outra parte o Sr. Lemos seria apreciado à medida do seu talento, no entanto, entre nós passa despercebido, e não teve ainda quem lhe dissesse que dispõe de aptidão e gosto, e que, se pudesse frequentar a escola dos mestres honraria o nome da terra que o viu nascer. Quem vê os seus trabalhos e sabe que não teve princípios, mas que aprendeu sem mestres a sublime arte de Rafael, não sabe o que admirar mais: se a vocação ou a força de vontade”.
Sobre o pintor 

José Ferreira Lemos nasceu em Sobral; filho de Francisco José de Lemos e Geracina Zefirina de Lemos. Casou-se na mesma cidade com Ana Carolina de Aguiar, viúva de Antonio  Pereira de Aguiar, a 8 de dezembro de 1876.

Desgostoso por motivos íntimos retirou-se para o Pará, de onde seguiu depois para o Amazonas. Vivera aí alguns anos, deixando vários trabalhos de pintura a óleo, representando paisagens daquela imensa e riquíssima região.

A Imagem de Nossa Senhora da Conceição
Foi esculpida no Porto, e de lá veio ainda no tempo do padre João Ribeiro Pessoa, que a encomendou para a nova Matriz.

É uma bela e artística imagem de madeira, ricamente decorada, e que foi restaurada nos anos 1859 e 1904.

Foi substituída por outra de carton-pierre em 1912, achando-se a antiga na Catedral e é a que se leva nas procissões.

A Lâmpada de Prata
Foi comprada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento em 1847, inaugurada no dia da bênção à Capela, no dia 22 de junho de 1848. Foi encomendada por intermédio do irmão coronel José Sabóia, e custou quinhentos e setenta e nove mil, trezentos e vinte reis.

O Presépio
O Presépio, que se admiram na Catedral, foi encomendado pelo vigário padre José Tupinambá da Frota à Casa Raph, de Paris, em 1912, e bento a 25 de dezembro do mesmo ano, antes da Missa de Natal. Custou três mil, trezentos e cinqüenta e nove cruzeiros e oitenta centavos (Cr$ 3.359,80), incluindo o frete até Sobral.

A Capela em que se acha instalado o presépio, foi preparada em dezembro de 1948, quando o bispo diocesano mandou abrir um arco e colocar uma grade de ferro.

O dinheiro





O dinheiro só muito escassamente circulava, porque ainda perdurava o regime dos escambos, mercadorias por mercadorias, e pagamentos em gêneros dos serviços e salários.

Em açúcar é que o ouvidor Mendes Machado recebeu, em 1733, por intermédio do seu procurador, a quantia de 606$570, que lhe devia de ordenados a Fazenda Real, e somente depois da ordem régia de 10 de fevereiro de 1744 as côngruas dos padres passaram a ser efetivadas em moeda. Em mercadorias continuava a pagar-se a infantaria do presídio.

Recolhidos em espécie eram os impostos – dízimos, quintos e fintas, assim como em farinha os vencimentos dos mestres das escolas das aldeias (criadas pela ordem de 13 de setembro de 1768), à razão de um alqueire, anualmente, para cada rapaz ou rapariga que as frequentasse, não sendo, entretanto, obrigado cada chefe de família a contribuir com mais de dois alqueires, se para elas mandasse mais de dois alunos.

A farinha se faltasse seria substituída por gêneros alimentícios.

As boiadas vendidas para as Capitanias vizinhas voltavam mudadas em panos e armarinhos de procedência portuguesa, e também em escravos, o mesmo acontecendo com o comércio dos bufarinheiros, que revolviam os sertões vendendo os seus artigos a troco de bois e cavalgaduras.

História de Sobral - Dom José

Curiosidades de Sobral


Fábrica de Tecidos

No local onde surge a fábrica de tecidos, inaugurada em julho de 1895, havia um rochedo de pedras graníticas, em que se viam pintados com tinta vermelha sinais hieroglíficos, rostos humanos e outras figuras. Aí, segundo velha tradição, feriu-se encarniçado combate entre um grupo de índios e soldados portugueses, e os tapuias existentes no vale do Acaraú.

Escavações procedidas por nós no leito da Lagoa da Fazenda e suas adjacências demonstraram que em épocas remotas existia um riacho, vindo do pé da Serra da Meruoca, e passando pela frente do atual prédio do Seminário Diocesano, rumo ao Acaraú. Com efeito, após uma camada homogênea de massapê de quatro metros de espessura, encontram-se sempre areia grossa alvíssima e seixos roliços, tal qual se vê no leito dos rios.

