Obra portentosa de Dom José, ocorrida a 24 de maio de 1925. A partir desta data a medicina saiu das mãos individuais, embora hábeis e abnegadas dos grandes médicos que, no passado serviram a cidade. Trabalho herculeo, tendo em vista a falta de recursos, técnicos, e financeiros do tempo, a construção da Santa Casa, cuja pedra fundamental fora benta a 25 de agosto de 1912, foi esforço gigantesco que por si só bastaria para imortalizar o grande bispo sobralense. Na solenidade de inauguração, a fita simbólica foi cortada pelo Senador João Tomé, então em visita à terra natal, que compreendendo o alto significado daquela ocorrência, pronunciou as solenes palavras “abram-se as portas da caridade”.
Foi inaugurada a 24 de maio de 1925. Na construção do prédio foram gastos mais de 300 Contos de Reis.
Texto extraído do livro “História da Cultura Sobralense” de Pe. Fco. Sadoc de Araújo.
No dia 12 de agosto de 1912 houve a solenidade da bênção da pedra fundamental, feita pelo Bispo de Sobral à época e idealizador da nova instituição, Dom José Tupinambá da Frota. No fim de 1918, o prédio estava todo preparado e pintado, esperando por Irmãs Religiosas para dirigirem internamente o hospital.
Depois de um longo esperar, afinal, no dia 31 de Janeiro de 1925, chegaram de fato as Irmãs da Congregação das Filhas de Sant'Ana, para administrar o hospital.
No dia 24 de Maio de 1925, festa de N. S. Auxiliadora, assinala um dos fatos mais importantes da vida social sobralense. Com a honrosa presença do Representante do Exmo. Sr. Presidente do Estado, Desembargador Dr. José Moreira da Rocha, sobralense eminente, e um dos maiores protetores da Santa Casa, e perante enorme assistência de famílias, foi solenemente inaugurada a Santa Casa de Misericórdia de Sobral.
Em 1780 Lord Derby realizou uma corrida de cavalos na cidade de Epson, ao sul de Londres. Essa corrida veio a tornar-se a mais importante da Inglaterra, e ainda hoje é realizada. Com o passar do tempo, o patronímico Derby tornou-se sinônimo de grande páreo de cavalos: o Derby do Rio de Janeiro. O nome original do Jóquei Club do Rio de Janeiro era Derby Club. Dai o nome Derby Club de Sobral.
O Jockey club foi obrigado a paralisar suas atividades durante a seca de 1877. Corridas realmente organizadas como as de 1871 só foram reiniciadas a 19 de outubro de 1893, dia em que foi inaugurado o Derby Club Sobralense.
O hipismo sempre foi o esporte preferido do sobralense. Data de 1871 a criação de uma sociedade para a implantação de corridas de cavalos em Sobral. De lá para cá essa Sociedade desapareceu e ressurgiu diversas vezes. A principio as corridas eram realizadas no bairro da Betânia, num percurso que ia dos campos onde agora está o prédio da Cidao (transformado no Centec) até o Santo Cruzeiro existente no local onde hoje avulta o Arco de N. S. de Fátima.
O Dr. José Saboya de Albuquerque era um grande entusiasta deste esporte. Já no ano de 1892, ainda muito moço, era ele quem estava à frente desse movimento. Pelo inicio do século, ele trouxe as corridas de cavalos para o bairro do Prado, num local fronteiro a sua morada. Era um vasto trato de terra que se estendia da margem do Rio Acaraú até a atual Av. Dom José. Do lado norte era limitado pela Rua Cel. José Saboia; ao sul , pela rua Lúcia Saboia.
Dentro dessa área foi construída uma grande cerca de pau-a-pique em forma circular, constituindo uma raia de 690 metros de percurso (tanto assim era uma corrida de 700 metros tinha que começar 10 metros antes da marca de chegada). Aconteciam corridas de até 1200 metros. A média de cavalos por páreo era de três, mas havia páreo de quatro e até cinco corcéis. Era comum virem animais de Fortaleza correr aqui. O círculo central da raia foi aproveitado como campo de esportes. Naquele campo realizavam-se partidas de futebol, inclusive com times de Fortaleza.
Sobral constitui-se no pólo de atração do esporte hípico de toda zona norte do Estado, e as corridas de cavalos mais importantes do Ceará realizava-se aqui. Os cavalos vencedores eram entusiasticamente banhados de cerveja, e houve um que foi banhado de perfume francês: o cavalo Ïmperator, de propriedade do Sr. Antônio Mont'Alverne Filho, no ano de 1924.
