terça-feira, 14 de julho de 2015

As primeiras imagens da Matriz





A primeira imagem venerada na Matriz era apenas um coração circundado de espinhos, encimado por uma cruz (VER SE ESTÁ NO MUSEU), entre chamas, posando sobre uma haste de madeira dourada. Mais tarde a S. Congregação dos Ritos, por decreto de 12 de setembro de 1857 proibiu a exposição desse símbolo à veneração dos fieis. 

A segunda imagem de madeira, de 75 centímetros de altura, foi substituída em 1875 por outra esculpida por Firmino da Silva Amorim; ambas estão hoje conservadas no Museu Diocesano. Essa segunda mede 97 centímetros de altura.

A atual imagem, que se venera nesse altar, foi benta e exposta ao culto público no dia 23 de janeiro de 1910.

Eis como um jornal da época, “O Rebate”, cujo diretor era o hábil jornalista Vicente Loiola, em sua edição de 22 de janeiro de 1910, descreveu a chegada dessa imagem.

“Em carro especial ligado ao horário, chegou segunda-feira, 17 de janeiro, a belíssima imagem do Sagrado Coração de Jesus, mandada vir de Paris pelo nosso ilustre vigário Padre Dr. José Tupinambá da Frota.

Festiva foi a recepção à imagem de Jesus. A gare da estação da estrada de ferro se achava repleta de senhoras e de cavalheiros que foram assistir à chegada do trem que conduzia o vulto imponente do Sagrado Coração de Jesus.

As 11h45 chegou à estação o comboio que vinha embandeirado, e que foi recebido debaixo de aclamações e ao som do Hino Nacional. Desembarcada a imagem, formou-se um grande préstito, que seguiu para a nossa Matriz. Ali, conhecendo o padre Dr. Tupinambá a ansiedade do povo para ver a imagem, deu ordens para o desencaixotamento e exposição da mesma.

Foi um verdadeiro delírio, quando apareceu o vulto imponente do Sagrado Coração de Jesus! O povo entusiasmado ergueu inúmeros vivas ao Sagrado Coração de Jesus! No dia da bênção houve missa solene pela manhã e suntuosa procissão com a dita imagem à tarde.


Tela da Última Ceia




Em março de 1883 o capitão João de Matos Amaral, residente nesta cidade, ofereceu uma tela de óleo, da autoria de José Ferreira Lemos, sobralense, representando a Última Ceia, para ser colocado por detrás do altar. Não é obra original e sim cópia da gravura de um Velho Missal, que se conserva no Museu Diocesano.
Sobre essa tela assim se exprimiu Antonio Bezerra de Menezes, no seu livro “Notas de Viagem” (1889), pag. 256: “é digno de ver-se o quadro do pintor cearense. Apreciei devidamente a atitude dos personagens, e, sobretudo, o efeito da luz, que se derrama de uma lâmpada, presa no teto sobre o busto de cada um.
“Não tem tanta sombra da escola holandesa, e pelo contrário é sensível a impressão de doçura, de intimidade, de paz que reina naquele grupo de amigos. Em qualquer outra parte o Sr. Lemos seria apreciado à medida do seu talento, no entanto, entre nós passa despercebido, e não teve ainda quem lhe dissesse que dispõe de aptidão e gosto, e que, se pudesse frquentar a escola dos mestres honraria o nome da terra que o viu nascer.

Quem vê os seus trabalhos e sabe que não teve princípios, mas que aprendeu sem mestres a sublime arte de Rafael, não sabe o que admirar mais: se a vocação ou a força de vontade”.

Sobre o pintor José Ferreira Lemos nasceu em Sobral; filho de Francisco José de Lemos e Geracina Zefirina de Lemos. Casou-se na mesma cidade com Ana Carolina de Aguiar, viúva de Antonio  Pereira de Aguiar, a 8 de dezembro de 1876.
Desgostoso por motivos íntimos retirou-se para o Pará, de onde seguiu depois para o Amazonas. Vivera aí alguns anos, deixando vários trabalhos de pintura a óleo, representando paisagens daquela imensa e riquíssima região.

O Altar de São Miguel
Por ofício datado de 27 de abril de 1862, o tenente Antonio Januário Linhares requereu à Mesa Regedora da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição licença para erigir um altar em honra do arcanjo São Miguel, sendo-lhe concedida com a condição de ser em tudo igual ao do Sagrado Coração de Jesus.