A Oeste da velha fazenda projeta-se na distância de alguns quilômetros a Serra da Meruoca, antigamente chamada de Beruoca, com os seus píncaros verdejantes e suas linhas sinuosas, de um lindo azul escuro, formando um empolgante panorama, digno do pincel de artista.

Quase em continuação surge à esquerda a Serra do Rosário, separada apenas por um boqueirão fertilíssimo e abundante d’água, onde nos tempos calamitosos das secas se refugiam e escapavam centenas de cabeças de gado vacum e cavalar. Ambas estas serras foram sempre o inesgotável celeiro de Sobral.

Foi justamente na fazenda Caiçara que o visitador Lino Gomes Correia descansou em julho de 1742, vindo da povoação de São José, hoje Patriarca, em demanda do Riacho Guimarães, e resolveu fosse ai a sede do Curato do Acaraú, por ser mais ou menos o seu centro.

Não foi difícil conseguir o terreno para a igreja, pois o capitão Antonio Rodrigues Magalhães prontificou-se a cedê-lo de boa vontade, e assim ficou definitivamente determinada a sede do Curato, berço da atual opulenta cidade de Sobral.

História de Sobral - Dom José

Aspectos da Terra




Árvores seculares cobriam a região. Cedros, aroeiras, pau d’arco, freijó, pau branco, oiticicas, carnaubeiras, sabiás, umburanas, Arapiraca, pereiros e muitas outras madeiras de lei formavam o rico tesouro de uma fibra exuberante, quase desaparecida hoje, protegendo o solo com a frescura de suas sombras, entre as quais vagueavam inúmeros representantes de nossa fauna, tais como: onças, gatos maracajás, raposas, guaxinins, capivaras, pacas, veados, caititus, macacos, cotias, e um sem números de aves de toda espécie como emas, seriemas, cericórias, papagaios, jacus, maracanãs, araras, jandaias, periquitos, jaçanãs, etc. além de variados tipos de pássaros de lindas e variadas cores, como sejam cupidos, graúnas, corrupiões, canários, cabeças vermelhas ou galos de campina, sanhaçus, bem-te-vis, pintassilgos, etc.

Pela margem do rio e a beira das lagoas, garças, jaçanãs, socós, guarás, marrecas e patos selvagens viam-se a cada passo.
O rio Acaraú (rio das Garças) era então mais estreito. No decurso de anos foi se alargando seu leito, do lado direito, onde as ribanceiras foram pouco a pouco desmoronando, o que ainda em nossos dias se verifica.

Lagoa da Fazenda Macacos
Na fazenda Caiçara havia várias lagoas como a do Feijão, a do Junco e outras, hoje inteiramente aterradas.

A Lagoa da Fazenda era muito mais profunda e as suas águas conservavam-se de um inverno a outro, sendo aquele sítio preferido pela rapaziada do tempo para os deliciosos banhos. A lâmina d’água ainda no começo do século XIX era de mais de dois metros, conforme ouvimos de vários velhos que por experiência conheciam aquelas amenas paragens, tão aprazíveis pelos seus juncos, pacovais e aguapés. 
Encravada na Fazenda dos Macacos, residência do Coronel Antônio Rodrigues Magalhães e de sua mulher Quitéria Marques de Jesus, a Lagoa da Fazenda foi inicialmente cortada pela Estrada da Bethânia, construída por Dom José para dar acesso ao Seminário Diocesano.

Por muitos anos, a Lagoa permaneceu sendo ponto de lazer dos habitantes de Sobral, que vinham se beneficiar da amena aragem do lugar e contemplar os perfumados aguapés.

Na gestão do Prefeito Jerônimo Prado, foi feita na Lagoa a canalização para escoamento dos esgotos. Com o considerável aumento de ligações clandestinas, a Lagoa sofreu um processo de poluição.

Durante o Governo Tasso Jereissati, 1987-1990, foram iniciadas obras de recuperação, saneamento e urbanização da Lagoa, transformada em Parque Ecológico pelo Dec. Nº 21.303/91, de 11 de março de 1991. O PARQUE ECOLÓGICO DA LAGOA DA FAZENDA foi inaugurado em outubro de 1993, no Governo Ciro Gomes. Ocupa uma área de 19,2 hectares e possui o ginásio poliesportivo Plínio Pompeu de Saboya Magalhães, administrado pela UVA, com capacidade para 2 mil pessoas, um bosque, área de lazer com restaurantes, playground, pista de cooper, quadra de esporte aberta e espelho d’água natural da Lagoa da Fazenda.

Hoje está muito aterrada e geralmente seca entre novembro e dezembro.

História de Sobral - Dom José

sábado, 25 de abril de 2015

Museu Dom José





Dotado de incansável espírito empreendedor, Dom José Tupinambá da Frota coletou, entre os anos de 1916 e 1959, um acervo de quase 5.000 peças reunidas no Museu Diocesano, considerado o 5º do Brasil em Arte-Sacra e Decorativa, pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus).