A um lado da raia localizavam-se a casa de apostas. As arquibancadas e demais dependências do clube, inclusive a parte baixa, onde funcionava o bar e as adjacências ficavam completamente lotadas. Parecia quea cidade se transportava em massa para ali, numa neurose coletiva.
A partir de 1935 o Derby Club teve sede e terrenos próprios. Posteriormente este terreno foi vendido ao Sr. José Napoleão Parente e Silva, pela importância importância de 1500 contos. Essa transação possibilitou a construção da sede atual. As últimas corridas no prado antigo realizaram-se em 1954. Uma corrida no ano de 1952 bateu o recorde em número de espectadores, sendo superada apenas pelas realizadas ulteriormente no hipódromo novo.
O atual hipódromo foi inaugurado em 1955. A arquibancada foi projetada pelo engenheiro Luciano Pamplona, completando-se inteiramente a obra, que é, inquestionavelmente o terceiro melhor hipódromo do Nordeste.
O ramal de Camocim originalmente foi o trecho inicial da E. F. do Sobral (Camocim-Sobral), aberto nos anos 1881 e 1882. Em 1909, toda a E. F. de Sobral foi juntada com a E. F. de Baturité para se criar a Rede de Viação Cearense, imediatamente arrendada à South American Railway. Em 1915, a RVC passa à administração federal. A linha da antiga E. F. de Sobral chega a seu ponto máximo em Oiticica, na divisa com o Piauí, em 1932, mas, em 1950, com a ligação de Sobral a Fortaleza pelo ramal de Itapipoca, o trecho Sobral-Camocim passou a ser um ramal apenas, saindo da linha Norte, formada a partir de então. Trens de passageiros percorreram o ramal até 1976. A linha foi então desativada e, embora oficialmente tenha sido erradicada em 1994, seus trilhos foram retirados bem antes dessa data.
A ESTAÇÃO: Os primeiros habitantes de Camocim remontam ao final do século XVIII. Tornada porto pela habilidade de Gabriel Rocha em conduzir qualquer navio pela barra, a cidade foi crescendo rapidamente. "A 3 de outubro de 1857, foi concedido a Tomas Dixon Lowden, pelo Governo Imperial, privilégio por 50 anos para construir uma estrada de ferro de Camocim até Ipu. Em 19 de junho de 1878, o Governo Imperial voltou a olhar o problema da construção da estrada de ferro, autorizando os estudos e construção do trecho de Camocim a Sobral. À tarde do dia 24 de julho do mesmo ano, os habitantes de Camocim foram agradavelmente surpreendidos com a entrada no porto do vapor Guará, conduzindo a ilustre comissão de engenheiros encarregada dos trabalhos da referida estrada. A população camocinense recebeu a comissão aludida com grande demostração de alegria e, em favor da deficiência de domicílios, algumas famílias cederam os seus, para abrigar os engenheiros e foram habitar em palhoças. A 5 de agosto de 1878, tiveram início os estudos para a construção da estrada de ferro. A 26 de março de 1879, realizou-se com assistência do Presidente da Província e solenidade de estilo, o assentamento do primeiro trilho da estrada de ferro em Camocim, sendo convidado, pelo Dr. Rocha Dias, para bater o primeiro grampo, o Dr. José Júlio de Albuquerque. Compareceram ao ato todas as autoridades de Granja e Camocim, além de elevado número de pessoas gradas. A inauguração do primeiro trecho da Estrada de Ferro de Sobral, entre Camocim e Granja, numa extensão de 24,5 quilômetros, ocorreu no dia 15 de janeiro de 1881, dois anos após o início dos trabalhos. A antiga capela de Camocim, que por muitos anos serviu de matriz, foi iniciada em 1880 obedecendo à planta e direção do Engenheiro José Privat, primeiro diretor da Estrada de Ferro de Sobral (...)" (Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XVI, IBGE, 1959). A estação de Camocim foi, então, inaugurada em 1881 como ponto inicial da E. F. de Sobral. O município havia sido criado em 1879. Seu porto se desenvolveu mais ainda com a ferrovia. Por volta de 1949, consta que o governador do Ceará tentou extinguir o ramal de Camocim, e ouve um levante popular contra essa atitude. O levante acabou adiando a extinção do ramal, se é que realmente era esse o objetivo do Governador. Na verdade, parece que o que ele queria era fechar o porto, o que acabaria por levar à supressão do ramal, que perderia muito movimento, e, na época, a ferrovia era praticamente a única fonte de suprimentos e de transporte para Camocim. De qualquer forma, até janeiro de 1976, pelo menos, o Guia Levi ainda acusava o tráfego de trens de passageiros na linha de Camocim a Oiticica. Em 1978, já não mais. "Conheci o engenheiro que arrancou os trilhos deste ramal. Em 1980 ele era o Engenheiro Residente em Tirirical, em São Luiz, portanto a linha deve ter sido tirada bem antes disso" (Coaraci Camargo, 2005). "Essa locomotiva Whitcomb Endcabe 650 hp - U.S.A, de n° 612, escreveu uma página negra na história ferroviária do ceará. No ano 1951, na linha sul (Estrada de Ferro de Baturité) ao sair de Quincoê buscando Fortaleza, tombou com um trem de passageiros com saldo de 200 mortos (extra oficial). Somente ela e um vagão permaneceram nos trilhos. Nesse ponto da Foi no ano de 1878 a data do Decreto de S. M. o Imperador autorizando a construção de uma estrada de ferro que partindo de Camocim se destinasse a Sobral.
