domingo, 1 de maio de 2011

Capela de Santo Antonio

É a menor capela de Sobral. Em 1765 já existia o pequeno nicho, dedicado a Nossa Senhora do Bom Parto, onde o padre João Ribeiro Pessoa, durante a construção da Matriz, conservou as sagradas imagens e o Santíssimo Sacramento.
Quando Manuel de Sousa Leal e sua mulher Vitória da Silva Dorneha venderam a terra, que pertence atualmente ao patrimônio de Nossa Senhora do Rosário em 1795, excetuaram “os chãos que foram necessários para se levantar a Igreja de Nossa Senhora do Livramento”.
Essa igreja, porém, nunca se construiu, talvez porque sendo o terreno doado muito vizinho ao nicho de Nossa Senhora do Bom Parto, não havia conveniência em edificar nova capela na mesma rua.
O mencionado nicho, já em vigor em 1839, estava fora do alinhamento, e o padre Antonio Fialho o demoliu para construir no seu lugar a atual capela, iniciada em 1853 e benta quatro de junho de mil oitocentos e cinqüenta e cinco, Houve então grandes festas, sendo celebrado com desusado brilhantismo o novenário de Santo Antonio de Pádua, cuja imagem se venerava no mesmo nicho.

A Sedição de Sobral - 1840



 O senador José Martiniano de Alencar, presidente do Ceará, chegou em Sobral no dia primeiro de dezembro de 1840, hospedando-se no palacete do seu amigo senador Francisco de Paula Pessoa, que depois foi o Palácio Episcopal e hoje é o Colégio Sat’Ana.
Viera com alguma força para induzir o tenente coronel Francisco Xavier Torres entregar o comando da Força Pública, o que até então não tinha querido fazer, a fim de evitar uma revolta, que se receava, das tropas enviadas para combater os Balaios.
Surgiram então em várias partes da Província sedições contra a administração, aliás muito profícua, do senador Alencar, começando por S. Bernardo, onde os insurgentes prenderam algumas autoridades e se apoderaram da Vila a vinte e três de novembro daquele ano. O fim era depor o presidente e substituí-lo pelo Dr. Miguel Fernandes Vieira, chefe da oposição.
A sedição em Sobral começou na noite de onze de dezembro, sendo o palacete dos senador Paula alvejado pela força ao mando do tenente coronel Francisco Xavier Torres, empenhando-se um combate nas ruas da cidade, em que foram mortos quatro soldados e feridos oito, tendo a gente da legalidade dois soldados mortos e cinco feridos.

Festa das Candeias

No dia dois de fevereiro, festa de Purificação de Nossa Senhora, conhecida pelo nome de Festa das Candeias, costumava-se antigamente levar velas para serem bentas antes da missa conventual. Antes do decreto do Santo Padre Pio X, era então dia santo.
Á noite todas as casas tinham as suas janelas iluminadas com lanternas acesas em honra de Nossa Senhora das Candeias. Este piedoso costume desapareceu no centro da cidade, há muitos anos, mas ainda hoje conserva-se religiosamente nos subúrbios de Sobral, onde todos os casebres, por mais pobres e humildes que sejam, ostentam nessa noite a sua lamparina acesa sobre a soleira das ruas portas ou janelas.
É um espetáculo impressionante, quando de uma eminência qualquer contemplam-se centenas de pequenas chamas, à semelhança dos arraiais em tempo de festas nos nossos sertões cearenses.

Apostolado da Oração



No dia 6 de abril de 1877 foi pelo Pe. Dr. João Augusto da Frota, fundado nesta Freguesia o Apostolado da Oração, com sede na Matriz, sendo sua 1ª presidente a freira Isabel de Maria Frota, irmã do reverendo sacerdote, que ocupou o cargo até sua morte, ocorrida a 26 de março de 1916. Faleceu esta virtuosa senhora com fama de grande santidade.
Nasceu em Sant’Ana a 9 de março de 1843: Filha legitima de Antonio da Frota Vasconcelos e D. Ana Joaquina de Menezes. Por ocasião das missões do Pe. Ibiapina, tomou o “véo” de beata.
Dela dizia monsenhor Diogo, vigário de Sobral: “É a alma mais perfeita da paróquia”. Em 6 de abril de 1927 celebrou-se com extraordinária pompa o 50º aniversário dessa fundação, havendo Missa Pontifical e à tarde imponentíssima procissão com a imagem do Santíssimo Sagrado Coração de Jesus, depois da qual houve “Te Deum” e Benção eucarística.
Por expressa faculdade do Santo Padre, o Papa Pio XI, nesse dia o bispo concedeu aos fiéis Indulgência Plenária com a bênção papa. Durante o longo do tempo de sua existência nunca deixou de celebrar-se no altar do S.S. Coração de Jesus a miss a da 1ª sexta-feira do mês.

