Muito embora os documentos históricos não apontem com
precisão o local de funcionamento da primeira Câmara de Vereadores, Dom José
disse ter sido informado de que funcionava por detrás da Matriz, mas o certo é
que em 1826 achava-se o prédio em péssimas condições de conservação, o que
provocou uma repreensão do Presidente Antonio de Sales Nunes Besfords:
“Tendo sido este Governo informado do estado imundo e
mortífero em que se acha a cadeia dessa Vila, onde sente a humanidade o maior
horror, perecendo todos os dias os presos que nela entram vítimas de flagelo e
tormentos, que na mesma os oprimem, servindo para cumulo de penas a Casa
destinada para guarda e segurança dos réus; e sendo igualmente o Governo
informado de que tanta calamidade nasce do desleixo e indolência com essa
Câmara consente à sua face a ruína, que por tal modo se propaga em um edifício
de sua privativa inspeção; não pode o mesmo Governo, sensibilizado
sobremaneira, deixar de estranhar mui severamente, essa Câmara a apatia criminosa com que se tem
portado a tal respeito, ordenando-lhe que quanto antes cuide em reparar aquela
cadeia, que deverá ser segura, lima e arejada, empregando para isso seus
últimos esforços, pois que tal objeto entre os de sua atribuição deve merecer
particular atenção.
Deus Guarde V. Sas. – Palácio do Governo do Ceará, 28 de
junho de 1826 – Antonio de Sales Nunes Besfords – Ilmos Sr. Presidente e
membros da Câmara de Sobral.
A Primeira Reunião da
Câmara da Vila de Sobral
Aos cinco dias do mês de julho de 1773, nesta Vila Distinta Real de Sobral – Capitania do Ceará Grande e em casos da aposentadoria do Dr. Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca, João da Costa Carneiro Sá, onde eu, escrivão de seu cargo, fui vindo e sendo aí, depois de ter o dito Ministério levantado o pelourinho, e criado Vila e procedido a pelouro das pessoas que deviam ocupar os cargos de juízes ordinários e órfãos, vereadores e procurador do Conselho e estando presente a maior parte das pessoas principais desta Vila e Termo, houve o mesmo ministro por aberto um dos pelouros que haviam de servir no remanescestes do presente ano, no qual se achou estarem eleitos para juízes ordinários e de órfãos, o sargento mor Sebastião do Albuquerque Mello para vereadores, o capitão Manoel Coelho, para procurador Antonio Furtado dos Santos, e para juiz de órfãos Grigorio Pires Chaves, como consta da mesma pauta, infronte, e por se acharem presentes os juízes e vereadores, o procurador do Conselho, lhes mandou o dito Ministério parar suas cartas de usanças para não duvidarem da aceitação dos seus respectivos cargos de que fiz este termo em que assinou o dito ministro somente Bernardo Gomes Pessoa, escrivão da Correição, o escrevi – Carneiro Sá”.
Primeiro Termo de Juramento e Posse
dado aos Juízes Ordinários Órfãos e mais Oficiais da Câmara
Aos cinco dias do mês de julho de 1773, nesta Vila Distinta Real de Sobral, Capitania do Ceará Grande, João da Costa Carneiro e Sá, onde eu escrivão do seu cargo adiante nomeado fui vindo e sendo aí apareceram presentes os juízes ordinários, de órfãos, e mais oficiais da Câmara, a saber: juízes: sargento-mor Sebastião de Albuquerque Mello e capitão Manoel José do Monte; juiz de órfãos: Gregório Pires Chaves; vereadores: capitão Vicente Ferreira da Ponte e Manoel Coelho Ferreira; procurador do Conselho: Antonio Furtado dos Santos, os quais por apresentarem suas cartas de usanças dos ditos cargos, o dito ministro a cada um deferiu o juramento dos Santos Evangelhos sobre o cargo do qual lhe encarregou que servisse os ditos cargos cada um como eram obrigados guardando em tudo o segredo da justiça e observando o Regimento sem excederem e sendo por eles recebido o dito juramento debaixo dele assim o prometeram fazer, de que mandou o dito ministro fazer este termo de juramento em que com eles assinou Bernardo Gomes Pessoa, escrivão da correição escrevi “Carneiro de Sá” Sebastião Albuquerque de Mello, Manoel José do Monte, Vicente Ferreira da Ponte, Manoel Ferreira Torres, Manoel Ferreira, Antonio Furtado dos Santos e o juiz de órfãos Gregório Pires Chaves.
Nesse mesmo dia foram praticados pelo Dr. Ouvidor Geral e
corregedor da Comarca, João da Costa Carneiro e Sá, os seguintes atos: Termo de
facção do Pelouro e Abertura de um dos que foram eleitos para servir os cargos
da República até o fim do corrente ano nesta Vila Distinta Real de Sobral.
O que era o Pelouro
O Pelouro era bola de cera com um brilhante dentro, onde estava escrito o nome do que seria nomeado para servir de juiz ordinário, ou vereadores, que eram eleitos de três em três anos, e guardavam os pelouros na arca, ou cofre, e cada ano retirava um, e o nome do que ele contivesse seria daquele que havia de servir naquele ano.
Eis como se costumava proceder em Sobral em relação à guarda
dos pelouros, conforme se lê no Livro de Atas da Câmara: “acordaram que se
abrisse um dos pelouros que existiam no arquivo do mesmo, para cujo fim mandarão vir
um menino de nome Zito, menor de dez anos, e o cofre que contém os mesmos, e
aberto com as suas chaves, se tiram do mesmo cofre uma bolsa de chamalote azul,
fechada com o laço de fita encarnada, e aberta foi tirado pelo dito menino um
dos ditos pelouros, que na mesma bolsa se achavam, e abrindo-se dito pelouro,
assim tirado da bolsa, nele estavam escritos pelo ilustríssimo doutor
ex-ouvidor e corregedor da Câmara, Manoel José de Araújo Franco e os nomes das
pessoas seguintes... E logo recolhida a bolsa no cofre, que depois de fechado
pelos mesmos claviculários, o mandaram guardar no arquivo da Câmara.
Copia do Bilhete contido no Pelouro
Pelouro para um dos anos de 1819 a 1821
Juiz
de Órfãos
Jerônimo José Figueira de Mello
Juízes Ordinários
Francisco Ferreira da Ponte
Felix Ribeiro da Silva
Vereadores
Manoel Ferreira de Vasconcelos
João Rodrigues de Azevedo
Antonio José de Faria
Procurador
Alexandre Ribeiro da Silva
Sobral, 24 de outubro de 1818.
Ouvidor João Antonio Carvalho de Albuquerque.
Jerônimo José Figueira de Mello
Juízes Ordinários
Francisco Ferreira da Ponte
Felix Ribeiro da Silva
Vereadores
Manoel Ferreira de Vasconcelos
João Rodrigues de Azevedo
Antonio José de Faria
Procurador
Alexandre Ribeiro da Silva
Sobral, 24 de outubro de 1818.
Ouvidor João Antonio Carvalho de Albuquerque.
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