Desde 14 de julho de 1867, pelo menos, quando foi encerrado o drama “O Triunfo da Virtude” de autoria de Manoel de Leite Machado, já existia em Sobral o Teatro Apolo situado na antiga Rua da Gangorra. Aí, o Clube Melpômene exercitava as vocações literárias da juventude sobralense daquela faustosa época. O adolescente Domingos Olímpio, nascido em 1850, era espectador assíduo das encenações no Apolo. Quando em 1870 viajou para Olinda com o fim de cursar à Academia de Direito, já levava consigo a inclinação para o teatro, obtida no torrão natal. Tanto é assim que, ainda como estudante em Olinda, escreveu o drama “A Perdição” que foi encenada pela primeira vez a 12 de setembro de 1874, pelo Recreio Familiar do Teatro São Pedro de Alcântara.
Não é de admirar que estes quatro ilustres sobralenses, residindo ao mesmo tempo na cidade natal e dotados de tanto talento, resolvessem incentivar os homens ricos da terra a organizarem uma sociedade que tomasse a peito a tarefa de construir uma obra cultural que projetasse a cidade e pudesse continuar o trabalho pioneiro do acanhado Teatro Apolo que, pelas limitações físicas de sua sede, não tinha condições de expandir. Surgiu assim a idéia da fundação da “União Sobralense”, sociedade de caráter cultural, cujos estatutos foram logo elaborados no início de 1875. De pronto foram vendidas as ações patrimoniais, e a primeira diretoria ficou assim constituída: Dr. Antonio Joaquim Rodrigues Júnior, Presidente ; Dr. João Adolfo Ribeiro da Silva, Vice-Presidente; Domingos José de Sabóia e Silva, Ernesto Deocleciano de Albuquerque e João Frederico Ferreira Pimentel, Adjuntos; Zacarias Tomás da Costa Gondim, Secretário e José Clementino do Monte, Tesoureiro.
Na primeira sessão ordinária da nova sociedade nasceu a idéia de se construir uma grande e confortável casa de espetáculo com o nome de Teatro São João, nos moldes do Teatro Santa Isabel do Recife, tão conhecido dos idealizadores do empreendimento.
Em ofício à vereação, do dia 31 de maio de 1875, a União Sobralense solicitava da Câmara Municipal a licença para a construção do prédio, na Praça Menino Deus, com planta de João José da Veiga Eraga, sendo o requerimento deferido por unanimidade.
No local escolhido haveria três casinhas de taipa, habitadas por pobres operários. Era necessário desapropriá-las. Neste sentido, a sociedade, em ofício lido na vereação de 14 de junho, pedia que a Câmara fizesse os atos legais da desapropriação à custa do cofre municipal. Os vereadores indeferiram a súplica “pela razão de que tinha aplicação mais justa a fazer da verba destinada a tal fim e de que a providência pedida podia ser praticada pela associação do teatro, vistos estas casas no terreno onde deve construir o teatro, e em tal caso o negócio torna-se quase que particular”. E o sisudo e austero Presidente da Câmara, o Coronel Joaquim Ribeiro, mandou “que assim fosse respondido o ofício”. Diante deste inesperado indeferimento, os responsáveis pela União Sobralense não tiveram outra alternativa senão adquirir os casebres por compra, para demolição.