General Tibúrcio em Sobral

Uma memorável manhã, Sobral amanheceu engalanada. Faziam justamente 30 anos que o pequeno Tibúrcio o humilde moço desconhecido, de origem obscura, sem possuir nome nem fortuna, deixava esta mesma cidade, e que agora voltava coberto de louros e glória.
Tibúrcio trazia a sua honrosa visita a Sobral, onde possuía ainda parentes e um considerável número de amigos e admiradores.
A sua visita fora anunciada previamente, dando lugar, assim, para que a população da cidade-moça o pudesse receber galhardamente, tal como fazia jus o bravo soldado que tão heroicamente defendera o patrimônio brasileiro na famosa guerra do Paraguai.
Uma numerosa caravana de cavaleiros partira de Sobral às primeiras horas do dia, ao encontro do ilustre visitante. Eram cidadãos da mais alta representação social da terra. O encontro se deu a cerca de duas léguas distante de Sobral.
A 9h30, o general Tibúrcio Ferreira de Sousa, garbosamente montado e seguido do numeroso séquito, fazia a sua entrada triunfal, como um dos mais insignes generais brasileiros, na mesma cidade, em que há trinta anos, chegava anônimo e desconhecido.
O primeiro contato do general em Sobral foi a praça que tinha o seu nome: “Praça General Tibúrcio”, sendo ali aclamado por imensa multidão. Aquele logradouro público havia recebido caprichosa ornamentação.
O ilustre visitante, juntamente com os seguidores e sob as notas entusiásticas do Hino Nacional encaminhou-se pela Rua Marquês de Herval (depois da Rua da Aurora, hoje Domingos Olímpio), onde havia seus manifestantes erguido um Arco de Triunfo, onde se entrelaçavam as bandeira e francesa com esta inscrição: “O Brasil e a França ao General Tibúrcio”.
Ali foram erguidos entusiásticos vivas a Tibúrcio, ao Brasil e a França.
A grande comitiva acompanhou-o dali até a residência do capitão Ferreira de Arruda, primo de Tibúrcio.
À noite foi promovida em honra de Tibúrcio, uma passeata que foi muito concorrida e que, partindo da Praça General Tibúrcio, seguia até a Praça da Bandeira, acompanhada de música local, indo parar em frente à residência do capitão Vicente Ferreira Arruda, onde se fizeram ouvir aplaudidos tribunos doutores Antonio Ibiapina e Raimundo de Arruda, falando também, nessa ocasião, o ilustre homenageado.

Os escravos em Sobral



Eram bastante numerosos e vinham de Pernambuco, Maranhão e Bahia. Os senhores não costumavam praticar contra eles os horrores de que estão cheias as crônicas do tempo.
Em agosto de 1881 havia no Ceará 24.193 escravos, dos quais Sobral tinha 1.984. Havia, contudo, alguns de coração endurecido e mau, que mandavam açoitá-los cruelmente e depois retalhar-lhes as nádegas e sobre as feridas punham sal, aumentando indizivelmente as torturas, que padeciam aqueles indefesos cativos.
Muitos enforcavam-se para abreviar os sofrimentos, e ainda há em Sobral quem possa repetir os nomes de dois senhores, verdadeiros verdugos, que assistindo aos açoites, tomavam o pulso do infeliz escravo e, desapiedadamente diziam: “Aguenta ainda tantas retalhadas!”
Tinham os negros seus dias de folgas na festa tradicional dos Reis Congos que haviam trazido da Angola, como diz Pedro Calmon: “É preciso deixar bem acentuado que muito embora a crudelíssima disciplina da família antiga, que penetrava até as escolas, o escravo do Ceará não era o mesmo mártir da lavoura do sul. Não conhecia eito e a senzala dos latifúndios; fazia tão somente de domésticos, em contato imediato com o seu senhor.

A Cadeia Pública


Entre os serviços de emergência que o Governo mandou executar em Sobral por ocasião da seca de 1877 – 1879, para dar meios de subsistência aos flagelados, avulta a construção da Cadeia Pública.
A 26 de outubro de 1877 foi lançada a primeira pedra da nova penitenciária, sob planta fornecida pelo diretor da obra, João José da Veiga Braga, no terreno do antigo Curral do Açougue, encravado nas terras do patrimônio de Nossa Senhora do Rosário nas extremas das terras do conselheiro Antonio Joaquim Rodrigues Júnior.
Foi então transferido o “curral” para outro sítio, na estrada que vai à Meruoca, ao lado esquerdo, sobre uma colina, onde ainda existem as paredes do velho açougue, que funcionou até a inauguração do Matadouro Modelo, iniciativa e propriedade do Sr. Francisco de Almeida Monte.
Este prédio está situado ao lado esquerdo da rodovia de Tianguá. Foi lançada a primeira pedra no dia 15 de outubro de 1927, e inaugurado a 20 de maio de 1928.

Independência do Brasil - 1822



Foi a cinco de outubro de 1822 que a Câmara teve conhecimento oficial da Independência do Brasil, proclamada nas margens do Ipiranga.
Leu-se então um ofício de José Bonifácio de Andrada e Silva acompanhado de seis exemplares do Manifesto de sua Alteza Real o Príncipe Regente aos povos deste reino.
Na sessão extraordinária de 10 de dezembro do mesmo ano, presidida pelo ouvidor geral interino da Comarca, Dr. Adriano José Leal, resolveu a Câmara marcar o dia 15 do mesmo mês para proceder a aclamação do Sr. Pedro I Imperador Constitucional do Brasil, e que depois dessa solene cerimônia se mandasse celebrar na Igreja Matriz um Te-Deum, com Salva Real e que se pusessem luminárias na Vila nas noites de 13, 14 e 15 do mesmo mês, anunciado tudo por edital.
Na oportunidade foi editada uma Ata de Aclamação do Senhor Dom Pedro I Imperador Constitucional do Brasil e seu defensor perpétuo.

A 1ª Câmara Municipal na República



Dissolvida a Câmara Municipal de Sobral, em janeiro de 1890, foi nomeada para dirigir os negócios municipais uma comissão, ou intendência, composta de cinco membros: Dr. Vicente Cesário Ferreira Gomes, Francisco de Almeida Monte, Vicente Ferreira de Arruda, Domingos Deocleciano de Albuquerque e Cesário Ferreira Ibiapina.
No primeiro dia de fevereiro de 1890 teve lugar a posse da Intendência nomeada para substituir a antiga Câmara Municipal. Apenas empossada, a nova Intendência mandou lavrar um Edital, que foi publicado no jornal “A ORDEM”, dando ciência ao público daquele ato e prometendo “entranhar as mais sinceras disposições de bem servir ao município”.
Logo na sessão do dia 3 do dito mês, foram demitidos todos os empregados em seus devidos cargos. Foi esta derribada necessária para montar na cidade e no município o partido graúdo ao qual pertenciam os membros da Intendência.
A última Câmara era formada dos seguintes cidadãos: Alexandre Mendes Vasconcellos (presidente), Philomeno Ribeiro Leitão (secretário); Cassiano Mendes da Rocha, Manoel Arthur da Frota, Domingos Vasconcellos, Antonio Raimundo Ferreira Gomes, José Mariano da Rocha, João Francisco de Vasconcelos (vereadores).
Nos livros das atas da Câmara nada consta sobre a Proclamação da República senão a sessão extraordinária de 29 de novembro de 1889.