Mais tarde o bispo Dom José Tupinambá, a requerimento da Pia União das Filhas de Maria, reorganizada a 3 de março de 1917, concedeu que fosse colocada nesse altar a imagem de Santa Inês, padroeira da dita Pia União, oferecida pelo mesmo prelado, o que se verificou a 26 de dezembro de 1924. A antiga imagem de São Miguel foi recolhida ao Museu Diocesano.

As torres
Começaram a ser levantadas em 1836, conformem a deliberação da Mesa Regedora da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição, na sessão de 1º de maio daquele ano; deliberou que com a possível brevidade desse princípio aprontar os materiais a fim de principiar com o andamento das torres da Matriz.

Foi muito lento o serviço. A do nascente ficou concluída em 1849 e a do poente em 1851.
Atingidas mais de uma vez por faíscas elétricas foram restauradas novamente.

O Patamar
Foi feito em 1838, por deliberação da Irmandade, na sessão de 19 de dezembro de 1837. O pavimento de tijolos de barro foi substituído por ladrilhos de mosaicos em 1941, por ocasião da remodelação geral da Catedral.

O Relógio
Foi comprado em Paris em 1870 e colocado na torre do poente no ano seguinte. A lembrança da aquisição desse relógio partiu do Dr. Vicente Alves de Paula Pessoa, quando juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento.

Lê-se na ata da sessão de 5 de junho de 1865, que o ilustre sobralense lembrou a idéia de se promover uma subscrição para compra de um relógio para ser colocado em uma das torres da Matriz.

Deliberou a Mesa que fosse nomeada a comissão para haver esmola para a compra do relógio, a qual foi composta dos senhores  padre mestre Antonio da Silva Fialho, Domingos Bessa Guimarães e o capitão Jeronymo José Figueira de Melo. (Livro das Actas, fl 13v).

Parece que a comissão não tomou a peito a incumbência e a ideia ficou sem execução, tanto assim, que a Mesa Regedora da Confraria de Nossa Senhora da Conceição enviou, em fevereiro de 1867, um ofício à Irmandade do Santíssimo Sacramento pedindo o concurso dessa a fim de obter a aquisição de um relógio oficial, que tivesse de ser colocado em uma das torres da Igreja.

Tomando na devida consideração esse apelo, o presidente da Mesa Regedora da Irmandade do Santíssimo Sacramento nomeou para tal fim uma comissão composta dos irmãos José Cesário Ferreira da Costa, Raimundo Lopes Cavalcante e Antonio Francisco de Paula para de comum acordo com a comissão nomeada pela Mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição promover os meios de fazer efetiva aquisição do referido relógio.

Havia certa ciumeira entre as duas irmandades. Várias questiúnculas indispunham os ânimos dos irmãos do Santíssimo Sacramento contra os seus colegas da Confraria de Nossa Senhora da Conceição, porque diziam aqueles, estes se arrogavam excepcionais regalias e privilégios.

Muito se esforçou pela aquisição do relógio o Sr. Tito Francisco Aleluia da Silva, natural de Paraíba, nascido em 1823 e falecido em Fortaleza a 30 de julho de 1883.
A Municipalidade de Sobral concorreu com Trezentos Mil Réis. 
Nota – Antes desse relógio havia no frontispício da igreja um relógio do sol, pelo qual se regia a população.

As Portas da Fachada
Datam de 1856 e foram feitas em Sobral.

O Cruzeiro de Ferro
Foi fabricado pelo ferreiro sobralense Alexandre Luis da Costa e foi oferecido pelo tenente coronel João Evangelista da Frota. Foi bento pelo vigário Vicente Jorge de Sousa a 24 de dezembro de 1884.



A Pia Batismal
A atual Pia foi preparada em Fortaleza, na Marmoraria Maia por 500 réis, e comprada pelo vigário em 1908, para substituir a primeira e tosca pia de pedra, de forma octogonal, adquirida pelo vigário José Gonçalves de Medeiros, em 1808, na Paraíba, donde ele era natural, pelo preço de 20.000 réis. A pia se encontra conservada no Museu Diocesano.

O Painel da Capela-Mor
A tela de óleo que representa a cena do lago de Tiberíades, quando Jesus, tendo exigido de Pedro a declaração de que o amava mais do que os outros, confiou-lhe o múnus de apresentar as suas ovelhas e os seus cordeiros. (Jo. XI. 15). É obra do afamado pintor romano Orestes Monacelli.

