quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

A saga de Branca Dias, de quem descendem muitas famílias sobralenses







Branca Dias e seu marido, Diogo Fernandes Santiago, deixaram vasta descendência.Muitas famílias SOBRALENSES descendem de Branca Dias.
O ano de nascimento de Branca Dias é estimado como sendo 1515 a partir de depoimentos dados por terceiros ao Tribunal do Santo Ofício. O ano aproximado de sua morte em Pernambuco é conhecido graças ao depoimento de um neto de Branca que veio a ser exilado do Brasil por prática de sodomia. Em sua inquirição ocorrida no ano de 1595, o jovem Jorge de Sousa afirma ter conhecido sua avó, Branca Dias, e diz que ela teria morrido seis ou sete anos atrás, ou seja, entre 1588 e 1589[2].
Com uma existência entre história e lenda, considerada uma das heroínas do Brasil Colonial e de Pernambuco, Branca Dias foi, no Brasil do século XVI, a primeira mulher portuguesa a manter uma «esnoga» (sinagoga) em suas terras, a primeira «mestra laica de meninas» e uma das primeiras «senhoras de engenho».
Denunciada pela mãe e pela irmã e presa pela Inquisição nos Estaus, em Lisboa, Branca Dias embarca para o Brasil com sete filhos, juntando-se ao marido, Diogo Fernandes, vivendo ambos entre Camaragibe e Olinda, onde tiveram mais quatro filhos (também educou uma enteada, Briolanja Fernandes).
Com a primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil, em finais do século XVI, filhos e netos de Branca Dias são presos sob a acusação de reconversão ao judaísmo e enviados para Lisboa, onde foram igualmente punidos em autos-de-fé.
Sua história é cheia de nuances: da infância no Minho à velhice em Olinda, a sua prisão em Lisboa, a existência perturbada no engenho de açúcar, o levantamento da casa grande de Camaragibe e da casa urbana da rua dos Palhares (ainda hoje existentes), o convívio com Duarte Coelho, primeiro capitão donatário de Pernambuco, a morte de Pedro Álvares da Madeira, comido pelos tupinambás, o candomblé dos escravos pretos, os terrores de uma nova geografia e uma nova fauna, o martírio do povo miúdo português no Novo Mundo.
Com direção de Samy Waitzberg, o curta documental Branca Dias faz um resumo biográfico da personagem através de uma entrevista com o pesquisador cearense Cândido Pinheiro Koren de Lima.[3]

Halloween do Recife: Conheça a lenda do fantasma de Branca Dias

A lenda fala sobre uma judia, chamada Branca Dias, que foi perseguida e morta pela inquisição católica.



Pouco conhecida pela população em geral, a judia portuguesa Branca Dias, que viveu no século 16 entre Portugal e Brasil, deveria merecer muitas páginas nos livros de História, e especialmente na história de Pernambuco e de Camaragibe. Símbolo de resistência à opressão e ao obscurantismo, ela sobreviveu à Inquisição e foi uma das primeiras mulheres a atravessar o Atlântico, vindo juntar-se ao marido, Diogo Fernandes, em 1545, trazendo sete dos onze filhos que veio a ter. Mesmo não muito divulgada, sua vida já foi homenageada em músicas, histórias em quadrinhos, livros e até um videodocumentário. Ah, dizem que seu fantasma assombra os visitantes de um riacho na zona oeste do Recife.

Ainda nos primórdios do Brasil Colônia, o comerciante português Diogo Fernandes ganhou de Duarte Coelho a sesmaria de Camaragibe, onde deveria fundar um engenho de cana (onde hoje fica a Casa de Maria Amazonas, na entrada da cidade de Camaragibe). Era 1540. Diogo veio na frente preparar o terreno para trazer a família para o Brasil, deixando Branca e os filhos em Portugal, onde ela terminou sendo delatada ao Santo Ofício pela própria mãe e uma irmã (também encarceradas), e presa nas masmorras de Lisboa. Ali, Branca passou dois anos terríveis, sem contato com os filhos e, depois de solta, conseguiu fugir para o Brasil.


Mas aí já era 1545 e Diogo Fernandes havia tido uma filha com Madalena Gonçalves, a empregada que viera com ele de Portugal. A menina chamava-se Briolanja Fernandes. Apesar da decepção, Branca Dias perdoou o marido e aceitou que tanto a menina como a mãe dela continuassem vivendo em sua casa.  