Relação de prefeitos de Sobral, desde 1890

Dr. Vicente Cesar Ferreira Gomes (1890)
Cel. José Ferreira Gomes (1891/1892)
Rosendo Augusto de Siqueira (1892/1902)
Dr. Alfredo Marinho de Andrade (1902/1904)
Cel. José Ignacio Alves Parente (1904/1908)
Cel. Frederico Gomes Parente (1908/1912)
Cel. José Candido Gomes Parente (1912/1914)
Francisco Porfirio da Ponte (1914)
Cel. Frederico Gomes Parente (1914/1916)
Dr. José Jacome de Oliveira (1916/1920)
Henrique Rodrigues de Albuquerque (1920/1923)
Antonio Mendes Carneiro (1923)
Ernesto Marinho de Albuquerque Andrade (1924/1928)
Monsenhor Fortunato Alves Linhares (1928)
Dr. José Jacome de Oliveira (1928/1930)
Arthur da Silveira Borges (1930/1932)
Ten. Floriano Machado (1932)
Dr. Paulo de Almeida Sanford (1932)
Alpheu Ribeiro Aboim (1933)
Dr. Leocadio de Araujo Júnior (1934/1935)
Ataliba Daltro Barreto (1935)
Vicente Antenor Ferreira Gomes (1935/1944)
Dr. João de Alencar Mello (1944/1945)
Dr. Arnaud Ferreira Baltar (1945)
Randal Pompeu de Saboya Magalhães (1945/1946)
Dr. João de Alencar Mello (1946)
Dr. José Gerardo Frota Parente (1947)
Ataliba Daltro Barreto (1947/1948)
Dr. Jacyntho Antunes Pereira da Silva (1948/1951)
Antonio Frota Cavalcante (1951/1955)
Dr. Paulo de Almeida Sanford (1955/1959)
Pe. José Palhano de Saboia (1959/1963)
Cesário Barreto Lima (1963/1967)
Jerônimo Medeiros Prado (1967/1971)
Joaquim Barreto Lima (Quinca) (1971/1973)
José Parente Prado (1973/1977)
José Euclides Ferreira Gomes Junior (1977/1982)
Joaquim Barreto Lima (1983/1988)
José Parente Prado (1989/1992)
Francisco Ricardo Barreto Dias (1993/1994)
Aldenor Façanha Junior (1994/1996)
Cid Ferreira Gomes (1997/2000)
Cid Ferreira Gomes (2001/2004)
Leônidas de Menezes Cristino (2005/2010)


Bispos de Sobral




DOM JOSÉ


O primeiro bispo de Sobral foi D. José Tupinambá da Frota. Filho de Manuel Artur da Frota e Raimunda Artemísia Rodrigues Lima, nasceu em Sobral, no dia 10 de setembro de 1882. Fez os estudos primários na cidade natal, vindo a concluir o curso secundário no seminário de Salvador. Em Roma fez os cursos de Filosofia e Teologia, sempre com brilhantismo. De lá voltou Doutor nessas duas matérias. Na Cidade Eterna foi ordenado padre, no dia 29 de outubro de 1905. Em 1906, ao voltar ao Brasil, trabalhou inicialmente em Sobral, ajudando o Pe Diogo, seu tio, nos afazeres paroquiais. Em 1907, atendendo o convite de D. José de Camargo Barros, lecionou Teologia Dogmática, Ética e Liturgia no Seminário da Ipiranga, em São Paulo. Em 1908, foi nomeado por D. Joaquim, vigário da Paróquia de Sobral, onde fixou residência. Durante os oito anos em que esteve à frente desta paróquia, deu provas de seu dinamismo empreendedor, raro talento administrativo e admirável piedade pastoral: melhorou e embelezou a Matriz, estruturou a catequese, deu nova vida às associações religiosas, dignificou os atos litúrgicos e fundou um dispensário, dedicando-se aos pobres e enfermos. Com a criação da Diocese de Sobral, em 10 de novembro de 1915, pelo Papa Bento XV, foi nomeado como seu primeiro bispo. Sua sagração episcopal teve lugar na Bahia no dia 29 de junho de 1916, aos 33 anos de idade, por D. Jerônimo Thomé da Silva, arcebispo primaz da Bahia. Sua posse nesta diocese se deu no dia 22 de julho do mesmo ano. Em seu longo episcopado foi considerado, pelo conjunto de sua obra eclesial, política, cultural e administrativa, o segundo fundador de Sobral. Quis fazer de sua cidade uma nova Roma, equipando-a de aparato multiforme, constituído pelo Seminário São José, na Betânia, os colégios Sant’Ana e Sobralense, a Santa Casa de Misericórdia, o jornal Correio da Semana, o Abrigo Sagrado Coração de Jesus, o Banco Popular e o Museu Diocesano. Ortodoxo, de moral ilibada, nunca descurou do seu rebanho, dedicando-se com desvelo à sua missão. Foi o maior benfeitor da cidade de Sobral. Durante 51 anos, dos quais 8 como vigário e 43 como bispo, foi o chefe, o líder, o pai espiritual da comunidade sobralense. Escreveu e publicou dois livros: “História de Sobral” e “Traços biográficos de Manuel Artur da Frota”. Faleceu no dia 25 de setembro de 1959, aos 77 anos de idade. Foi sepultado no pavimento da Capela do Santíssimo, na Catedral, a seu pedido, sob um epitáfio esculpido em mármore, com essas palavras: “Ad pedes Domini pie requiescat”. Seu lema: “Opportet illum regnare”.