Vencido este primeiro obstáculo, os cuidados se dirigiram para a preparação da festa do lançamento e benção da pedra fundamental que se realizou na manhã do dia 03 de novembro de 1875, Quarta-feira, em cerimônia dirigida pelo Dr. Rodrigues Júnior. O Pe. João José de Castro, coadjutor da matriz, realizou a benção litúrgica na forma do Ritual. Na ocasião, o Dr. Domingos Olímpio, em vibrante e inspirado discurso, mostrou a importância cultural do acontecimento. O Paraninfo da festa foi o ilustrado sobralense, Dr. Vicente Alves de Paula Pessoa, juiz de Direito, e os trabalhos de construção foram imediatamente iniciados sob a orientação do mestre de obras, Isidoro Gomes da Ponte.
Durante todo o ano de 1876, os serviços continuaram em ritmo acelerado, sofrendo paralisações sucessivas durante todo o ano de 1877 por motivo da terrível seca que assolou a província. Nesse ano seco de triste memória, a situação sanitária e econômica da cidade foi das mais vexatórias. Epidemias, fome, desemprego tornaram-se problemas sérios para as autoridades e para a população, conforme se pode ver lendo a imprensa local da época . O jornal “Sobralense”, cuja coleção quase completa se encontra arquivada no Centro de Pesquisas Históricas e Geográficas da UVA e foi por nós folheado, apelava insistentemente, em suas edições semanais, para os poderes públicos da Província no sentido de enviar verbas para a construção de obras que propiciassem oportunidades de emprego a milhares de retirantes que, provenientes das diversas localidades da região, perambulavam pelas ruas da cidade.
Em sua edição de 4 de março dizia o periódico : “Está muito adiantada a construção do edifício para o teatro, entretanto consta-nos que brevemente serão paralisadas as obras, por falta de dinheiro”. Apesar das dificuldades o trabalho continuou.
Chegaram verbas para a construção de uma escola pública na Praça Imperial, da Cadeia Pública onde se celebrizou a operária Luzia Homem protagonista do notável romance de Domingos Olímpio, de novo Cemitério e da reforma do teto da Matriz. A cidade vivia assim momentos de abatimento moral provocado pela seca e de agitação febril pela avultado número de operários nas várias construções.
Se as verbas do poder público aceleraram as demais construções, o teatro entregue a particulares não pôde acompanhar o mesmo ritmo. Mas, apesar das indigentes dificuldades que teve de enfrentar, foi inaugurado festivamente no dia 28 de setembro de 1880, Domingo, às 8 horas da manhã com a encenação da comédia- trama “A honra de um taverneiro”, em três atos, seguida de uma chistosa comédia, em um ato intitulada “Meia hora de Cinismo”. Dizia o anúncio publicado no “Sobralense”. “Depois que a orquestra tiver executado uma linda synphonia será representada, pela primeira vez nesta cidade, a muito aplaudida comédia-drama”.
O editor do jornal, José Ferreira Lemos, o conhecido Pintor Lemos, sobralense, autor da tela Ceia Larga que se encontra na capela do Santíssimo Sacramento da Catedral, fazia a seguinte advertência: “Reiterando o apelo que dirigimos à generosidade do povo sobralense, no sentido de concorrer ao espetáculo com que uma plêiade de jovens hoje vai estrear na cena dramática, nós recomendamos à autoridade dos dignos pais da família o cuidado de proibir dentro do recinto do teatro o uso do fumo e daquela algazarra infernal que tão tristemente recorda a platéia do antigo teatro. A ordem e a decência que um auditório civilizado deve guardar nos espetáculos públicos são os motivos que determinam a nossa respeitosa recomendação”.
A peça foi encenada sob autorização do Delegado de Polícia Francisco Luís Vasconcelos e a “União Sobralense” pagou 85 mil réis de imposto pela abertura do teatro. Entre os atores, todos Sobralense, destacamos Antônio Montalverne, Domingos Bessa, Miguel Cialdini, Raimundo Braulino, Raimundo Arruda Diomedes, José Vicente Franca Cavalcante, pintor Lemos, entre outros. Os ingressos foram cobrados a dois mil réis em poltrona numerada e um mil réis nas gerais. A renda foi em favor das obras da Matriz.
Aí está, em dados sucintos, a história do nascimento do Teatro São João de Sobral, empreendimento gigantesco da sociedade sobralense que tantas vocações literárias despertou e tanta alegria proporcionou à população da cidade. Orgulho de cada um nós e expressão vigorosa do valor de nossos antepassados.