Pioneirismo 

Branca Dias não somente era uma das raras mulheres que sabiam ler no Brasil do século 16. Foi também a primeira judia a praticar o judaísmo nas Américas. Ela e o marido tinham, além do engenho, uma casa em Olinda. Em ambas as casas, mantinham espaços secretos para os cultos judaicos (esnogas), onde reuniam outros criptojudeus, como eram conhecidos os cristãos-novos que continuavam a praticar secretamente o judaísmo, sob constante ameaça de serem delatados à Inquisição. 

Escola para moças 

Contam os relatos históricos que, por volta de 1555, os índios tupinambás atacaram o Engenho Camaragibe, acabaram com o canavial e derrubaram suas edificações, inclusive a Casa Grande. Prenderam o sócio de Diogo Fernandes, Pedro Álvares Madeira, e o devoraram em um ritual antropofágico. Destruído o engenho, Branca decidiu abrir uma escola de moças em Olinda, com o intuito de ajudar no orçamento doméstico. Eram muitas bocas a alimentar, pois o casal já tinha sua prole completa, constituída por três filhos e oito filhas, dentre os quais Brites, que nascera corcunda e deficiente mental, e Manoel Afonso, que nasceu sem os braços. Essas crianças foram, inclusive, alvo de atenção especial dos pais. Branca, pessoalmente, ensinou Manoel Afonso a escrever com os dedos dos pés; e, para Brites, guardou a digníssima função de ser a “guardiã da Torá”, coisa incomum às mulheres.

Após o falecimento de seu marido, em 1567, Branca tornou-se a primeira senhora de engenho de que se tem notícia, permanecendo dez anos à frente do que sobrara do Engenho Camaragibe, já que a maior parte das terras teve que ser vendida. Com tantos filhos para criar, e diante das dificuldades, mudou-se para Olinda, onde fundou a  primeira Escola de Prendas Domésticas do Brasil. E assim passou a se dedicar totalmente à educação de meninas “para o disputado mercado matrimonial”, ensinando a elas boas maneiras, a lavar, costurar, cozinhar e tomar conta de uma casa. Branca morreu em 1574. 

Lenda 


Branca Dias não foi só a primeira professora de meninas, nem a fundadora da primeira sinagoga de Pernambuco, nem a primeira senhora de engenho. Ela também virou personagem de uma conhecida lenda. Dizem que o Riacho do Prata, em Dois Irmãos, tem esse nome porque ela teria lançado suas joias de prata ali quando soube da chegada da Inquisição ao Brasil. E que até hoje o fantasma dela permanece nas redondezas, vigiando seu tesouro afundado. 

Sobre essa assombração, Carlos Drummond de Andrade escreveu estes versos: ‘É acusada de judaísmo/ Já vão prendê-la/ Atira joias e prataria na correnteza/ A água vira Riacho de Prata/ Morre queimada no santo lume da Inquisição em Portugal/ Reaparece na Paraíba, em Pernambuco/ Sob o luar toda de branco/ Sandálias brancas e cinto azul-ouro…’  

Descendentes 

Fascinante, a vida de Branca Dias inspirou diversas obras, como livros (Memórias de Branca Dias, de Miguel Real; Branca Dias, O Martírio, de Arnaldo Niskier; e Branca Dias, de Cândido Pinheiro Koren de Lima); a peça O Santo Inquérito, de Dias Gomes; a canção Branca Dias, de Edu Lobo; outra música de mesmo nome, da cantora brasileira Fortuna Safdié (que gravou um clipe com a participação de Lia de Itamaracá); o documentário Branca Dias, Identidade, Perseguição e Resistência, de Samy Waitzberg.  

A versão fantasmagórica de que ela assombra os visitantes do Riacho do Prata está retratada nas histórias em quadrinhos Assombrações do Recife Antigo, da pernambucana Roberta Cirne, e A Máscara da Morte Branca, do baiano Alexey Dodsworth.  

Fantasma ou não, Branca Dias vive em muitas almas nordestinas. Com uma descendência gigantesca, o casal Branca e Diogo Fernandes está na origem genealógica do povo judeu que vive até hoje nesta e em outras partes do país. Começando pelos 11 filhos e 27 netos, sua descendência tem hoje, entre outros milhares, a cantora Marisa Monte e o político Ciro Gomes, por exemplo. 

Fontes consultadas: 
RODRIGUES, Maria de Lourdes Neves Baptista. Disponível em: http://engenhosdepernambuco.blogspot.com.br/ Data de acesso: dia/mês/ano
http://www.morasha.com.br/ 
Wikipedia
http://www.orecifeassombrado.com/tag/riacho-do-prata/
BRANCA DIAS – Identidade, Perseguição, Resistência (2020), de Samy Waitzberg 



 



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