DOM MOTA


O segundo bispo de Sobral foi o pernambucano D. João José da Motta e Albuquerque, nomeado pelo Papa João XXIII. Filho de José Feliciano da Motta e Albuquerque e Aline Ramos, nasceu em Recife-PE, aos 27 de março de 1913. Fez o primeiro grau em Nazaré da Mata e o segundo grau, o curso de filosofia e teologia no Seminário de Olinda. Foi ordenado padre aos 28 de abril de 1935, em Nazaré da Mata. Como padre, desempenhou as seguintes funções: capelão de casas de religiosas, pároco de Nazaré da Mata, pró-Vigário Geral da Diocese de Nazaré da Mata, diretor do Colégio São José; secretário do bispado de Nazaré da Mata. Sua ordenação episcopal ocorreu também em Nazaré da Mata, aos 28 de abril de 1957. Foi bispo de Afogados da Ingazeira-PE, de 1957 a 1961; nomeado bispo de Sobral-CE pelo Papa João XXIII, tomou posse dessa diocese no dia 21 de maio de 1961, ocupando este cargo até 15 de julho de 1964, quando foi designado para a Arquidiocese de São Luís, no Estado do Maranhão. Em sua curta passagem como bispo de Sobral, D. Mota participou do Concílio Vaticano II, dedicando-se ativamente aos trabalhos conciliares. Ao regressar de Roma, procurou adaptar as pastorais da diocese às orientações do Concílio; organizou as paróquias, agrupando-as em regiões pastorais; incentivou a missa dominical para o povo e levou a Palavra de Deus para o interior; lutou pela criação e implantou a Diocese de Tianguá. Lema: In manus tuas. Faleceu aos 12 de setembro de 1987.


DOM WALFRIDO TEIXEIRA VIEIRA



O terceiro bispo de Sobral foi D. Walfrido Teixeira Vieira. Filho de Galdino Feliciano Vieira e Honorina Teixeira Vieira, nasceu no dia 17 de dezembro de 1921, em Jaguaquara-BA. Estudou o primeiro grau em Jaguaquara e o segundo grau no Seminário Menor São José, em Salvador. Fez o curso superior de Filosofia e Teologia no Seminário Santa Teresa, em Salvador. Sua ordenação presbiteral se realizou em Amargosa-BA, aos 29 de junho de 1946. Desde sua ordenação sacerdotal ocupou os cargos de secretário do bispado de Amargosa, reitor do Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho de Amargosa; capelão das irmãs sacramentinas, professor do Ginásio e Escola Normal Santa Bernadete e diretor da Escola Técnica de Comércio, em Amargosa. Sua nomeação episcopal se deu aos 15 de março de 1961, como bispo titular de Lauranda e bispo auxiliar do Cardeal Arcebispo de Salvador. Sua ordenação episcopal se realizou em Salvador, aos 26 de junho de 1961, por D. Augusto Álvaro da Silva. Exerceu o cargo de bispo auxiliar de Salvador de 1961 a 1965. Foi nomeado bispo diocesano de Sobral pelo Papa Paulo VI, aos 06 de janeiro de 1965, vindo a tomar posse dessa diocese no dia de São José do referido ano. Durante 33 anos governou esta diocese com zelo apostólico e dedicação. Revestido de duas virtudes fundamentais para o pastoreio, humildade e mansidão, cativou a simpatia de seu clero e diocesanos. Seu longo episcopado foi marcado pelo implemento das transformações provocadas na Igreja pelo Concílio Vaticano II e pelas Conferências de Puebla e Medelin, adequando-a ao mundo moderno, pela valorização do trabalho leigo e pela opção preferencial pelos pobres. Dentro desse espírito, fomentou ações de assistência à saúde e à educação, voltadas para os excluídos. Apoiou a Faculdade de Filosofia e, com a criação de nossa Universidade, cedeu os prédios do antigo Seminário São José e do Colégio Sobralense para neles funcionar, gratuitamente, por mais de uma década, a novel universidade. Renunciou o governo desta diocese em 17 de março de 1998. Continuou morando em Sobral, passando três anos como Bispo Emérito, recebendo o título de Doutor Honoris Causa da UVA, e o título de cidadão sobralense da Câmara Municipal de Sobral. Depois de sua jornada na terra, toda consagrada ao Senhor e à sua Igreja, faleceu em Sobral, aos 09 de novembro de 2001. Lema: Secundum Verbum Tuum.


DOM ALDO DI CILLO PAGOTTO



Tendo sido nomeado bispo coadjutor, com direito à sucessão, D. Aldo assumiu como titular desta diocese no dia 18 de março de 1998, constituindo-se no quarto bispo de Sobral. Nasceu em São Paulo, no dia 16 de setembro de 1949. Os pais, Ângelo e Rosa, eram filhos de imigrantes italianos. Foi ordenado padre nos dia 7 de dezembro de 1977, pelas mãos de Dom José Eugênio Corrêa, em Caratinga (MG). Como padre, membro da Congregação dos Sacramentinos, serviu a Igreja em Caratinga, Uberaba (MG), São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza e Recife. Dom Aldo foi ordenado bispo no dia 31 de outubro de 1997, por Dom Cláudio Hummes, então Arcebispo de Fortaleza e hoje Cardeal. Durante seis anos de profícuo trabalho, D. Aldo presidiu, concomitantemente, a Regional Nordeste I da CNBB e reorganizou administrativa e eclesialmente a Diocese. O seu ministério episcopal caracterizou-se pelo fiel seguimento às orientações emanadas pela Santa Sé. Carismático, culto e inteligente, imprimiu nova postura pastoral à Diocese. Fez ressurgir o Seminário São José, construindo um prédio novo, adaptado à realidade hodierna. Trabalhando em conjunto com a Prefeitura Municipal e a UVA deu apoio decisivo para a criação dos cursos de Direito e Medicina, em Sobral, disponibilizando, no caso da Medicina, a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital do Coração para aulas práticas e estágio dos alunos. D. Aldo defendeu ardorosamente o curso de Filosofia, com o apoio de D. Javier Arnedo, bispo de Tianguá, hoje uma feliz realidade. Em 05 de maio de 2004, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de João Pessoa, na Paraíba. Lema: “Um só Corpo e um só Espírito”.