Fundado a 29 de março de 1951 e inaugurado oficialmente a 10 de março de 1971, o Museu Diocesano, hoje denominado Museu Dom José, é um magnífico painel da história social de Sobral e municípios norte-cearenses.

Possui acervo de coleções raras de meio de transportes, como liteiras e cadeiras de arruar; porcelanas e cristais da Boêmia, Baccarat, Limoges, e louças de Companhia das Índias Ocidentais; pratarias, artesanato regional, arte indígena, peças arqueológicas que suscitam a curiosidade dos estudiosos que buscam sítios da região.

Encontramos ainda expressiva coleção de arte-sacra, notadamente imaginária, cálices, oratórios, castiçais e demais objetos de culto que confirmam, por sua variedade e quantidade, o elevado sentimento de religiosidade do povo sobralense.

Ao lado dessas peças, encontra-se a arte em madeira, mostrada em mobiliário de origem brasileira e européia nas mais belas e variadas formas.

A coleção numismática impressiona pelo número de peças: cerca de 10.000 moedas. Destacam-se também, objetos de adorno, indumentária, pinturas, esculturas e armaria.

O acervo encerra toda a evolução do Vale do Acaraú; conta-nos a história da iluminação, antes da energia elétrica, a partir de velas de carnaúba até os mais finos lustres de cristal da Boêmia.

Vale salientar que grande parte desse acervo foi doado por famílias do norte cearense, numa época de hegemonia econômica e política de Sobral. Pela originalidade e valor das peças, podemos avaliar o nível cultural de seu povo.

Sobre o Museu, assim se expressou Gustavo Barroso, em carta dirigida a Dom José Tupinambá da Frota em 23/11/1955:

"...Da minha visita ao Museu Diocesano de Sobral guardei uma impressão de surpresa e admiração.
Surpresa por encontrar tão rico acervo de relíquias do nosso passado numa cidade sertaneja do Ceará; de admiração pelo incontestável valor do mesmo e pela pertinácia e esforço em conseguir reuni-lo. Seria muito desejar que os poderes públicos do Estado ou da Federação lançassem um olhar protetor sobre essa notável obra... Viriam esses poderes simplesmente coroar a iniciativa do trabalho da Cúria sobralense, nunca por demais louvado."

O prédio onde está instalado o Museu Dom José foi construído em 1844, pelo Major João Pedro da Cunha Bandeira de Melo, 1º Juiz de Paz de Sobral.

Sobrado de grande valor arquitetônico, com 57 janelas externas, dispostas ao longo de dois pisos, conserva até hoje características do estilo "império".

Comprado por D. José, o prédio foi o Palácio Episcopal de 1933 a 1959, quando ali faleceu o primeiro Bispo da Cidade. Logo depois, passou a abrigar o Museu.

Em 1992, suspendeu suas atividades em razão da precária situação de algumas partes da edificação.

No final da década de 80, a Diocese de Sobral confiou a direção do Museu à Universidade Estadual Vale do Acaraú, no Reitorado do Cônego Francisco Sadoc de Araújo.

Por iniciativa do Reitor José Teodoro Soares, foi firmado convênio entre o Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura e Desporto do Estado do Ceará e a Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, para recuperação do Museu em sua estrutura física, e grande parte de seu acervo foi restaurado por especialistas, dentro dos mais modernos padrões.

O Museu Dom José, em sintonia com a moderna concepção museológica, propõe mostrar os objetos, não isoladamente, mas contextualizados, no espaço e no tempo do qual são partes integrantes. Daí a necessidade de reconstruir ambientes e dar-lhes a atmosfera da época, enfim, demonstrar como era a vida cotidiana dos sobralenses.

O Museu, como templo cultural sacralizado, passa a ser substituído por outros espaços ocupados por diferentes agentes sociais, ressaltando a cultura popular, buscando em suas exposições novos objetos, novos agentes, novas formas de lazer e saber.

Organizado com propósitos educativos para completar a educação formal, o Museu D. José dá prioridade a uma política pedagógica de revitalização da cultura norte-cearense defendida pela UVA.

A visita ao Museu torna-se, pois, parte essencial da educação moderna.

Com a reabertura, em 24 de março de 1997, pelo Governador Tasso Jereissati, as instituições públicas conveniadas cumpriram a função básica de preservar e divulgar o patrimônio cultural pertencente ao povo sobralense.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Arco de Nossa Senhora de Fátima




Situado no Boulevard Pedro I, hoje Av. Dr. Guarany, o Arco de Nossa Senhora de Fátima é um dos monumentos que mais caracterizam a Cidade.
No local, existia o Cruzeiro das Almas, erguido por iniciativa do missionário Frei Vidal da Penha, como símbolo de fé, na sua passagem por Sobral, no final do século XVIII.