Encomendada pelo vigário, pedido do coronel José Figueira de Sabóia e Silva, que ofereceu à Matriz, foi esta tela benta a 29 de junho de 1912, pelo bispo auxiliar do Ceará, Dom Manoel da Silva Gomes, então bispo titular de Mopsuéstia (Turquia), por ocasião de sua visita pastoral em Sobral.  Custou dois contos de réis (dois mil cruzeiros). Antes da Missa Pontifical celebrada naquele dia o dito prelado procedeu a cerimônia de benção.

A Sacristia do Poente
Só em 1883 levantaram-se as paredes da sacristia do lado do poente. Nesse sítio havia um terreno murado, chamado de “curral dos ossos”, onde se lançavam as ossadas extraídas das sepulturas da igreja. Era o objeto da curiosidade, e não raro, das irreverências da meninada daquele tempo.

O Púlpito
O elegante púlpito da Catedral é obra do hábil entalhador José Joaquim de Araújo, segundo o modelo desenhado por José Lemos.
 

Sino Grande
Foi refundido em Pernambuco nas oficinas de Mesquita & Dutra, em 1853, e logo remetido para Sobral, um dos mais sonoros que se conhecem. Encarregou-se do negócio o tenente coronel João Tomé da Silva, mais tarde comendador, com o que despendeu inclusive o frete até Sobral (167 cruzeiros). A porca foi feita em Sobral e custou  Cr$ 94,65. Data desse mesmo ano a escada para a torre do nascente.

A Tela da Última Ceia
Em março de 1883 o capitão João de Matos Amaral, residente nesta cidade, ofereceu uma tela de óleo, da autoria de José Ferreira Lemos, sobralense, representando a Última Ceia, para ser colocado por detrás do altar. Não é obra original e sim cópia da gravura de um Velho Missal, que se conserva no Museu Diocesano.

Sobre essa tela assim se exprimiu Antonio Bezerra de Menezes, no seu livro “Notas de Viagem” (1889), pag. 256: “é digno de ver-se o quadro do pintor cearense. Apreciei devidamente a atitude dos personagens, e, sobretudo, o efeito da luz, que se derrama de uma lâmpada, presa no teto sobre o busto de cada um.

“Não tem tanta sombra da escola holandesa, e pelo contrário é sensível a impressão de doçura, de intimidade, de paz que reina naquele grupo de amigos. Em qualquer outra parte o Sr. Lemos seria apreciado à medida do seu talento, no entanto, entre nós passa despercebido, e não teve ainda quem lhe dissesse que dispõe de aptidão e gosto, e que, se pudesse frequentar a escola dos mestres honraria o nome da terra que o viu nascer. Quem vê os seus trabalhos e sabe que não teve princípios, mas que aprendeu sem mestres a sublime arte de Rafael, não sabe o que admirar mais: se a vocação ou a força de vontade”.
Sobre o pintor 

José Ferreira Lemos nasceu em Sobral; filho de Francisco José de Lemos e Geracina Zefirina de Lemos. Casou-se na mesma cidade com Ana Carolina de Aguiar, viúva de Antonio  Pereira de Aguiar, a 8 de dezembro de 1876.

Desgostoso por motivos íntimos retirou-se para o Pará, de onde seguiu depois para o Amazonas. Vivera aí alguns anos, deixando vários trabalhos de pintura a óleo, representando paisagens daquela imensa e riquíssima região.

A Imagem de Nossa Senhora da Conceição
Foi esculpida no Porto, e de lá veio ainda no tempo do padre João Ribeiro Pessoa, que a encomendou para a nova Matriz.

É uma bela e artística imagem de madeira, ricamente decorada, e que foi restaurada nos anos 1859 e 1904.

Foi substituída por outra de carton-pierre em 1912, achando-se a antiga na Catedral e é a que se leva nas procissões.

A Lâmpada de Prata
Foi comprada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento em 1847, inaugurada no dia da bênção à Capela, no dia 22 de junho de 1848. Foi encomendada por intermédio do irmão coronel José Sabóia, e custou quinhentos e setenta e nove mil, trezentos e vinte reis.

O Presépio
O Presépio, que se admiram na Catedral, foi encomendado pelo vigário padre José Tupinambá da Frota à Casa Raph, de Paris, em 1912, e bento a 25 de dezembro do mesmo ano, antes da Missa de Natal. Custou três mil, trezentos e cinqüenta e nove cruzeiros e oitenta centavos (Cr$ 3.359,80), incluindo o frete até Sobral.

A Capela em que se acha instalado o presépio, foi preparada em dezembro de 1948, quando o bispo diocesano mandou abrir um arco e colocar uma grade de ferro.

Um comentário:

  1. Nossa como é interessante esse texto,por curiosidade irei conferir de perto,parabéns pelo blog!!!!

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