DOM FERNANDO SUBURIDO



Filho de Pedro Antônio Saburido e de Severina Gomes Saburido, D. Antônio Fernando Saburido nasceu aos 10 de junho de 1947, no distrito de Juçaral, município de Cabo de Santo Agostinho-PE, Concluiu os estudos primários na cidade de Vitória de Santo Antão-PE e os estudos secundários no Seminário Menor da Imaculada Conceição da Arquidiocese de Olinda e Recife. Cursou o Ensino Médio (científico) no mesmo Seminário Menor e no Colégio Estadual Oliveira Lima. Depois de trabalhar por oito anos num estabelecimento comercial de Recife, ingressou para a vida monástica, em 1975, no Mosteiro de São Bento de Olinda-PE, em cuja Escola Teológica concluiu os cursos de Filosofia e Teologia. Emitiu a primeira profissão religiosa aos 21 de março de 1978 na Ordem Beneditina e, em 1981, a profissão Solene e a Consagração Monacal. Foi ordenado sacerdote aos 17 de dezembro de 1983. Exerceu, como padre, os seguintes ministérios: - Ecônomo do Mosteiro de São Bento de Olinda, de 1980 a 1988 - Vigário paroquial na Paróquia de Santa Terezinha, em Bonança-PE e Administrador Paroquial na Paróquia de Nossa Senhora de Guadalupe, em Olinda. - Em junho de 1989 foi nomeado Administrador Paroquial e, sucessivamente, Pároco da Paróquia de São Lucas, em Olinda. - Em 1988 foi nomeado Vigário Geral e Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife. - Foi Capelão do Hospital do Câncer em Recife de 1991 a 1999 - Em 1995 foi nomeado Bispo de Tartia Montana e Auxiliar de Olinda e Recife - Entre 2002 e 2005 foi presidente do Regional Nordeste II da CNBB - Em 18 de maio de 2005 foi nomeado Bispo Diocesano de Sobral. Lema: Secundum Verbum Tuum.

DOM ODELIR



Dom Odelir José Magri nasceu em 18 de abril de 1963, na cidade de Campo Erê, Santa Catarina. Após os estudos preparatórios, em 26 de junho de 1988, emitiu a profissão religiosa na Congregação dos Combonianos. Completou os estudos de Filosofia e Teologia em Paris, obtendo licenciatura em Filosofia. Em 18 de outubro de 1992, recebeu a ordenação. Entre 1992 e 1996, atuou no Congo onde, em 1996, foi formador dos Postulantes. De volta ao Brasil, em São Paulo e Minas Gerais, exerceu diversas funções. Desde 2003 é assistente-geral da Congregação em Roma e, desde 2009, vigário-geral dos Combonianos.

A nomeação do novo bispo para a diocese deste Município aconteceu após 15 meses da saída de dom Antonio Fernando Saburido, que deixou o cargo para assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, após permanecer no cargo de bispo desta cidade por um período de quase quatro anos.

Odelir José Magri passa a ser o sexto bispo desta Diocese. O primeiro deles foi dom José Tupinambá da Frota. Depois teve dom João José da Mota e Albuquerque, seguido por dom Walfrido Teixeira Vieira, dom Aldo de Cillo Pagoto (transferido para a diocese de João Pessoa) e, por último, dom Antonio Fernando Saburido.


DOM VASCONCELOS



O bispo auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza (CE), dom José Luiz Gomes de Vasconcelos, foi nomeado no dia 08 de julho de 2015, pelo papa Francisco, como bispo da vacante diocese de Sobral (CE).

Dom José Luiz é natural de Garanhuns (PE). Estudou Filosofia e Teologia na Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo (SP). Como aluno do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma, obteve diploma de mestrado em Teologia Patrística e História da Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Foi ordenado presbítero em dezembro de 1989 e nomeado bispo em junho de 2012 pelo Papa emérito Bento VI. Recebeu a ordenação episcopal em junho do mesmo ano e desde então exerceu a função de bispo auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza.

Seu lema episcopal é PASCE OVES MEAS (Apascenta as minhas ovelhas) que é tirado do Evangelho de João 21,17, como fonte de inspiração, que orienta a missão do Pastor.