A Câmara Municipal de Sobral, Ceará, foi instalada quando o aglomerado recebeu a denominação de VILA DISTINTA E REAL DE SOBRAL, em 05de JULHO de 1773, na presença do 10º. Ouvidor -Geral do Ceará, João da Costa Carneiro e Sá com a eleição de dois juízes e de três vereadores. A elevação a condição de vila foi por ordem do Governador de Pernambuco, Manuel da Cunha Menezes.
Também era facultado AOS EDÍS o direito de nomear procuradores às cortes e de representação as autoridades superiores e ao próprio rei.
No exercício de suas funções deliberativas a câmara era composta apenas do juiz e seus vereadores.
A princípio essa reunião era chamada de vereação ou conselho de vereadores, e só posteriormente o termo câmara foi utilizado para designar a reunião de vereadores sob a presidência do juiz. Quando as reuniões da câmara municipal ocorriam com os "homens bons", ou seja, a elite local, era denominada de juntas gerais.
Até meados do século XVII, as câmaras eram instrumentos de dominação política dos senhores feudais. E muitas vezes a própria Coroa portuguesa se mostrava impotente face a "rebeldia" e aos desmandos da elite agrária. O próprio rei, muitas vezes, sancionava abusos cometidos pelos representantes municipais, através do poder local (câmara), contra a população que, naquela época, era composta de índios, escravos e dos trabalhadores "livres"dependendes (exceto os índios) da nobreza fundiária.
Com a independência do Brasil e a implementação de uma política centralizada durante o império (1822-1889), a ação do poder municipal sofre uma retração. As câmaras, a partir da Constituição Imperial de 1824, perderam seu antigo poder, ficando reduzidas a corporações meramente administrativa impedidas de exercerem qualquer jurisdição contenciosa.
Foi também nesse período que Sobral, adquiriu através da Ordem Imperial de 17 de março de 1823, o status de cidade, com direito a escolher, através do voto, nove vereadores elegíveis após dois anos de residência no termo (município). A duração da legislatura passa a ser de quatro anos e a presidência da câmara era exercida pelo vereador mais votado que também acumulava a função executiva pois ainda não havia a figura do prefeito, que só se implantou no Ceará a partir de 5 de agosto de 1914, em substituição aos intendentes que, por sua vez passaram a existir em nosso estado com a constituição cearense de 1892.
O ato adicional de 12 de agosto de 1834 altera alguns artigos constitucionais com a intenção de conceder, dentro de uma filosofia descentralizadora e federalista, maior autonomia as câmaras quando mantinha a escolha dos juízes de paz através de eleições municipais. Porém, em alguns artigos o ato estava em desacordo com o princípio de autonomia de poder municipal, vez que operacionalizava uma grande subordinação das câmaras municipais as Assembléias legislativas provinciais. As mínimas autorizações como: criar ou modificar posturas, efetuar pagamentos, decidir sobre mercados, talhe de carne, cessão de imóveis, etc, eram discutidas inicialmente na Comissão das Câmaras Municipais das Assembléias Provinciais. Esta dependência se estenderia até a Proclamação da República (1889) quando a autonomia entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário foi reestabelecida.
Por ser um órgão de importância supra em um regime representativo, a Câmara Municipal de Sobral, desde a sua criação aos dias de hoje, passou por várias transformações na tentativa de adaptar-se aos novos desafios impostos aos municípios, principalmente quando o país sofreu mudanças yna sua estrutura jurídica e política.
Em alguns períodos da história política brasileira a Câmara Municipal de Sobral, foi cerceada deixando algumas vezes de legislar. O primeiro foi por acasião da instituição do regime republicano quando foi dissolvida e, em seu lugar, criado um Conselho de Intendência cujos membros eram nomeados pelo governo estadual.
O outro refere-se a vigência do Estado Novo (1937-1945) instituído por Getúlio Vargas, quando os municípios perdem a cidadania política e a sua autonomia político-administrativa, vez que as casas legislativas foram fechadas.