Frei Vidal de Fraccardo veio do Convento da Penha, de Recife, para Sobral em 1797, para pregar Missões, tendo incentivado os fiéis a construir a Igreja de Nossa Senhora das Dores.

A Cruz das Almas foi demolida em 1929 pelo Prefeito José Jácome de Oliveira.
Por iniciativa de Dom José, o Arco de Nossa Senhora de Fátima foi construído em 1953, na administração do Prefeito Antônio Frota como marco da visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Brasil, tendo Sobral como ponto de visitação.

Projetado por Falb Rangel, o Arco de Nossa Senhora de Fátima foi executado por Francisco Frutuoso do Vale, que também foi o autor da imagem de Nossa Senhora que o encima.

Não obstante o somatório de anos que marca a sua existência, o Arco sobralense ainda é chamado por alguns de “Arco do Triunfo”, por sua ligeira aparência com o monumento francês.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Os carnavais de Sobral


Os carnavais de Sobral




Quando ainda não havia os trios elétricos, a baiano mania, o axé-music, o reggae e outros sons desconexos, os carnavais revelavam toda a magia da cultura afro-brasileira, onde o grande forte era a poesia ritmada dos monstros sagrados da música popular, como: Ataulfo Alves, Lamartine Babo, os Orlando Silva e Dias, Ciro Monteiro, Erivelton Martins e sua musa Dalva de Olveira, as Irmãs Batista, Isaurinha Garcia, Moreira da Silva, Elizete Cardoso, Marlene, Elsa Soares, Emilinha Borba, Ângela Maria, Carmem Miranda, Ze Keti e sua inesquecível “Máscara Negra”, Noel Rosa, Pinxinguinha, Cartola, Dunga, Chico Alves, João de Barro, Almirante, Ismael e muitos outros, que perfumavam nosso país com a mais nobre essência de suas almas poéticas.

Em Sobral, o carnaval era, assim como em muitos municípios do Brasil, feito no interior dos clubes, com públicos selecionados, restando para as ruas os desfiles das escolas de samba e de blocos, sendo que estes também acabavam suas programações no interior dos clubes, à época o Derby Club, a AABB e o BNB. Outros clubes também promoviam festa. Entre eles o Clube dos Vinte, O Tabajara Clube, Clube dos Artistas, e também o Derby Club com seus bailes especiais, oferecidos exclusivamente para sócios.

O nosso carnaval era alegre, pacífico, cheio de graça, talco, serpentinas, pierrot`s, colombinas, fantasias artesanais... Um verdadeiro encanto. A juventude limitava-se à bebedeira ininterrupta de quatro dias; os blocos eram o grande atrativo dos clubes. Era comum a presença de carros com alegorias, principalmente os jipes antigos (cara-magra). Ficávamos horas e horas nas filas dos clubes disputando uma entrada. As drogas, depois da bebida,
  não iam além do cheiro no éter e no lança perfume. Os blocos mais famosos eram: Hary – Hary, Hay-Num-Hay, Contras, Metralhas, Abutres (este desfez-se e deu lugar ao bloco Realce, que se tornou o grande campeão dos carnavais), Provetas, Pães, Corsários, Tropikanas, Intocáveis, Filhos de Gandi, Desocupados da Esquina, Metaleiros, É o Bicho, Babás e Bebês, Lero-Lero, Viracopus e outros. Além dos blocos citados, fazia parte da animação o bloco Turma do Funil, da cidade de Cratéus.  Deixaram saudade, lembranças vivas, coisas que o tempo não nos rouba.

Com o desvio das atenções do povo sobralense aos carnavais promovidos nas praias e serras e, logicamente devido ao pouco interesse dos políticos administradores da época em estimularem a resistência dessa tradição, o carnaval em clubes foi perdendo público a cada ano, até se extinguir.

O fim da tradição, nossa alegria de tantos, anos foi exportada para outras cidades. Perdemos o aconchego dos amigos, sempre muito agradável. Sobral também ressentiu-se na perda no setor da economia, uma vez que os carnavais sempre se apresentavam como um opcional de movimentação no comércio de modo geral. Atualmente o BNB está desativado, enquanto  que a AABB mantém o seu tradicional e animado Balmasquê.

O aparecimento de novos ritmos, a liberdade de expressão, a nudez e a disseminação das drogas são alguns dos aspectos que justificam o fim da tradição carnavalesca em nossa cidade, tornando-nos mais uns entre os foliões de outros carnavais.