Eclipse Total do Sol




As comissões do Eclipse solar de 1919
Terminada a Primeira Guerra Mundial, os cientistas voltaram a ter condições de reiniciar suas atividades normais de pesquisa. O eclipse de 29 de maio de 1919 despertou assim a atenção dos astrônomos e físicos, e deveria ser aproveitado ao máximo. Outros fenômenos solares, como as protuberâncias e a constituição da coroa, podem também ser melhor estudados durante a ocultação. O eclipse de 1919 tornou-se assim um fenômeno de grande importância.
A Comissão americana
A Comissão Americana pertencente ao Carnigie Institution de Washington chegou em Sobral, juntamente com a brasileira, no dia 9 de maio. Era composta do Dr. Daniel M. Wise, especialista em magnetismo terrestre, e do Dr. Andrew Thonpson, especialista em fenômenos atmosféricos. O objetivo principal desta comissão foi medir os efeitos do eclipse sobre o magnetismo terrestre e sobre as propriedades elétricas do ar na ausência dos raios solares. A comissão americana instalou seu observatório na Praça do Patrocínio e se hospedou na residência do juiz José Saboya de Albuquerque.
Comissão brasileira
A Comissão científica brasileira enviada pelo Observatório Nacional do Rio de Janeiro, e chefiada pelo Dr. Henrique Morize, era composta de oito membros: Dr. Domingos Costa, astrônomo; Dr. Lélio Gama, calculador; Dr. Teófilo Lee, geólogo e químico; Dr. Luiz Rodrigues, metereologista; Dr. Alírio de Matos, astrônomo; Artur de Almeida, mecânico; e, Primo Flores, auxiliar. O desembarque se deu às três horas da tarde, do dia 09 de maio, na estação ferroviária de Sobral, procedente da cidade de Camocim, aonde chegara no dia quatro do mesmo mês, no navio de passageiros João Alfredo.
O posto de observação desta comissão foi montado na Praça do Patrocínio e tinha como principal objetivo fotografar a coroa solar para determinar sua extensão, testar a teoria da relatividade e, finalmente, fotografar o espectro da coroa para determinar sua composição e tentar medir a velocidade de sua rotação.
 Comissão inglesa
A missão mais importante cabia à Comissão Inglesa composta pelo Dr. Crommelin, secretário da Royal Astronomy society e Assistente do Observatório de Greenwich, e do Dr. C. Davidson, astrônomo do mesmo observatório. Os integrantes saíram de Liverpool, no dia 8 de março, no navio Anslm, chegando a Belém do Pará 23 do mesmo mês. Passaram um mês na Amazônia. No dia 24 de abril tomaram em Belém o navio Fortaleza, no qual viajaram até Camocim, onde chegaram no dia 29. No dia seguinte, vieram de trem para Sobral, onde foram recebidos pelo prefeito municipal Dr. José Jácome Oliveira, e também pelo Mons. José Ferreira, representante do Bispo Diocesano. O Cel. Vicente Sabóia, então deputado federal, deu guarita à comissão, que montara seu posto de observação  no hipódromo do Jockey Clube, então localizado em frente da casa em que ficara hospedada.
Como a comissão viu Sobral
Em artigo publicado na revista londrina Conquest, de janeiro de 1920, p. 129. C. Davidson assim se referiu à cidade no trecho que traduzimos: “Sobral é uma cidade do Estado do Ceará, a segunda depois de Fortaleza que é a Capital. Tem cerca de 10.000 habitantes e fica as margens do rio Acaraú. Até quando não faltam chuvas, o Ceará é um estado fértil. Infelizmente, isto nem sempre acontece e o resultado é uma desastrosa seca. Era esta a situação durante o tempo de nossa permanência. Nós chegamos no final da estação chuvosa, mas nenhuma chuva tinha caído, e nem era esperada antes de janeiro do ano seguinte. A população já estava se retirando do campo para as cidades e muitos tinham deixado o próprio estado para regiões mais favoráveis da Amazônia e do sul do Pais. O rio estava quase seco e a água para o consumo da cidade era retirada de cacimbas cavadas no leito arenoso que lentamente a filtrava”, concluiu o astrônomo.
 Por que a Comissão veio a Sobral
 Consultando um mapa da trajetória da sombra daquele eclipse, vê-se que ela começa no Pacifico, perto da costa ocidental do Peru, passa sobre o Nordeste do Brasil, atravessa o Atlântico rumo a África onde atinge a costa da Libéria e cruza a África Central, terminando no mar perto da costa oriental africana. A primeira providencia a ser tomada foi encontrar nesta linha de sombra os locais mais apropriados para onde enviar os observadores. Foi necessário considerar a facilidade de acesso, a altura do sol no momento do eclipse e as possíveis condições meteorológicas com relação as nuvens. Estes estudos foram feitos no observatório de Grrewich pelo Dr. Hinks.
No Peru, o sol estaria muito baixo, pois apenas apenas surgira no horizonte. Na África Oriental estaria também muito baixo, pois o ocaso seria próximo. Nas ilhas de São Pedro e São Paulo, no meio do Atlântico, o sol estaria a pino, mas uma estação ali seria impraticável já que são apenas rochedos isolados no mar e seu cume coberto de guano. A Libéria seria aceitável tanto com relação a duração da totalidade, como da altura do sol, mas estava no meio da estação chuvosa e as probabilidades de bom tempo eram problemáticas. No lago da Tanganica, a montagem da estação seria bastante onerosa e também as condições meteorológicas não seriam favoráveis. Os astrônomos do observatório de Greenwich decidiram, então, enviar duas expedições: Uma à cidade de Sobral e outra à Ilha do Príncipe, costa ocidental da África. Nestes dois locais, o sol estaria numa altura de 45º e a duração total do eclipse seria de cinco minutos. As condições nestes dois locais eram as melhores possíveis.
Como a comissão inglesa viu o Eclipse
"Em Sobral o Eclípse começará às 7 horas e 46 minutos (hora oficial do Rio de Janeiro). Logo depois o observador verá uma pequena sombra na parte superior do Sol, e, a proporção que o Eclípse vai aumentando, esta sombra aumentará á medida que a luz for se aproximando do disco solar, até ficar apreciavelmente menor às 8 e 56 minutos.
O Sol será totalmente obscurecido nesse momento e a escuridão cobrirá a face da Terra.
Quando os últimos traços solares desaparecerem, este maravilhoso apêndice - a coroa será vista brilhante com a sua própria luz.
As mais brilhantes estrelas serão visíveis e, a uma pequena distância acima do Sol, o planeta Mercúrio poderá ser visto mais brilhante do que uma estrela de primeira grandeza.
A obscuridade completa do Eclipse durará cinco minutos e então, como o Sol emerge detrás da Lua, a coroa desaparece. A Lua, então, pouco a pouco, passará do Sol, repetindo em ordem inversa, os mesmos fenômenos do começo."