“ Aos cinco do mês de julho do ano de 1773 nesta povoação da Caiçara, Capitania do Ceará Grande, um terreno do meio dela, onde veio o Dr. “ Aos cinco do mês de julho do ano de 1773 nesta povoação da Caiçara, Capitania do Ceará Grande, um terreno do meio dela, onde veio o Dr. Ouvidor Geral e Corregedor da Comarca João da Costa Carneiro e Sá, comigo escrivão do seu cargo adiante nomeado, e mais parte das pessoas mais capazes do povo deste termo, e sendo no lugar do pelourinho, que o dito ministro mandou fazer, e ai por mim escrivão foi comunicado a todas as pessoas presentes o transunto da carta do Exmo. Governador de Pernambuco, edital e ordem de sua majestade Fidelíssima, tudo copiado na certidão retro, depois do que por ordem do dito ministro em voz alta e inteligível pelo mesmo meirinho geral da Correicão João dos Reis foi dito três vezes:
Real! Real! Real! Viva o nosso Rei Fidelíssimo, o Sr. D. José de Portugal! Cujas palavras repetiu todo o povo em sinal de reconhecimento da mercê que recebia do mesmo Senhor pela ereção desta vila de Sobral.
E tudo para constar mandou o dito ministro fazer este termo em que assinou com todos os presentes. Eu Bernardo Guimarães Pessoa, escrivão da correição, o escrevi. Carneiro e Sá, Bento Pereira Viana, Jeronimo Machado Freire, José de Xerez Furna Uchoa, Sebastião de Albuquerque Melo, Luiz de Sousa Xerez, Alexandre de Holanda Correia, Vicente Ferreira da Ponte, Manoel Coelho Ferreira, José de Araújo Costa, Manoel da Cunha, Antônio Miguel Pinheiro, João Marques da Costa, Feliciano José de Almeida, Manoel Ferreira Torres e André José Moreira da Costa Cavalcante.
A primeira capela para a Matriz de Nossa Senhora da Conceição começou a ser construída em 1746, tendo por responsável o Pe. Antônio de Carvalho e Albuquerque, e por provisão de Dom Frei Luis de Santa Teresa, bispo de Olinda. Não consta quando foram concluídos os serviços de construção, nem quando a igreja foi benta, que segundo o costume do tempo, tinha uma única porta na frente com duas pequenas janelas em cima, correspondentes ao coro, sem torres com o pavimento de barro batido e com única sacristia do lado do nascente.
Certamente grandes deviam ser os defeitos de construção da pobre Matriz de Caiçara, pois quatorze anos depois já ameaçava ruína. O Visitador Dr. Veríssimo Rodrigues Rangel chamava a atenção dos fiéis para a iminente ruína da sua Matriz através de uma carta no dia 20 de agosto de 1760, na qual determinava que a igreja fosse rebocada por cal e areia por dentro e por fora, e do mesmo modo se pavimente toda de tijolo.
Apesar de todas estas advertências e medidas tomadas para manter a segurança da obra, não se pode evitar a ruína prevista; tanto que o Pe. João Ribeiro Pessoa, sucessor do Pe. Albuquerque, ao tomar posse em 1762, resolveu demolir a capela-mor para reconstruí-la com maior solidez, o que realizou pouco tempo depois, mas não no mesmo local.
No dia 5 de novembro de 1778 foi benta e lançada a primeira pedra da nova igreja Matriz de N. S. da Conceição da Vila de Sobral pelo Pe. João Ribeiro Pessoa. A igreja devia ser edificada em forma de cruz latina. Confirma essa afirmação o fato de ser o teto da igreja antes da reforma de 1876 dividido em quatro partes, como se realmente fosse destinado a cobrir uma área em forma de cruz.
Somente no dia 1 de fevereiro de 1781 pôde ser benta a capela-mor da nova Matriz de Nossa Senhora da Conceição. As torres começaram a ser levantadas em 1836 e só ficaram terminadas em 1849 a do nascente e em 1851 a do poente. Atingidas mais de uma vez por faíscas elétricas, foram restauradas posteriormente. O patamar foi feito em 1838. O relógio foi comprado em Paris em 1870 e colocado na torre do poente no ano seguinte. O sino grande foi refundido em Pernambuco em 1853 e é um dos mais sonoros que se conhecem. A igreja da Sé, como é conhecida em Sobral, possui um bonito presépio ao lado do altar principal, com dimensões naturais, que foi encomendado de Paris em 1912.
Aproveitando o ensejo das festas comemorativas do primeiro centenário da elevação da Vila de Sobral à categoria de cidade (12 de janeiro de 1842), no dia 17 de maio de 1938 começaram os trabalhos de reforma da igreja, os quais só foram ser encerados no dia 22 de maio de 1941. A festa de N. S. da Conceição, padroeira de Sobral, é comemorada no dia 8 de dezembro.