A Ema da Praça do São João


Esse pequeno ornamento da praça foi injustiçado desde o começo de sua vida, pois na realidade nunca foi ema, mas sim uma belíssima garça real, majestosamente plantada no centro do um minúsculo lago. Mas o populacho achou que aquilo era uma ema, no sentido ridículo, e assim ficou contrariada a ornitologia. Mas a falsa ema tem uma história que envolve muito de pitoresco e que vale a pena ser conhecida. Ei-la:
Falb Rangel, quando construiu a sua casa residencial, na Rua da Aurora, esquina com a Praça da Meruoca (hoje transformada em hotel), encomendou a Pedro Frutuoso, excelente artista sobralense, uma garça de concreto, em tamanho natural, para embelezar o seu jardim, onde permaneceu algum tempo sem novidade.
Quando Falb se mudou para a rua Senador Paula (hoje Av. Dom José), esquina com a rua Cel. Mont’Alverne (hoje residência de José M. Aguiar), sendo a casa desprovida de jardim, a garça foi destituída de seu habitat e relegada a um depósito.
Agripino Sousa, tendo conhecimento da existência da ema e sabendo do destino que tomara, comprou-a por 200.000 $(duzentos mil réis) e levou-a para colocar no jardim de sua recém construída mansão, na praça São Francisco.
A ema permaneceu por muito tempo na sua nova morada, até que um dia Agripino, indo ao mercado público, pediu a um moleque que levasse seu balde de compras até sua residência, mediante remuneração. Por mais que explicasse onde morava, o rapaz não entendia. Por fim o companheiro deste disse haver compreendido a explicação, acrescentando:
• É na casa da ema!
O fato desagradou Agripino, por considerar que havia perdido para a ema a primazia de ser o dono da casa, daí a idéia de se desfazer dela.
Numa de suas visitas a Chico Monte, este falou-lhe neste tom:
“Agripino, você que é um homem inteligente, veja se ajuda o Antenor (então prefeito) a encontrar uma solução para como preencher o centro do passeio que fica em frente ao Teatro São João.”
Agripino pensou logo: “É, agora que eu vou me desfazer da ema!” Aceitou o desafio e pediu a Chico Monte que pusesse Pedro Frutuoso à sua disposição, no que foi atendido. E foi assim que o referido passeio ganhou um belíssimo e poético adorno.
Mas a história da “ema” não termina aqui. O zelador da avenida, Sr. José de Lima, gostou imensamente da “ema” e do Pequeno lago em cuja margem ela ficou instalada. A meninada, com fúria iconoclasta, começou a jogar pedras, latas e papéis de bom-bom dentro do lago, no que foi prontamente impedida.
Devido a luta que bravamente empreendeu, o recebeu de pronto o “carinhoso” apelido de marido da ema, com o qual nunca se conformou. Depois de muitos anos de feliz convivência, o Sr. José de Lima morreu, e no dia de sua morte, uma alma piedosa, à noite envolveu a “ema “num fúnebre crepe, para traduzir a sua “viuvez”.
Até que enfim o bonito animal encontrou um lugar definitivo para ficar. Mas continua “viúva”.
Texto extraído do Jornal “Folha do Acaraú”.

Praça do Teatro São João



Antes da construção das duas alas da avenida que compõem hoje, o povo fazia footing no espaço compreendido do começo da rampa do Boulevard Dom Pedro II. (hoje Av. Dr. Guarany) até próximo a casa à esquina da casa da D. Nana Figueiredo. Não existia calçamento no local. Mesmo assim o movimento era acentuado, mormente às quintas, sábados e domingos e em noite de luar.
A construção da ala que fica ao lado da igreja Menino Deus antecedeu a da outra que fica em frente ao teatro. Aquela se tornou imediatamente o ponto de afluência da população, muito especialmente por ocasião do novenário natalino. A outra ala ficou por muito tempo desativada e protegida por uma cerca de arame farpado. O povo pedia ao prefeito que concluísse logo a construção dessa Segunda fase, não só por ser de interesse urbano, mas, sobretudo, por exigência dos freqüentadores do cine-teatro São João. Felizmente a prefeitura atendeu aos anseios da população, e, tão logo foi inaugurada a ala, a elite elegeu-a como privativa, ficando a outra destinada a empregadas domesticas e outras classes modestas, numa discriminação social feita natural e pacificamente, sem controvérsia.
Em 1939, toda a movimentação daquelas noites agradáveis, era animada pelo serviço de som, então já em pleno funcionamento, da Coluna Rádio Imperator, do Sr. Falb Rangel. As 18 hs. a Imperator dava inicio a sua programação, tocando uma marcha característica, e em seguida eram anunciados os filmes do dia. Logo em seguida ouviam-se as mais belas musicas do cancioneiro nacional.
Quando havia novena nas igrejas circunvizinhas, logo que estas terminavam o pessoal jovem dirigia-se para a Praça São João e ia voltear na avenida que fica em frente ao teatro. O local era designado pela sociedade para a pratica de uma atividade lúcida tão antiga quanto a própria humanidade: a paquera. Flertava-se de duas maneiras: ou se ficava parado aguardando a passagem da preferida, ou então se ia também passear, mas no sentido contrário, porque a cada volta o paquerante se encontrava duas vezes. Quando o flerte já estava consolidado, o casal procurava a ponta do passeio que termina em triângulo, apontando para o palácio do Bispo (hoje o Museu Diocesano), onde havia menos gente e a luz era mais discreta. Depois que o namoro já estava oficializado, o par ia dar voltas na outra parte da avenida e sentava-se num dos bancos ali existentes.
Terminada a sessão de cinema das seis horas, a avenida tomava um novo alento. As pessoas mais idosas que se encontravam nos bancos da avenida dirigiam-se para o Cine São João, a fim de assistirem a sessão das 7h30min.. Um dos bancos constituía uma verdadeira cadeira cativa. Era o que ficava em frente ao teatro. Ocupavam-no, Euripedes Ferreira Gomes, Hércilio Lopes, Ataliba Barreto, Waldemar Lira, Antônio Lima, Raul Monte e outros.
As nove horas o serviço de alto-falante da Rádio Imperator encerrava a sua programação do dia irradiando “The stars and stripes forever”(as estrelas e faixas sempre, quer dizer, a bandeira dos Estados Unidos, conhecidíssima marcha militar de Jonh Phillip). Aos primeiros acordes da marcha, o povo começava a abandonar a avenida sem esperar o fim da característica musical. Nesta ocasião dizia-se que havia “soltado a onça”.
Quem descia a Rua Senador Paula (hoje Av. Dom José), chegando ao sobrado do sr. Radier Frota, tinha de descer a calçada, já que ela estava tomada por uma famosa rodinha de jovens comandado por Safira Frota, onde se comentavam a vida social da cidade, brigas de namorados e outros assuntos naturais da juventude da alta roda sobralense. Aquelas reuniões foram desfrutadas por muito tempo, adquirindo foros de tradição.
As pessoas adictas a leitura de jornais iam esperar o ônibus na Agência Vicente Bento, para adquiri-los.
No lado direito da porta de entrada do cinema havia um modesto cafezinho. Era uma saleta cortada ao meio por um tosco balcão e semi-escurecida por uma fraca lâmpada elétrica presa a um fio engrossado por excrementos de moscas. A parte de fora, obviamente, era destinada a clientela; a outra era ocupada pela administração. A direita, um fogareiro sempre aceso, um conjunto de prateleiras onde estavam algumas carteiras de cigarros “Yolanda” e “Odalisca”, vendidas respectivamente a Rs $ 400 e Rs 1$000 (quatrocentos e mil Réis, receptivamente), o material necessário a feitura do café e uma caixa de fósforos. Do lado esquerdo havia um enorme pote de água cujas paredes externas já apresentavam sinais visíveis de lodo, guardados por dois rotundos e sonolentos cururus. Dali saia a água para o serviço e para os clientes. Era retirada por meio de uma caneca de folha de flandres, de bordos circundados por agressivos dentes, para evitar que algum freguês pouco afeito a higiene tentasse beber diretamente nela. Dotada de comprido cabo do mesmo material, para permitir que a água fosse retirada com mais facilidade, era cuidadosamente pendurada num prego ficando pouco acima do pote, avista do freguês, a certifica-lo do principio da higiene. Pregada na parede da direita, havia uma tabuleta contendo os nomes dos devedores relapsos, a quem a casa não mais servia, a não ser que resgatasse a divida.
Após o cinema, o pequeno espaço ficava superlotado por pessoas a espera de que lhe fosse servido o famoso cafezinho, uns deliciosos tijolinhos de leite, lingüiça com farofa, paçoca com arroz, avoante e um delicioso bate-bate de maracujá – as especialidades da casa.
Era seu proprietário Antônio Urias, conhecido como “Buchinho”, de estrutura baixa e excessivamente neurastênico. Alguns clientes gostavam de vê-lo irritado. No fim do expediente, “Buchinho”, já tendo ingerido várias doses de pinga, não tolerava que pedissem um tijolinho de leite acompanhado de um copo de água. Um certo cliente habitual fazia-o freqüentemente.
·         “Pé-de-Grelha” (era o ajudante), baixa um tijolinho de leite e um copo d’água!
Satisfeito, o freguês começava a roê-lo demoradamente. E haja água, “Buchinho” continha-se a duras penas. Mas um dia explodiu de si para si: ”Ah, fi duma égua pra beber água!!!”.
Num belo dia chegou o freguês hidrófilo e fez o tradicional pedido. “Buchinho” não se conteve: mandou “Pé-de-Grelha” servir o tijolinho acompanhado logo de 10 copos d’água.

Estrada Sobral - Meruoca

O projeto da estrada de rodagem Sobral - Meruoca foi apresentado a Câmara Federal pelo então Deputado Federal Cel. Vicente Saboya.
A construção da estrada foi iniciada em 1915, e concluída em 1919. A principio esteve no cargo o Dr. João Pompeu de Sousa Magalhães, que a projetou até a mata fresca. Depois ele andou atritando-se com o Dr. Pires do Rio, então Ministro da Viação, resultando disso a sua substituição pelo Dr. Plínio Campos, natural de Niterói que continuou o traçado até o povoado de Meruoca.
A construtora manteve escritório em Sobral, com sede na praça da Meruoca, a cargo de Mário da Rocha Vaz Correia Melo Dias, acadêmico de direito e mineiro. Passou ele dois anos em Sobral. Depois desse encargo, permaneceu em Fortaleza, onde concluiu seus estudos na Faculdade de Direito do Ceará. Regressou a Sobral e aqui desposou Altair Barreto.
Teve como auxiliares Raul Freitas, topógrafo, que se casou com uma moça de Meruoca, e Vitorino Brandão, natural de Fortaleza, que aqui se casou com Sula Parente Pio.
Além do escritório dentro da cidade, havia duas casas de campo, sitas, uma no sopé da serra, na fazenda do Cel. José Ignacio Alves Parente, a cargo do Dr. July Vaint, engenheiro Francês, e a outra no Sítio Palmeiras, de propriedade de Raimundo Cipriano, sobre a serra da Meruoca e a cargo dos engenheiros Rômulo Campos, baiano de cor morena, e José Ferreira, conhecido como Dr. Ferreirinha.
A primeira vista, tem-se a impressão de que se a estrada tivesse sido projetada pelo lado direito do riacho, a sua declividade teria sido mais suave. No entanto, continuar do mesmo lado do riacho seria impraticável, porquanto a subida para atingir a curva perigosa da Mata Fresca é muito íngreme e de uma extensão considerável. A estrada teria, então, de atravessar o riacho para o lado esquerdo e em seguida passar na ponte da Mata Fresca, transpondo-o pela Segunda vez.
Este projeto tornou-se inviável por ser necessária a construção de mais uma ponte, optou a engenharia pelo traçado pela encosta, que era a subida natural, embora alongando o percurso. Infelizmente o aclive em alguns pontos ficou muito íngreme, dificultando a subida. Poder-se-ia ter obtido uma declividade mais suave começando a subida muito antes do sopé, mediante um trecho preliminar sobre aterro. Nesse caso, Ter-se-ia uma rampa menos íngreme, mas o custo seria imcompativel com os recursos disponíveis para a obra.
Texto extraído do Jornal “Folha do Acaraú”.